terça-feira, junho 02, 2020

Nova dívida dispara 70% em abril com a crise e para aproveitar juros baixos

Taxa de juro da nova dívida emitida duplicou em abril, mas continua baixa (0,8%). Em junho, Estado paga mais 8 mil milhões herdados de Sócrates. As emissões de dívida pública aumentaram mais de 68% em abril em resposta à crise pandémica, que exige ao Estado e à Segurança Social recursos financeiros monumentais e também para aproveitar as taxas de juro, que continuam muito baixas, mostram dados oficiais das Finanças. A taxa de juro média ponderada de toda a nova dívida contraída deu um salto em abril. Entre janeiro e março a taxa mensal rondou os 0,4%, mas em abril, quando os contornos da crise começaram a ficar mais definidos, a taxa média duplicou para 0,8%, elevando a taxa dos primeiros quatro meses do ano para 0,5%. Em todo o caso, são valores historicamente baixos que estão a ser garantidos pelas intervenções do BCE (compras massivas de obrigações públicas aos bancos comerciais) e pelos primeiros passos na resposta europeia à crise, que entretanto foram sendo dados.

Sabendo disso, o governo, através da agência que gere a dívida pública (IGCP), aproveitou para ir aos saldos e encaixar mais dinheiro para fazer frente ao novo quadro orçamental muito exigente.
De acordo com o IGCP, no primeiro trimestre (até março), o Estado pediu emprestado aos mercados externo e interno 16.596 milhões de euros, menos 2,8% face a igual período de 2019.
Mas em abril a situação inverteu-se de forma dramática. O valor total em novas emissões de dívida ascendeu a 9.222 milhões de euros, mais 68,4% do que no mês homólogo.
No conjunto destas emissões destacam-se as Obrigações do Tesouro (OT, dívida de longo prazo), num valor de 6.434 milhões de euros.
Mas as Finanças recorrem a outros instrumentos para ir pagando dívidas que vão vencendo ao longo do ano. Em abril, foram emitidos 1.350 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro (curto prazo), o Estado ainda conseguiu captar 46 milhões de euros em Certificados de Aforro, mais 135 milhões de euros em Certificados do Tesouro e 1.084 milhões de euros em Certificados Especiais de Dívida Pública (CEDIC).
Crise e dívida de Sócrates
É muito dinheiro emprestado num só mês, mas há que ter em conta que o Estado tem de continuar a reembolsar os seus credores e, no fim, ainda têm de sobrar verbas para financiar os serviços públicos, agora que as receitas estão a cair de forma abrupta e a despesa disparou. Mais. É assegurar que há dinheiro suficiente nos cofres porque, em junho, a República tem de pagar de uma assentada quase 8 mil milhões de euros. É o reembolso de mais uma mega dívida (OT) herdada do governo de José Sócrates e Fernando Teixeira dos Santos. Esta OT foi emitida em junho de 2010, estava o país a caminho da bancarrota.
Em pormenor
Dívida total sobe 3%
Com tudo isto, no final de abril, a dívida total do Estado estava a subir quase 3% e já ia em 258.523 milhões de euros.
Fardo nos 129% do PIB
Assumindo a projeção da Comissão Europeia para o produto interno bruto (PIB nominal) de Portugal, este ano, significa que o fardo da dívida já vai em 129% do PIB ou mais. E ainda só estamos a falar das contas apuradas até abril.
Taxas de juro baixas
A taxa de juro média ponderada de toda a nova dívida emitida deu um salto para 0,8% em abril, mas, por exemplo, mesmo com a crise, a taxa das obrigações está a cair e ronda agora os 0,5% no mercado secundário (Jornal de Notícias)

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