domingo, dezembro 30, 2018

Guilherme Silva ao Sol: "A situação do PSD não se remediaria com nenhum messias"

Histórico do PSD defende que Rui Rio, se perder as eleições, deve dar um sinal nessa noite de que está disponível para acordos com o PS. Como fez Jerónimo de Sousa em 2015.
Este ano vamos ter eleições europeias, legislativas e regionais na Madeira. O PSD está preparado para estes atos eleitorais?
- Infelizmente, o partido tem vivido situações de conflitualidade interna que não têm ajudado. Estas eleições para o Parlamento Europeu são talvez as mais importantes que até hoje ocorreram. O PSD deve fazer um esforço muito grande no sentido de apelar aos portugueses para a importância destas eleições. Como sabemos, tem havido um enfraquecimento dos partidos tradicionais, a proliferação dos partidos radicais, e a pior coisa que podia acontecer na Europa era que se formasse uma maioria radical. 
O resultado das eleições europeias poderá ser decisivo para a liderança de Rui Rio?
- O resultado de cada partido nas eleições europeias será um sinal do seu maior fortalecimento ou enfraquecimento. Não creio, porém, que um resultado mais fraco venha a traduzir-se numa convulsão interna que implique uma mudança de liderança. A liderança vai manter-se até às eleições legislativas.

Rui Rio deve manter-se na liderança mesmo que o PSD tenha um mau resultado nas europeias?
- Não há espaço para andar a brincar às alterações de liderança do partido a meses das legislativas. Não há tempo para experiências novas. A situação não se remediaria com nenhum messias que aparecesse de uma nova eleição. Seria sempre muito curto para que o partido se reorganizasse para as eleições regionais [na Madeira] e para as eleições nacionais.
Revê-se na forma como Rui Rio faz oposição ao Governo socialista?
- Sim. Admito que as divergências internas têm desgastado o partido. Parece-me que é o ponto mais delicado da atual liderança. A minha convicção é que Rui Rio tem o seu plano e o seu projeto, mas tem uma gestão política diferente daquilo a que estamos habituados. 
Esse projeto será suficiente para vencer as legislativas?
- Ainda há tempo para preparar o partido para uma solução ganhadora. É preciso que o PSD apresente propostas claras e uma alternativa à governação socialista. Temos um espaço maior dada a circunstância de o Partido Socialista ter governando demasiado à esquerda devido ao acordo que fez com o Bloco de Esquerda e o PCP. Isto dá um espaço novo ao PSD devido às cedências que o PS teve de fazer a esses partidos. 
Muitos dos críticos de Rui Rio são deputados. Prevê que a elaboração das listas seja complicada?
- Há sempre alguma agitação e perturbação por causa das listas. Mas todos compreendemos que a direção do partido tem um espaço próprio. Temos de perceber que houve uma mudança na liderança. As escolhas devem ser feitas pela qualidade dos candidatos, mas naturalmente que não é confortável a um líder escolher pessoas que manifestamente não têm cooperado para a realização do projeto que o partido quer implementar. 
Será difícil algum partido ter maioria absoluta nas próximas legislativas? Julga que o PSD deve estar disponível para alianças com os socialistas?
- Já se percebeu que vai ser muito difícil haver uma maioria absoluta. É preciso perceber se há condições ou não para que a geringonça se repita. Naturalmente que António Costa diz que se vai repetir, mas não sabemos se ele terá condições para repetir esta solução. Eu, se me deparasse com uma situação em que o Partido Socialista fosse o mais votado, diria, parafraseando o Jerónimo de Sousa na noite das últimas eleições, que o PS só não formaria governo se não quisesse. Se estivesse no lugar de Rui Rio diria: ‘o PS só não fará as reformas de que o país tanto carece se não quiser’. Esse recado ficaria dado para as soluções governativas que se seguissem. Isto não significa necessariamente uma solução de Bloco Central, mas pode significar uma atitude de cooperação no sentido de assegurar que se façam as reformas que o PCP e o Bloco de Esquerda impediram que se fizessem. 
O PSD deve estar disponível para viabilizar um governo socialista?
- Deve ter uma atitude de cooperação na Assembleia da República. Isso significaria que o PS tinha de criar condições para realizar as reformas que o pais tanto precisa e que, infelizmente, não foram feitas. Mas a minha convicção é que o PSD tem condições para ganhar as próximas eleições. Dependerá do projeto e das pessoas. O país ainda só conhece retalhos desse projeto e isso é insuficiente para dar uma ideia de uma governação credível. 
Teme que, pela primeira vez, o PS vença as eleições na Madeira? 
- Todos os sinais apontam no sentido de que o PSD está a reforçar a sua posição. Tem feito um excelente trabalho do ponto de vista do emprego, da economia e do investimento público. Tudo isso está a melhorar e o PSD terá um bom resultado.  Mas sabemos que António Costa tem o sonho de dominar o país todo e fará tudo para dificultar a ação do PSD na Madeira (Entrevista ao Sol, por Luis Claro)

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