quinta-feira, abril 11, 2013

Câmaras e regiões autónomas escapam aos cortes?



Segundo o Dinheiro Vivo, “o Governo, através do ministro das Finanças, vai cumprir a “tradição” e poupar câmaras, empresas municipais e regiões autónomas e suas empresas ao “reforço do controlo da execução orçamental”. E só poderia ser assim uma vez que, na ótica da execução, câmaras, regiões e entidades empresariais e autónomas inseridas nos dois sectores são regidas por leis de finanças próprias. Se Gaspar tocasse nesses universos através do despacho vindo a público esta semana, estaria a violar a lei e poderia comprar uma hostilidade ainda maior contra o seu Orçamento do Estado de 2013. Em todo o caso, o documento deixa de fora a despesa com pessoal e as custas judiciais das restantes administrações. Mas congela “novos compromissos” sem autorização prévia do ministro. A norma atinge “os serviços do sector público administrativo da administração central e da segurança social, bem como entidades que independentemente de natureza e forma, tenham sido incluídas em cada subsector no âmbito do Sistema Europeu de Contas”. A medida, que estará em vigor uma a duas semanas (até um conselho de ministros próximo que decida os novos tetos de despesa) deverá , uma vez mais, bloquear a faturação de muitas empresas fornecedoras do sector público e agravar ainda mais as condições da economia real, contribuindo para a deterioração do emprego e das expectativas. Mas a situação é grave. “O acórdão [do Constitucional põe sérias dificuldades” à condução do OE, acusa Gaspar. Em relação às câmaras e regiões, o ministro até poderia tentar interferir mediante despacho especial e extraordinário munido de argumentação jurídica mais potente, mas tal não irá acontecer, apurou o DN/Dinheiro Vivo. Gaspar vai querer respeitar a independência desses subsectores. “Os orçamentos das regiões autónomas e das autarquias locais são independentes do Orçamento do Estado e compreendem todas as receitas e despesas das administrações, regional e local, incluindo as de todos os seus serviços e fundos autónomos”, diz a Lei de Enquadramento Orçamental. Assim, neste ano que já será de eleições autárquicas, o sector vai poder gerir tranquilamente os seus mais 7000 milhões de despesa sem ser importunado pelas regras draconianas do ministro das Finanças para o resto das administrações. O mesmo se passará com Madeira e Açores. E com empresas que integram estes subsectores. Ontem, citado pela Lusa, Fernando Ruas, presidente da Associação de Municípios, mostrou-se tranquilo. “Não somos um ministério, temos autonomia administrativa e financeira e as posições e as relações com o Governo são tomadas em determinada altura. Espero que não haja implicações”. Como Gaspar está a trabalhar numa redução de despesa não precisa de um retificativo. Mas até pode equacionar fazê-lo por causa dos juros. É que a fatura poderá aumentar. Mais valeria retificar agora do que arcar com o ónus político mais tarde, mais perto das eleições, diz-se nos corredores. As Finanças não quiseram explicar os contornos do despacho”.