Li no Expresso que a “divulgação pública do relatório do FMI, na quarta-feira pelo "Jornal de Negócios" apanhou de surpresa a organização. O Fundo Monetário Internacional não estava à espera que o relatório elaborado por técnicos oriundos do Departamento de Política Fiscal desta organização fosse tornado público, apurou o Expresso. O documento divulgado na quarta-feira pelo "Jornal de Negócios" é a versão final do ponto de vista dos técnicos do FMI e foi elaborado ao longo de dois meses com base em dados fornecidos pelos ministérios”. Segundo a jornalista do Expresso Luisa Meireles, "a divulgação pública do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) apanhou esta organização completamente de surpresa. Ao que o Expresso apurou, não teria havido nenhuma indicação concertada de estratégia de comunicação entre o Governo e o FMI, pelo que este foi surpreendido — tanto quanto os portugueses em geral — pela publicação do documento, na quarta- -feira, no “Jornal de Negócios”. O texto divulgado seria, aliás, a versão final do relatório, do ponto de vista dos técnicos do FMI, que o trabalharam ao longo de dois meses, com base em dados fornecidos pelos ministérios e em cooperação com eles, tal como vem assinalado no próprio prefácio do documento. O texto faz uma longa lista de agradecimentos a todos os ministros e alguns secretários de Estado, em especial: além de Carlos Moedas, a Hélder Rosalino e Luís Morais Sarmento (Finanças) e Miguel Morais Leitão (Negócios Estrangeiros). Pelo que se sabe, o relatório correspondeu a um pedido expresso do Governo para uma análise sobre o estado e a dimensão da Administração Pública, tendo em vista uma poupança de quatro mil milhões de euros e numa lógica de curto prazo. Foi tão-só a esse objetivo que o trabalho se ateve, à semelhança de outros trabalhos já realizados em Portugal e em outros países, realçou uma fonte conhecedora dos métodos do FMI. Neste contexto, os técnicos — todos eles oriundos do Departamento de Política Orçamental e Fiscal do Fundo — trabalharam completamente à parte do memorando de entendimento e nem tão pouco estão sob a tutela do chefe da missão portuguesa, Abebe Selassié. Curiosamente, um deles é português: Paulo Silva Lopes, filho do ex-ministro das Finanças José Silva Lopes. “É um trabalho paralelo e inteiramente autónomo, de caráter eminentemente técnico, que faz comparações e aponta várias opções em alternativa”, salientou a fonte. Daí a surpresa do Fundo, que viu o trabalho divulgado sem qualquer enquadramento. A autonomia do trabalho poderá explicar algumas das “falhas” apontadas, nomeadamente algumas contradições com medidas já aplicadas pelo Governo. De qualquer modo, a liberdade de decisão do Governo é total, nenhuma das propostas é indicativa ou conclusiva. E, ao mesmo tempo, o FMI não poderá invocar o cumprimento ou não de algumas das medidas propostas na avaliação do desempenho do programa. O princípio do contrato é esse"