"O PS local – tenho que tirar ao chapéu ao PND, por se transformar, finalmente, em mentor dos socialistas locais, já que conseguiu que o maior partido da oposição faça exactamente o que este pequeno partido faz em termos de acção política, só que alguns dias mais tarde… - resolveu vir falar de liberdade de imprensa para as portas do JM. Por mim até podia ir para a ponta do cais ou para qualquer praça pública. Era rigorosamente igual, zero. E quando digo que vale zero, faço-o, não questionando a liberdade dos partidos fizerem e dizerem o que bem entendem (era o que me faltava) mas porque entendo que o problema é essencialmente ético, de moralidade Pode-se discutir – e aceito que existam opiniões divergentes – a situação desta empresa e do envolvimento da Região enquanto proprietário maioritário, o que nada tem com a publicidade institucional que certamente vai reduzir-se substancialmente em termos quantitativos, até porque estas situações de contenção a isso obrigam, quer se trate do sector público, quer dos privados. Aliás, há indicadores oficiais que confirmam essa tendência de quebra acentuada.
Quando digo que a questão é de ética, de princípio, de moralidade, faço-o porque é sabido o comportamento asqueroso da propaganda socialista, a forma como a máquina comunicacional do PS e do governo socialista actua, pressionando jornalistas e administrações de empresas – o próprio Sócrates segundo foi noticiado não se coíbe de, ele próprio, telefonar a jornalistas! – mas sobretudo como a propaganda, incluindo aquela que passa pelos meios de comunicação social, é essencial para a sobrevivência dos socialistas no poder.
A propósito de toda esta realidade e de todas estas encenações e palhaçadas promovidas pela oposição socialista que à falta de iniciativas e de ideias próprias, se limita a copiar o que os partidos mais pequenos realizam, vamos a factos:
- Lembram-se de quem tentou, por processos ainda hoje não desvendados e nunca esclarecidos, comprar a TVI, pelo simples facto de ser uma voz incómoda para o PS?
- Lembram-se de quem faz parte do novo grupo de comunicação social recentemente anunciado e com projectos na área da rádio e da televisão que obviamente não são nem inocentes nem desligados desta estratégia comunicacional e controleira dos socialistas?
- Lembram-se da perseguição e da despromoção recente de uma jornalista, editora política da agência Lusa pelo simples facto de, deontologicamente, se ter recusado, e bem, fazer o frete a um assessor de Sócrates que telefonou a encomendar uma notícia?
- Lembram-se de Carlos César quando afirmou que “há jornais e jornalistas que merecem a nossa censura e não são inimputáveis em democracia. Temos o direito e o dever de denunciar a mentira que é organizar para influenciar”, só porque não lhe agradou as notícias em torno de um polémico caso de uma bolsa de estudo?
- Lembram-se de Carlos César quando afirmou que “o que parece fácil hoje é lançar acusações, boatos e calúnias. Esse terreno perverso é fértil nos partidos e em órgãos de comunicação social”? Ou das suas críticas aos jornalistas a propósito da viagem oficial da sua mulher ao Canadá em representação do marido?
- Lembram-se das pressões feitas sobre grupos privados da comunicação social, ameaçando-os de estrangulamento financeiro caso não fosse dadas orientações específicas?
- Lembram-se do que se passou com o caso das “escutas de Belém”, ainda hoje não esclarecidas, e que constituíram um descarado exemplo de manipulação partidária e política, directa e indirecta, com ou sem agências de comunicação a actuarem a mando do governo socialista e do PS, com interferência editorial à mistura?
- Lembram-se da forma como Sócrates trata os jornalistas, contratando com os sorrisos e a disponibilidade que agora tem evidenciado, porque, claro está porque a campanha eleitoral se aproxima e a necessidade de sobrevivência no poder é mais que tudo? Já agora, porque será que nenhum meio de comunicação social – medo? – até hoje publicou uma listagem completa de todos os assessores de imprensa, assessores de comunicação, adjuntos e outros, adstritos a cada um dos gabinetes dos secretários de estado, ministros e primeiro-ministro? E qual a origem profissional desses assessores de comunicação e adjuntos de imprensa?
- Lembram-se das polémicas sobre a distribuição da publicidade institucional nos Açores onde os jornais mais incómodos para o poder socialista conseguem menos publicidade (valores insignificantes) comparativamente a que algumas publicações continentais e sites de internet com sede em Lisboa? Lembram-se de um estudo segundo o qual o somatório da publicidade distribuída pelo Governo Regional dos Açores nos anos de 2008, 2009 e no primeiro trimestre de 2010 registava valores discrepantes quanto aos valores atribuídos por um executivo socialista?
- Lembram-se do facto do Governo Regional dos Açores ter gasto cerca 36 mil euros em 2010, em publicidade institucional, 12 mil euros dos quais num pequeno jornal gratuito sem qualquer credibilidade no mercado e com posições favoráveis ao actual executivo?
- Lembram-se de quem é dono e controla a 100%, a agência lusa, que distribui noticiário diário para todos os meios de comunicação social, bem como a RTP (todos os centros regionais) e RDP (todos os centros regionais de emissão)? Por acaso alguém duvida da importância que estes meios de comunicação social têm no contexto dos média nacionais? Alguém por causa disso acha que o panorama radiofónico e televisivo nacional não tem liberdade? Há empresários privados de televisão, quer da TVI quer da SIC; que entendem que o Estado deve mudar a sua postura no grupo RTP/RDP, fomentando o que dizem ser um verdadeiro (?) serviço público e alguns vão mais longe ao reclamarem a sua privatização? O que diz o PS local a tudo isto? Cala-se. Melhor, fomenta um descarado lambebotismo por mero interesse, em relação a alguns meios de informação, ataca o JM, critica a direcção regional da RTP, esta como a anterior, pelo simples facto do cargo não ser exercido por um socialista. Chegou a pressionar em Lisboa, quer o governo socialista da República directamente (e sei que o fez, pelo menos protestando pela escolha) para que fosse nomeado um socialista para o lugar, quer instituições do sector. Reclamou junto da ERC e levou “sopa” deste organismo. Afinal o problema da comunicação social na Madeira é apenas o JM? Mas em qual das suas componentes: a da publicidade institucional? Ou a posição da região de fazer parte de uma empresa, em condições conhecidas, e por razões igualmente conhecidas, há pelo menos mais de 20 anos, pese os esforços realizados para que esta situação se resolvesse?
Ouvi o jornalista e presidente da estrutura regional do Sindicato dos Jornalistas garantir ontem que não se pode afirmar que há falta de liberdade de imprensa na Madeira. Não podia dizer coisa diferente, verdade seja dita. Porque não há. Admitiu que existem algumas situações de pressão, tal como existem em todo o lado – os exemplos atrás referidos não são suficientes?! – que não colocam em dúvida essa liberdade de imprensa. Acho que é uma posição lógica. Mas eu acrescento, perguntando: liberdade de imprensa ameaçada, não é perseguir jornalistas com recurso à extinção de postos de trabalho e cartas de despedimento? Liberdade de imprensa ameaçada, não é tentar pagar o menos possível por despedimentos? Liberdade de imprensa ameaçada, não é reduzir salários e alterar funções sem audição prévia dos profissionais? Liberdade de imprensa ameaçada, não é insinuar, dia-sim-dia-não, com novas listas de despedimentos ou candidatos a isso? Liberdade de imprensa ameaçada não é pressionar os jornalistas com alegadas ameaças de despedimento, assentes justificações nas quais ninguém acredita? Liberdade de imprensa ameaçada não é impor procedimentos que colidem com os princípios deontológicos mais essenciais? Liberdade de imprensa ameaçada não é exigir o encerramento de empresas, sabendo que isso provocará o despedimento de dezenas de pessoas, por não haver a coragem de tomar as medidas internas consentâneas com novas realidades, desde logo as do mercado?" (LFM, in "Jornal de Madeira")
quarta-feira, maio 04, 2011
LIBERDADES E DESCARAMENTO
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