A presidente do Banco Central Europeu reforçou a importância que a aprovação do plano de recuperação desenhado pela Comissão Europeia pode ter para a saúde dos mercados. Caso falhe, diz que as quedas podem ser robustas. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, alertou os líderes dos países que compõem a União Europeia que a atual acalmia nos mercados só acontece porque os investidores estão já a antecipar uma aprovação do acordo de estímulos desenhado pela Comissão Europeia no final de maio. Numa videoconferência realizada nesta sexta-feira, Lagarde adiantou que, caso não seja possível chegar a um acordo para financiar a recuperação económica na região, o sentimento pode mudar e poderemos estar perante novas grandes quedas nos mercados de ações. Para além da reação dos mercados, a líder do banco central reforçou a importância da aprovação dos apoios, uma vez que a "economia da União Europeia está a experienciar uma queda dramática".
No último relatório de previsões macroeconómicas, os economistas do BCE anteciparam uma contração de 8,7% na economia da Zona Euro, para este ano. Esta projeção representa uma revisão em baixa das expectativas que os peritos tinham em março, quando acreditavam num crescimento do PIB (produto interno bruto) de 0,8% para 2020.
Hoje, os líderes europeus discutem o futuro da proposta de um Fundo de Recuperação da economia europeia no pós-pandemia, no montante global de 750 mil milhões de euros, em que 500 mil milhões serão em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos. Em cima da mesa têm também o Quadro Financeiro Plurianual revisto para 2021-2027, no valor de 1,1 biliões de euros.
Portugal poderá vir a arrecadar um total de 26,3 mil milhões de euros, 15,5 mil milhões dos quais em subvenções e os restantes 10,8 milhões sob a forma de empréstimos (voluntários) em condições muito favoráveis. Como sucedeu em fevereiro, numa anterior tentativa de chegar a acordo sobre o orçamento plurianual da União, deverá registar-se um 'choque' entre os chamados países 'frugais' [Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia] e um conjunto bem mais vasto de Estados-membros intitulados 'amigos da coesão'.
A crise da covid-19, contudo, provocou novas alianças, já que os interesses dos Estados-membros divergem em função dos apoios que lhes podem vir a caber no quadro do Fundo de Recuperação.
Inalterada é a posição dos 'frugais', que, além de não quererem aumentar as contribuições para os cofres comunitários, defendem que os apoios de recuperação aos países mais fragilizados sejam na forma de empréstimos e sob condições estritas, e aqui reside o principal obstáculo a ultrapassar nas negociações. Fontes diplomáticas congratularam-se por, pelo menos, o "tom" das intervenções dos diversos Estados-membros nas reações às propostas já não ser tão 'bélico' como em fevereiro passado, fazendo votos para que as discussões de hoje não abram novas 'frentes' de conflito entre os 27 (Jornal de Negócios, texto do jornalista Gonçalo Almeida)
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