sábado, agosto 20, 2022

PSD: Passos Coelho ensombra Montenegro na festa do Pontal


Marcelo Rebelo de Sousa não foi à festa, mas fez uma rentrée à sua maneira. Em Quarteira, um dia antes da entrada em cena de Montenegro, foi à praia mostrar que “Marcelo é sempre Marcelo”. A presença de Pedro Passos Coelho não passou despercebida, na Festa do Pontal, realizada no calçadão de Quarteira. O antigo primeiro-ministro, questionado pelos jornalistas sobre se a sua presença, de alguma forma, não ofuscava a nova liderança, respondeu: “Espero que não.” A justificação que deu para interromper o seu longo silêncio foi a necessidade de manifestar, “neste novo ciclo, a enorme confiança na liderança do PSD”. Interrogado sobre uma eventual candidatura a Presidente da República, disse: “A minha vinda cá tem, de certa maneira, um carácter excepcional no sentido em que não é para repetir”, enfatizou, reafirmando: “Estou retirado da acção política e da actividade politica.”

Nas vésperas da Festa do Pontal, já Marcelo Rebelo de Sousa tinha estado em Quarteira, para mostrar que não deixa a popularidade à tona de água. Os veraneantes, como é habitual, quiseram tirar selfies e o Presidente não se fez rogado. Pelo contrário, vestindo o calção como qualquer banhista em gozo de férias, espalhou charme pelo areal. As redes sociais amplificaram o acontecimento. O tema de conversa, na praia foi Marcelo. “Vinha a conduzir o seu próprio automóvel”, comentava Manuel Maria Burgel, o empregado do restaurante Quarteirense. “Marcelo é sempre Marcelo”, proclamava, destacando a sua admiração pelo Presidente. “Gosto muito dele, não tirei foto porque não tive oportunidade”. E novo líder do PSD? Não responde, acrescentando que a Festa do Pontal é bom para a promoção turística. “Esta noite temos uma reserva de mesa para 19 pessoas, que vêem de Albufeira, devem vir ao Pontal”, antevê.

Manuel Burgel, que se apresenta como “Marigel” (nome artístico) nasceu em Angola há 69 anos. “Sou artista plástico, tenho alguns quadros expostos em cafés e restaurantes e faço murais”. Sobre a política, observa: “As férias dos políticos no Algarve são boas para o turismo”, repete. Na praia do “Vidal”, a seguir ao areal onde Marcelo esteve a tirar fotos, chegam dois irmãos, Pedro e Gabriel, para dar uma notícia à tia Albertina Colaço: “Veja esta selfie, diz Pedro, de sorriso aberto. “Marcelo é muito popular”, elogia, manifestando-se desgostosa por não ter tido a mesma oportunidade. “Por que é que não me chamaram, gostava de ver o nosso Presidente”.

A caminhar pelo calçadão que dá acesso ao local onde se realiza o Pontal, José Dias, militante do PSD/Algarve, confessa: “Não vou jantar, porque tenho de ir ao aeroporto buscar umas pessoas amigas.” Mas, logo de seguida, acaba por dar outra explicação: “Tenho pouca fé em Luís Montenegro”, confidência, fazendo votos de esperança. “Pode ser que esteja engano, e Deus queria que me engane”, enfatiza, acrescentando, que a mulher não faltará à festa, apelidada pela organização de “momento memorável”. As concelhias e distritais de todo o país mobilizaram-se para a “rentrée” fosse um reviver dos “bons velhos tempos”, como gostam de afirmar os sociais-democratas algarvios. O “cavaquismo” - aplaudido por uns, criticado por outros, - ainda é o tempo que o PSD recorda como o tempo em que “Pontal marcava a agenda política” no período pós-férias.

De Vila Real de Santo António a Viana do Castelo, o PSD mobilizou os militantes para mostrar a força que vai no interior do partido. Joaquim Martins Pereira, da Lousada, levou consigo duas bandeiras. Uma dos tempos em que militou na JSD, outra do PSD actual. “Sai da Lousada, fui de carro para o Porto, vim no autocarro da distrital”. Com um governo de maioria, justificou, é tempo de cerrar fileiras. “Votei em Jorge Moreira da Silva, mas estou agora com Montenegro”. E para que não houvesse dúvidas, proclamou. “Sou militante ferrenho há 39 anos” e mostra o cartão do partido. Helena Prado, de Setúbal, é uma das clássicas participantes na festa de Verão dos sociais-democratas. “Por acaso estava de férias, mas se não estivesse não faltaria.” Dos momentos marcantes do evento político, destaca o Pontal de 2012. Por que motivo? “A liderança de Passos Coelho" (Publico, texto do jornalista Idálio Revez)

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