terça-feira, agosto 23, 2022

Desemprego registado recua em julho para valor mais baixo das últimas duas décadas

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego nacionais recuou 1,8% em julho face ao mês anterior e 24,7% face ao mesmo mês do ano passado. Centros de emprego contabilizaram 277 mil inscritos, indicam os dados do IEFP. É o número mais baixo desde janeiro de 2003, altura em que se inicia a atual série estatística do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Julho fechou com 277.466 desempregados inscritos nos serviços públicos de emprego nacionais, prosseguindo a tendência de descida dos últimos meses, destaca a síntese estatística mensal do IEFP, conhecida esta terça-feira.

O novo recuo do desemprego registado no sétimo mês do ano - medido pelo número de inscritos nos centros de emprego do IEFP - corresponde a uma variação homóloga (face ao mesmo mês do ano passado) de -24,7%(-91.238 inscritos) e de -1,8% em cadeia, ou seja, menos 4.987 desempregados do que os registados em junho deste ano.

"Para a diminuição do desemprego registado, face ao mês homólogo de 2021, na variação absoluta, contribuíram, com destaque, os grupos dos indivíduos que procuram novo emprego (-85 565), os que possuem idade igual ou superior a 25 anos (-79 167) e as mulheres (-52 168)", sinaliza a nota que acompanha a síntese estatística do IEFP.

A desagregação dos dados por regiões mostra que no mês de julho, o desemprego registado no país registou uma variação homóloga negativa em todas as regiões. O número de inscritos diminuiu transversalmente em todo o território nacional, com destaque para o Algarve (-52,7% do que no mesmo mês de 2021) e da região autónoma da Madeira (-44,6%). A análise em comparação com o mês anteriores aponta no mesmo sentido, com a maior redução a acontecer no Algarve (-13,3%).

QUEM SÃO OS DESEMPREGADOS INSCRITOS?

Considerando os grupos profissionais dos desempregados registados, o IEFP destaca como os mais representativos os “Trabalhadores não qualificados“ (26,5%); “Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção, segurança e vendedores” (19,9%); "Pessoal administrativo"(11,6%) e os "Especialistas das atividades intelectuais e científicas"(11,0%).

Na comparação homóloga - excluindo os grupos com pouca representatividade, ou significado, no desemprego registado -, "todos os grupos apresentaram diminuições nas variações homólogas, destacando-se os "Trabalhadores de serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" (-31,0%), os "Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem" (-26,3%) e o "Pessoal administrativo"(-24,7%)", explica o IEFP.

Já no que respeita à atividade económica de origem do desemprego, dos 236.089 desempregados que, no final do mês em análise, estavam inscritos como candidatos a novo emprego, nos serviços de emprego do Continente, 72,8% tinham trabalhado em atividades do sector dos “Serviços”, com destaque para as “Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio” (que representam 31,5% do total); 19,9% eram provenientes do sector “Secundário”, com particular relevo para a “Construção”(6,5%); ao sector “Agrícola” pertenciam 4,6% dos desempregados. "O desemprego diminuiu, face ao mês homólogo de 2021, em todos os grandes setores: no "Agrícola" (-13,7%), no "Secundário"(-24,4%) e no "Terciário"(-25,4%)", nota o IEFP.

MAIS DE 21 MIL OFERTAS FICARAM POR PREENCHER

Segundo o IEFP, no sétimo mês do ano o stock de ofertas por preencher em território nacional totalizou 21.420. O número corresponde a uma diminuição anual de 7,8% (-1.816 ofertas) e de -1,5% (-317 ofertas) do que as que ficaram por preencher em junho. Durante o mês de julho, os serviços públicos de emprego receberam 10.752 novas ofertas em todo o país, número inferior ao do mês homólogo de 2021 (-998; -8,5%) e face ao mês anterior(-1 073; -9,1%).

"As atividades económicas com maior expressão nas ofertas de emprego recebidas ao longo deste mês (dados do Continente), por ordem decrescente, foram as seguintes: as "Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" (17,8%), o "Comércio por grosso e a retalho"(12,9%) e o "Alojamento, restauração e similares"(10,5%)", destaca o IEFP que aponta para um total de 6.633 desempregados colocados em novos empregos durante o mês de julho.

Mais, a nota destaca que, "a análise das colocações por grupos de profissões (dados do Continente), mostra uma maior concentração nos “Trabalhadores não qualificados” (26,7%), nos "Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" (20,6%) e no "Pessoal administrativo"(12,8%). Ao longo do mês de julho, inscreveram-se nos centros de emprego nacionais 36.781 desempregados, menos 823 (-2,2%) do que no mês homólogo. Contudo, a comparação com o mês de junho de 2022 aponta para um aumento de 4.276 novos inscritos (+13,2%).

Numa nota enviada esta terça-feira às redações o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) destaca que também o desemprego jovem registado foi "o mais baixo de que há registo", 26.670 jovens (pessoas com menos de 25 anos) inscritos. O número corresponde a uma diminuição em cadeia de -4,0% (1.100 jovens), uma diminuição homóloga de -31,2% (12.071) e uma diminuição de -6,4% (menos 1.819 jovens) em comparação com julho de 2019.

Num comentário aos indicadores divulgados esta terça-feira, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, vinca que "este histórico número baixo de pessoas desempregadas no IEFP, acompanhado do número recorde de trabalhadores ativos a descontar para a Segurança Social, reflete a eficácia e a capacidade coletiva da mobilização de recursos públicos dirigidos para apoiar o emprego. É fundamental continuar o caminho da valorização dos trabalhadores através da promoção do Trabalho Digno" (Expresso, texto da jornalista Cátia Mateus)

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