domingo, dezembro 14, 2014

Taxa de natalidade estabiliza, depois de anos de quedas abruptas



Diz a jornalista do Público ALEXANDRA CAMPOS que “as piores previsões não se confirmaram. Em 2014, o número de nascimentos deverá ser semelhante ao de 2013, contrariando a tendência verificada nos últimos três anos, em que sucessivas quedas abruptas na taxa de natalidade fizeram soar campainhas de alarme e colocaram na agenda política o fenómeno do declínio demográfico. Este ano, entre Janeiro e Novembro, o número de “testes do pezinho” (exames de rastreio feitos aos bebés nos primeiros dias de vida) indica que nasceram em Portugal apenas menos 58 crianças do que no mesmo período do ano anterior. Ao longo destes 11 meses, foram rastreados 75 985 recém-nascidos, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido estudados 76 043, especifica Laura Vilarinho, responsável pela Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética do Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que acompanha a evolução dos nascimentos com base nestes testes de diagnóstico precoce. Depois de um primeiro semestre que fazia pensar numa nova quebra da natalidade em 2014, o aumento verificado nestes últimos meses compensou a descida, e, se em Dezembro não houver surpresas, teremos um ano idêntico do de 2013. “De Janeiro a Novembro, o número de testes é semelhante ao do ano passado”, constata Laura Vilarinho, satisfeita com esta “recuperação”. Poderá dizer-se que estamos perante uma mudança de tendência? Cautelosa, Laura Vilarinho lembra que a queda da natalidade em Portugal não é um fenómeno recente e que só depois de o total de nascimentos ter ficado abaixo dos 100 mil por ano é que começou a ser um tema de discussão e preocupação. Quando o programa de rastreio neonatal se iniciou, em 1979, nasciam cerca de 160 mil crianças por ano em Portugal, ou seja, quase o dobro do que acontece actualmente (em 2013 nasceram 82 787 bebés). Outros especialistas ouvidos pelo PÚBLICO defendem também que ainda é cedo para retirar conclusões. “Poderá ser o princípio de uma inflexão. Mas provavelmente é conjuntural. Nos anos anteriores, houve um adiamento da maternidade, uma contenção, mas não podíamos continuar sempre a baixar. A expectativa de que as circunstâncias iam mudar não se verificou e as pessoas não esperaram mais, concretizaram o seu desejo de ter filhos”, ensaia, em jeito de explicação, a demógrafa e professora catedrática no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa Ana Fernandes. A especialista sublinha, porém, que a taxa de natalidade “não é tudo” e que é preciso olhar para a taxa de fecundidade – ou seja, o número de filhos por mulher em idade fértil”