Não
me cabe a mim defender a TAP, em termos de futuro e da sua viabilidade, nem
tenho qualquer procuração da empresa para o fazer. Contudo, assumo-o sem
complexos, sempre fui um defensor da TAP, enquanto companhia de bandeira e
empresa pública, obrigada a responder às necessidades do país e não a vaguear
em função dos interesses dos investidores capitalistas privados que alinharam
no negócio do Passos Coelho e da troika, e que olham para a TAP não como algo a
perservar e de simbólico para o país, mas tão somente como um negócio, apenas
um negócio igual a tantos outros, que tanto seguram como vendem.
A TAP tem-se portado mal com a Madeira e com os madeirenses, desde
os vergonhosos preços exorbitantes praticados na linha Funchal-Lisboa, até às
frequentes situações abusivas nas operações, mormente o incumprimento dos
horários, as quais, apesar de ser aceitável que possam ser também imputáveis -
mas nem sempre... - ao esgotamento da capacidade operacional do aeroporto de
Lisboa (algo que agora voltará certamente atrás durante uns bons anos com a
previsão de quada abrupta do tráfego aéreo...), eram crónicas com cancelamentos
de voos para o Funchal nas últimas horas do dia, etc.
Mas lá está, há uma relação de confiança que se construiu durante
anos, entre mim e a TAP que me levam a lamentar tudo o que ela de injusto fez
com a Madeira, mas que não determinam que me vanglorie com as dificuldades hoje
existentes e em que a sua própria sobrevivência está em discussão.
Mas acho que andam a brincar com coisas sérias. A TAP pode não
ser, não pode ser mesmo, uma empresa de Lisboa. Mas não tem que ser uma empresa
usada pelo senhor Moreira do Porto para andar a fazer política e a preparar uma
nova candidatura autárquica à custa da TAP, transformando-se a reboque dessa
polémica numa espécie de novo vice-rei do Norte que arrebanha alguns outros
autarcas vizinhos que julgam que ganham turistas apenas e só por causa da TAP.
A
TAP precisa de dinheiro, já autorizado por Bruxelas, mas esbarra em dois problemas
que podem ditar a sua falência: a teimosia dos capitalistas privados accionistas
da TAP - que lá chegaram através de uma estranha negociata do governo do Passos,
aliás, eu acredito que estes privados tiveram sempre esse como o seu principal problema
ante os governos da geringonça agora no poder, o de terem comprado 61% da TAP,
reduzida a menos de 50% com o governo de Costa, já quando o governo do Passos
sabia que não continuaria no poder o que explica a apressada assinatura da formalização
da venda da TAP, numa cerimónia quase secreta e realizada de noite, sem a comunicação
social presente - e a tentativa de
norte, e de Rui Moreira, ao tentar aproveitar a fragilidade da companhia, para
serem eles, no Norte, a ditar regras sem meterem um tostão na empresa. Moreira,
julgo eu, acha que pode pressionar o governo de Costa para ter uma TAP ao serviço
do “senhor do Norte” que pensa mais na recandidatura em 2021 e nas bandeiras
que vai ter que abanar até lá, ao mesmo tempo que se que está borrifando para a
TAP porque tem outras alternativas que operam no aeroporto do Porto.
Aliás,
o peso real dos passageiros transportados pela TAP e desembarcados no Porto comparando
com os passageiros que desembarcam no mesmo aeroporto transportados por
companhias low-cost – uma delas, a Raynair tem o Porto como sua base operacional
em Portugal, em contraste com as Easyjet que assentou arraiais em Lisboa – desmistifica
muita coisa.
Enfim,
vamos ver como tudo isto termina, estes interesses políticos que giram hoje à
volta de uma TAP à beira da falência, com um passivo geral superior a 2 mil
milhões de euros, fruto do investimento realizado na frota (quiçá excessivo)
cruzados com uma operação de financiamento - chamem-lhe o que quiserem – da ordem
dos 1,2 mil milhões de euros, sem a qual a TAP desaparece do universo da aviação
(LFM)
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