O PSOE foi o partido mais votado, mas com os piores resultados da sua
história, nas eleições de hoje na região espanhola da Andaluzia, que foram
marcadas pela chegada da extrema-direita ao parlamento regional. Os partidos
tradicionais espanhóis são os grandes derrotados da consulta de hoje, quando
estão escrutinados 98% dos votos, com o PSOE (Partido Socialista Operário
Espanhol) a passar de 47 deputados regionais (num total de 109) para 33,
enquanto o Partido Popular (PP, direita) passa de 33 para 26.
O PSOE foi o mais votado, mas não vai ser fácil encontrar um parceiro
para governar, depois de todos as forças políticas, durante a campanha
eleitoral, terem recusado apoiar um executivo regional liderado pela socialista
Susana Díaz, atual presidente. O PP também foi muito penalizado, mas tem a
consolação de se ter aguentado na segunda posição, não tendo sido ultrapassado
pelo Cidadãos (direita liberal), que traçou esse cenário como o seu objetivo
principal. Mesmo assim, o Cidadãos foi o partido que mais subiu, passando de
nove deputados regionais para 21, mantendo intacta a sua pretensão de vir a
liderar a direita espanhola. As eleições de hoje marcam a entrada fulgurante da
extrema-direita, que desde 1982 não tinha expressão eleitoral em Espanha, no
parlamento regional através do Vox, que consegue 12 deputados regionais, um
resultado inesperado. Um vídeo divulgado antes das eleições, com o título
“Andaluzia pela Espanha”, que se tornou viral na internet, mostra o líder do
Vox, Santiago de Abascal, a cavalgar com um grupo de outros membros do partido,
numa referência à “Reconquista” espanhola nos séculos XIII-XV dos territórios
muçulmanos, que agora seria feita a partir desta região para o norte. A líder
regional e candidata do PSOE, Susana Díaz, justificou, em setembro passado, a
decisão de antecipar a ida às urnas com a falta de estabilidade do seu
executivo, depois de o Cidadãos ter retirado o apoio que há três anos dava aos
socialistas, acusando-os de não cumprirem as medidas negociadas de regeneração
democrática.
O PSOE governa a maior e mais populosa das comunidades Autónomas espanholas
desde 1982, há 36 anos. As eleições andaluzas são um teste importante para o
Governo minoritário socialista, que chegou ao poder há seis meses, e também
para as forças de direita, a alguns meses das eleições autárquicas, autonómicas
e europeias de maio próximo. O executivo nacional, liderado por Pedro Sánchez,
tem tido dificuldade em aprovar as suas políticas em Madrid e esperava ter
agora um bom indicador de apoio popular. A Comunidade Autónoma da Andaluzia,
com mais de 87 mil quilómetros quadrados, é a segunda maior de Espanha (a
primeira é Castela e Leão) e tem quase o tamanho de Portugal (92 mil). Por
outro lado, é a mais populosa região de Espanha, com mais de oito milhões de
habitantes (Portugal tem mais de 10 milhões), fazendo fronteira com os distritos
portugueses de Beja e Faro (Sapo)
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