domingo, abril 03, 2011

Açores: Ordem dos Médicos contra administração do Hospital de Ponta Delgada por falta de enfermeiros durante a noite no bloco operatório

Diz o Correio dos Açores num texto de Nélia Câmara que "a Ordem dos Médicos diz que a medida tomada de posição do corpo administrativo do hospital, que integra médicos, põe em “risco a saúde das pessoas”, porque os enfermeiros são os primeiros profissionais que começam um processo de intervenção no bloco operatório e neste momento a enfermagem tem de ser chamada em casa”, e isso - diz Jorge Santos - “Não pode acontecer. É insustentável. As pessoas têm de estar presentes para acudir”. A Ordem dos Médicos denunciou ontem que o Conselho de Administração do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada (HDES) determinou a suspensão do horário de enfermagem para cobertura do serviço de urgência no Bloco Operatório em regime de presença física, no período das 0h00 às 8h00 da manhã. Isto é, durante a noite não há equipas enfermeiros presentes e preparadas para o bloco de urgência para auxiliarem os médicos no bloco operatório, e responder às situações que aparecessem em caso de necessidade, que de certeza vai acontecer”, diz o Presidente da Ordem dos Médicos. Jorge Santos é muito crítico e refere que o Conselho Médico da Ordem entende que “se houver algum acidente vão proceder disciplinarmente contra os médicos que tomaram a decisão em conjunto com o corpo administrativo. Entendemos que há uma responsabilidade por parte de médicos que participaram nesta iniciativa (ordem), em relação a situações que corram menos bem e que vão aparecer, com certeza”. Em caso de haver situações graves que ocorram pela falta das equipas de enfermeiros afectos ao bloco operatório ao nível da urgência, Jorge Santos é peremptório em afirmar que “serão ilibados os médicos que estejam envolvidos em situação de risco para os doentes devido a atrasos dos serviços”. Esta tomada de posição da administração do hospital não está a ser bem digerida pelo Conselho da Ordem dos Médicos, que segundo Jorge Santos, este corte administrativo não faz sentido quando está em causa a saúde das pessoas e quando esta “deliberação fora comunicada apenas à Direcção do Bloco Operatório, à Chefia de Enfermagem do Bloco, aos Directores de Cirurgia Geral e Serviço de Urgência e ao Departamento dos Recursos Humanos. Ao mesmo tempo, os outros serviços básicos com prestação diária de serviço de urgência em Bloco Operatório como a Anestesiologia, a Obstetrícia e a Neonatalogia, além de todas as outras especialidades cirúrgicas, ficaram na ignorância de tão radical e perigosa deliberação”. Administração deve recuar na sua posição Mais adianta que só agora a Ordem dos Médicos toma posição sobre uma posição do hospital tomada no início do mês porque esteve até agora a aguardar que a administração do hospital voltasse atrás na sua tomada de posição, mas como tal aconteceu Jorge Santo vinca que a Ordem entendeu que era chegada a hora de as pessoas saberem o que se está a passar, uma vez que a Ordem enviou uma exposição, há mais de quinze dias aos responsáveis médicos e administrativos do HDES, sem haver resposta e, por isso, as pessoas tinham de saber que “há defeito actual no funcionamento do sistema de urgência do hospital, defeito que implica riscos suficientemente graves para tornar necessária uma correcção”. Mais. “Esta grave situação exige uma rápida normalização daquela operacionalidade, para os níveis que haviam sido previamente garantidos e assumidos superiormente”. Jorge Santos recorda ao nosso jornal que a Directora Clínica do HDES foi informada do que na prática tal medida podia acarretar, mas lamenta que até hoje ninguém tenha dito nada ou recuasse na decisão. Por isso insiste em dizer – o que já comunicou por escrito – que “a medida tomada tem graves implicações na assistência médico-cirúrgica e anestésica de urgência, com aumentos consideráveis do risco clínico, que não podem, nem devem deixar de ser contestados. Para as pessoas relacionadas ou conhecedoras das problemáticas da Saúde, Jorge Santo diz que será actualmente impensável que não se considere a necessidade absoluta da manutenção em estado operacional 24 sobre 24 horas, dos Blocos de Urgência do hospital mais importante desta Região insular. Jorge Santos refere que, depois desta decisão, quaisquer eventuais erros podem acontecer, mas estes não devem ser imputados “aos médicos de Cirurgia Geral, Obstetrícia, Anestesia e de outras especialidades cirúrgicas com prestação de serviço de urgência em Bloco Operatório”, desde que a cuja actividade clínica venha a ser prejudicada pelos atrasos decorrentes da chegada de enfermeiros em regime de prevenção”. Saúde em risco Mais regista Jorge Santos que “toda e qualquer responsabilidade pelos riscos aludidos, deve caber ao Conselho de Administração do HDES e, de um modo muito particular, aos médicos nele inseridos ou directamente responsáveis pela aprovação desta medida, já que os mesmos estão sujeitos à regulamentação e à disciplina da Ordem dos Médicos em que estão integrados”. A Ordem dos Médicos entende também que com esta posição “ estão de novo em risco, as idoneidades recentemente alcançadas, nas especialidades de Cirurgia Geral, Obstetrícia e Anestesiologia, com os prejuízos inerentes para os actuais médicos internos, para os Serviços em que estão integrados e para o próprio Hospital” e isso, “mais levará, decerto, ao afastamento de futuros internos daquelas especialidades cirúrgicas e de Anestesiologia, com consequências graves na qualidade e quantidade dos serviços prestados pelo Hospital de Ponta Delgada.” Jorge Santos diz que a Ordem Médicos não deixará de cumprir a sua missão mesmo que nesse esforço venha a comprometer disciplinarmente profissionais médicos que estejam envolvidos nas decisões que criticam. Com isso quer dizer que podem estar em causa situações sob a alçada disciplinar por parte da Ordem dos Médicos, como podem ainda estar em causa situações que ponham “em risco a saúde das pessoas”, porque os enfermeiros são os primeiros profissionais que começam um processo de intervenção no bloco operatório e neste momento a enfermagem tem de ser chamada em casa”, e isso - diz Jorge Santos - “Não pode acontecer. É insustentável”. Isso não é conveniente para um hospital, com as valências que tem o hospital. A falta de enfermeiros pode mesmo por em risco a saúde das pessoas, Como por exemplo, diz Jorge Santos, “um caso de obstetrícia pode aparecer e tem de ser resolvido em meia hora, ora meia hora é o tempo que o enfermeiro tem para chegar ao hospital de Ponta Delgada e isso não pode acontecer, de maneira nenhuma”.

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