Combinadas, as cinco principais empresas de petróleo e gás do mundo – Shell, Total, BP, Exxon e Chevron – lucraram, no segundo trimestre, quase 60 mil milhões de dólares (ou cerca de 58,4 mil milhões de euros). Sozinha, a gigante estatal da Arábia Saudita, a Saudi Aramco, lucrou 48,4 mil milhões de dólares (47 mil milhões de euros), um aumento de 90% face ao período homólogo. São cerca de 516 milhões de euros de lucro em cada um dos 91 dias do segundo trimestre deste ano, que tem estado a ser marcado por um aumento incontrolável dos preços energéticos, que tem feito subir a inflação em todo o mundo.
“Os nossos resultados do segundo trimestre reflectem o aumento da procura pelos nossos produtos – principalmente por sermos um produtor low-cost, com uma das intensidades carbónicas mais baixas da indústria”, afirmou o presidente da petrolífera estatal, Amin Nasser, citado em comunicado. Os resultados são uma combinação dos “preços altos do petróleo e dos volumes vendidos, bem como das fortes margens de refinação”, referiu a empresa sediada em Dhahran, que entrou em 2019 na bolsa saudita.
Considerando o primeiro semestre deste
ano, a Saudi Aramco ganhou 87,9 mil milhões de dólares, aproximadamente 86 mil
milhões de euros.
Com o preço do petróleo a rondar os 100 dólares por barril devido à instabilidade provocada pela agressão russa à Ucrânia e a determinação da Europa em riscar a Rússia do mapa das importações, as grandes petrolíferas têm sido acusadas de não estar a fazer o suficiente para aumentar a produção e dar resposta ao aumento da procura que se seguiu à crise sanitária, com a reabertura das economias. A Arábia Saudita, que lidera a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tem recusado aumentar a produção significativamente de forma a fazer descer os preços, dizendo que só o fará se a procura aumentar significativamente.
Em declarações à imprensa neste
domingo, citadas pelo Financial Times, Nasser diz que o sector continua com
pouca margem para aumentar significativamente a produção depois do período de
baixo investimento motivado pela quebra de procura vivida durante a pandemia,
quando as cotações caíram a pique e o petróleo chegou mesmo a atingir valores
negativos, devido à incapacidade de armazenagem do excedente.
Haverá dificuldade em dar resposta ao aumento da procura, especialmente quando se espera a retoma da actividade económica da China depois das restrições provocadas pela covid-19 e a recuperação da indústria da aviação e da actividade turística, sinalizou. O presidente da Aramco está convencido de que a procura de petróleo irá “continuar a subir ao longo da década” e isso são boas notícias para os produtores, se os preços se mantiverem como estão.
Os gigantescos ganhos das petrolíferas, apelidados de lucros “caídos do céu” ou “inesperados”, por estarem relacionados com a subida acentuada das cotações dos produtos energéticos representam também ganhos “caídos do céu” (em inglês, windfall profits, que no Reino Unido estão a ser taxados a 25%) para os accionistas e, no caso específico, da Saudi Aramco, para o reino saudita, que se financia através das receitas do petróleo. De acordo com a CNBC, o país registou um excedente orçamental de 21 mil milhões de dólares (20,4 mil milhões de euros) no segundo trimestre. Com um registo de 34 mil milhões de dólares (33 mil milhões de euros) em cash-flow liberto pela actividade no segundo trimestre, a empresa irá manter o dividendo trimestral em 18,8 mil milhões de dólares (18,3 mil milhões de euros), que serão distribuídos no terceiro trimestre (Publico, texto da jornalista Ana Brito)
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