O PSD nacional, à medida
que vai ficando mais aflito e se sente pressionado pelos factos e pelos
acontecimentos reage de uma forma atabalhoada, a reboque de um governo de
coligação incompetente que apoia e que vive de trapalhadas sistemáticas, como
aconteceu recentemente com a gestão política e comunicacional sobre a greve dos
professores - acredito que uma outra gestão pública da situação eventualmente
teria obrigado a um acordo e a uma cedência sindical - e com a vergonhosa
teorização e encenação patética à volta do pagamento dos subsídios de férias
dos pensionistas, reformados e funcionários públicos, numa demonstração de que
Marques Mendes tem toda a razão do mundo quando afirmou recentemente que
"este governo percebe tanto de política como eu de lagares de
azeite".
Desesperado o PSD nacional
comete erros, uma sucessão deles, e em vez de conquistar credibilidade junto
dos cidadãos e de ganhar espaço de manobra para poder efectuar contra-ataques
políticos consistentes e directos contra a oposição, particularmente contra o
PS, limita-se a dar tiros-nos-pés, numa estranha autoflagelação politicamente
sadomasoquista.
Dois exemplos recentes.
O relatório sobre as PPPs
que datam desde os governos de Cavaco Silva mas que s e transformaram num
instrumento de ataque contundente a Sócrates, sem dúvida que merecido dadas as
suas responsabilidades criminosas nesta situação, mas não o único causador
pelos custos elevados da ordem de milhares de milhões de euros que estas
negociatas mafiosas custarão a todos nós. Mas afinal quem ganha com as PPPs?
Quais são os grupos privados e quais são os bancos, que lucram milhões e enchem
a pança à custa de milhares de milhões de euros propiciados por estas
negociatas, encapotadas em PPPs desastrosas que prendem o Estado a compromissos
financeiros elevados durante 75 anos?!
A clara partidarização do
relatório parlamentar sobre as PPPs, acaba por relegar para o lixo os
argumentos válidos, dos factos e das incontornáveis verdades que constam do
documento que ao revelar-se tão sectário e ao responsabilizar apenas um governo
em concreto, perde toda a credibilidade, inclusivamente junto dos cidadãos que
olham desconfiados para estes malabarismos. O que é lamentável.
O segundo facto,
demonstrativo da forma tonta e atabalhoada como o PSD nacional gere estes
acontecimentos e as pressões políticas e sociais, teve a ver com a exigência da
JSD - apesar da acuidade dos argumentos dos deputados desta organização - ao
solicitar aio governo informações sobre os custos para o erário público com os
dirigentes sindicais da área da educação. Ou seja, os deputados da JSD actuaram
por mera revanche, contra-atacando de forma desastrosa, transmitindo a ideia de
um ajuste de contas, de uma vingança, bem à imagem e semelhança da postura do
governo de coligação, mas em vez de conseguirem o efeito pretendido - e que me
parece legítimo - enterram-se num pantanal de descrédito e de críticas.
Isto leva-me ao caso das
“swaps” - outra negociata desastrosa para o estado e os contribuintes que está
a ser analisada numa comissão da Assembleia da Republica, mas quando é sabido
que este governo de coligação não tem nada a ver com essa situação -
protagonizadas por "yuppies" alaranjados, colocados em empresas
públicas falidas, que apesar disso foram promovidos a secretários de estado,
alguns deles por lá continuam, outros já demitidos. Mas afinal ninguém sabia
destes contractos e das suas consequências e riscos? Ninguém sabia destes
riscos potenciais da ordem dos mais de 3 mil milhões, entretanto reduzidos para
1,5 mil milhões de euros, graças ao pagamento acelerado de mais de mil milhões
de euros em contractos "swaps" em vias de serem accionados pelas
entidades bancárias titulares? Como é que apesar destes prejuízos
potencialmente causado por cinzentos e desconhecidos gestores de empresas
públicas falidas, eles são entretanto promovidos a membros de um governo de
coligação alegadamente sério?
É no plano da lógica e dos
factos que o governo de coligação perde argumentos, credibilidade e respeito. E
como se não bastassem as trapalhadas e a incompetência do governo de coligação,
eis um PSD lamentavelmente arrastado na mesma direcção, cometendo os mesmos
erros, ou piores. Demasiado triste num país desesperado habitado por um dos
povos mais tristes, frustrados e empobrecidos da Europa.
Depois de mais um
episódio patético protagonizado pelo absurdo ministro das finanças que ainda
temos - considerado o pior ministro de
Portugal numa sondagem divulgada no último fim-de-semana - que pelos vistos
pretende agora ser especialista na meteorologia, responsabilizando até as
condições atmosféricas pela crise que viovemos, sem ter a dignidade e a c
oragem de asusmir as suas próprias culpas, eis-nos de novo perante mais um
episódio absolutamente idiota, protagonizado uma vez mais pelo governo de
coligação e que promete dar que falar.
Falo da polémica
idiota em torno do pagamento dos subsídios de férias aos funcionários públicos,
pensionistas e reformados, pagamentos que a reboque de tretas relativas a
pretensos procedimentos orçamentais, esconde um sentimento de ajuste de contas
com os funcionários públicos que pretende despedir e, mais do que isso, revela
um caracácter vingantivo pela decisão tomada pelo Tribunal Constitucional.
O que o PSD
nacional pelos vistos não consegue ver (julgo que o CDS, manhoso como sempre,
já começou a entender...), não é capaz de retirar ilações nem percebe que a
política é um instrumento multifacetado, foi a notícia também difundida no
último fim-de-semana e que recordo:
"No último ano, o PSD perdeu 13,4 pontos percentuais
nas intenções de voto. Na confiança para primeiro-ministro, Passos Coelho caiu
13,1 pontos. As medidas de austeridade estão a provocar, em termos eleitorais,
um desgaste significativo no PSD e na confiança do seu líder para o cargo de
primeiro-ministro. Segundo uma sondagem CM/Aximage, se as eleições fossem hoje,
o PS venceria com 35,5% dos votos e o PSD obteria apenas 23,2%. Já na confiança
para liderar o Governo, o secretário-geral do PS, António José Seguro, tem
grande vantagem sobre Passos Coelho: 42,2% contra 24%. A sondagem foi realizada
entre os dias 4 e 7 do corrente mês e reflecte já os efeitos da divulgação das
novas regras para a Função Pública (despedimentos e mobilidade especial), do
Orçamento Rectificativo, e ainda o anúncio da greve dos professores às
avaliações".
Do que
é que estão à espera, por exemplo, para pagarem os subsídios de férias em Junho
ou, em alternativa, metade em Junho e a outra metade em Julho? Nem isso
conseguem fazer? Mas gastam 1.000 milhões de euros para pagarem antecipadamente
contractos "swaps" e incluíram, outros 600 milhões de euros na
proposta de orçamento rectificativo como medida preventiva, caso seja
necessário tapar mais buracos com outros contractos "swaps" ainda em
vigor! Que raio de moralidade é esta? Vão mas é a fava, se nos fazem o favor. (JM/LFM)