quinta-feira, maio 07, 2020

Thierry Breton: Indústrias alemã e holandesa "morrem" sem o Mercado Interno

Em entrevista ao Expresso, o comissário europeu deixa um alerta aos países mais ricos. Se não houver apoio às economias mais afetadas pela pandemia, as consequências que isso terá no Mercado Interno atingirão também os restantes. O aviso do comissário europeu que tem a pasta do Mercado Interno é claro: o mercado único europeu não tem futuro "se apenas forem salvas uma ou duas indústrias, de um ou dois estados- membros". Durante e no pós-pandemia. Em entrevista ao Expresso, Thierry Breton sublinha que a integração económica é tal que todos os países "têm o mesmo interesse em que (o mercado) sobreviva" à crise. Se os mais afetados caírem por falta de apoio ou capacidade de investimento, todos são afetados, a começar pelos grandes beneficiários da livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. O francês lembra que 50% das exportações alemãs são para países da UE e que no caso dos Países Baixos a percentagem supera os 60%. "Se não houver mercado interno, não há indústria alemã" e "a indústria holandesa morre".

Questionado sobre se Berlim e Haia vão aceitar um plano de recuperação com uma componente de subsídios e não apenas empréstimos, o francês responde ainda que os 27 "estão no mesmo barco", que todos terão de recorrer ao crédito para fazer face às consequências da Covid19 e que "é justo" que nestas circunstâncias tenham condições "iguais" na capacidade de empréstimo e no acesso ao dinheiro.
PODE O MERCADO INTERNO SOBREVIVER SÓ COM EMPRÉSTIMOS?
A Comissão Europeia continua sem confirmar em que data vai apresentar a nova proposta de Orçamento Comunitário para 2021-27, juntamente com uma proposta de fundo/instrumento de recuperação económica. Bruxelas está ainda à procura de uma fórmula que possa ser aceite pelos 27, numa altura em que se antecipa um braço-de-ferro entre os que defendem que o novo fundo deverá ter uma forte componente de subsídios - juntamente com o quadro financeiro plurianual - e não apenas de empréstimos, como defendem a Holanda, Suécia, Dinamarca e até certo ponto a Alemanha.
"Penso que é importante haver subsídios e empréstimos porque esta é uma crise muito específica", afirma Breton. O comissário defende subvenções para "apoiar as atividades que mais sofreram" e admite que "muitas pequenas e médias empresas vão precisar" deste tipo de ajuda a fundo perdido.
Por outro lado, entende que deve também ser garantido o acesso a empréstimos para ajudar as empresas, por exemplo, "a reorganizarem-se" num novo tipo de turismo após a crise (Expresso, texto da jornalista Susana Frexes, correspondente em Bruxelas)

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