"O título não é apenas uma graça. Um estudo
feito ontem pelo "Diário de Notícias", e que passou mais despercebido
do que merecia, dá conta que este Governo nomeou já 4463 pessoas, seja para
gabinetes ministeriais (1027), para grupos de trabalho e comissões (1819) e
cargos dirigentes da Função Pública (1617). Os números, como tudo, podem
ter muitas leituras. Mas se compararmos com os dois primeiros anos de Sócrates,
estes pedem meças. O ex-líder socialista nomeou, entre 2005 e 2007 (com mais
ministérios do que Passos), 1077 pessoas para os gabinetes, portanto mais 50.
Mas Sócrates já nomeara menos 63 pessoas do que o seu antecessor Durão Barroso
fizera entre 2002 e 2004. Há portanto, aqui uma descida consistente: em 10 anos
e depois de uma crise monstruosa, conseguimos reduzir 113 boys nos
gabinetes. Isto num universo de milhares. É ridículo! Em abril de 2005 dissera
Passos: "Um membro do governo tem direito a escolher um chefe de
gabinete, uma ou duas secretárias de confiança e um ou dois adjuntos. Acabou".
Estamos de acordo (ou melhor eu estou de acordo com o que ele dizia). Isso
significa que cada ministro teria apenas direito a cinco pessoas, o resto ia
buscar aos serviços do seu ministério. Por isso, contas por alto haverá 900
e tal boys a mais. Façam o favor... E comecem pelos célebres
especialistas de 20 anos. Já agora, aposto que há membros da Administração
com qualificação para os grupos de trabalho e comissões, assim como para vários
cargos de direção da função pública. Se a isto somarmos a dispensa dos inúmeros
consultores e gabinetes de advogados, podemos dizer, sem medo: olha que bela
maneira de começar a reforma do Estado" (texto de Henrique Monteiro,
Expresso com a devida vénia)