Segundo o Público, "é um dos indicadores que melhor ilustram a divisão entre o centro e a periferia da zona euro durante a crise da dívida soberana No final de 2007, quando se começavam a detectar sinais no mercado imobiliário norte-americano de que uma crise financeira estava a surgir, quatro países da zona euro partilhavam uma taxa de desemprego na casa dos 8%, com diferenças de meros 0,6 pontos percentuais. Passados cinco anos e chegados ao fim de 2012, a diferença entre os mesmos países no mesmo indicador passou a ser abismal, chegando aos 19,6 pontos percentuais e ilustrando, de forma clara, a divisão que se criou entre o centro e a periferia da zona euro durante a crise da dívida soberana. Os quatro países em causa são Portugal, Grécia, Espanha e Alemanha. Em 2007, registaram taxas de desemprego que iam dos 8,3% na Espanha e na Grécia, até aos 8,9% em Portugal. A Alemanha marcava 8,7% neste indicador. No entanto, depois de cinco anos de crise financeira internacional e de crise do euro, o cenário alterou-se por completo. A Alemanha melhorou neste indicador, passando para 5,5%, de acordo com última estimativa da Comissão Europeia para o presente ano. Os outros três países, pertencentes ao que agora se denomina "periferia da Europa", viram a taxa de desemprego a disparar. Espanha para um valor acima de 25%, a Grécia perto nos 23,6% e Portugal, embora mais moderado, com 15,5%. Representam um novo máximo histórico. A diferença na taxa de desemprego entre a Espanha e a Alemanha, de 19,6 pontos percentuais no final de 2012, é a maior alguma vez registada entre países da zona euro e mesmo da União Europeia desde pelos menos o início dos anos 80, segundo os dados da Comissão Europeia. Ontem, os dois países divulgaram novos dados para o seu mercado de trabalho, que mais não confirmam do que a diferença de cenário a que se assiste dentro da união monetária do euro. Curiosamente, na Alemanha o número de desempregados aumentou em Dezembro (algo que tem vindo a acontecer nos últimos meses à medida que a crise ameaça também o centro da Europa), mas a taxa de desemprego manteve-se estável. Em Espanha, o número de novos desempregados abrandou, mas a taxa continua em máximos, com cerca de um em cada quatro espanhóis em idade activa sem emprego. Este resultado é, diz quem critica a estratégia seguida pelos líderes europeus na crise do euro, um sinal do que as políticas de austeridade impostas aos países mais endividados estão a fazer às populações desses países. Outros, mais favoráveis aos planos de ajustamento desenhados pela troika, dizem que a diferença está nas reformas estruturais feitas alguns anos antes pela Alemanha. Seja como for, uma dúvida persiste: será possível à zona euro, com taxas de desemprego tão diferentes entre países, delinear políticas monetárias e orçamentais comuns sem beneficiar alguns países e prejudicar outros?"