Escreve o jornalista do Correio da Manhã, Bernardo Esteves, que "na compra de livros e material, o Estado só apoia famílias com rendimentos muito baixos. Milhares ficam sem apoios.O regresso às aulas faz de Setembro um mês complicado para as famílias, que vêem os orçamentos derrapar devido à compra de livros e material escolar. Um casal com dois filhos na escola facilmente gasta mais de 500 euros nesta altura do ano – isto se não comprar o material mais caro. O Estado ajuda, através da Acção Social Escolar (ASE), mas só as famílias com rendimentos muito reduzidos. O Ministério da Educação ainda não publicou o despacho com os valores dos apoios para este ano, mas não se esperam grandes alterações em relação a 2009. Por exemplo, um casal com um filho só acede ao escalão A da ASE, onde os apoios são maiores, se a soma dos rendimentos familiares for inferior a 838 euros por mês. Ou seja, um casal com um filho em que ambos os cônjuges ganhem o ordenado mínimo de 475 euros já integra o escalão B. E basta um casal com um filho ganhar 1257 euros (628,5 euros por cônjuge) para ficar fora da ASE, sem acesso a qualquer apoio para alimentação, livros e material escolar. "Temos ainda um caminho longo a percorrer para nos compararmos com outros países da UE", afirma Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais. Fernando Ribeiro e Castro, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), vai mais longe. "Parem com este assalto feito às famílias todos os anos pela indústria livreira. O Estado tem de dizer se está do lado das famílias ou das editoras", disse ao CM, garantindo que "não custa" acabar com este estado de coisas: "Basta obrigar a que todos os livros e cadernos de exercícios sejam reutilizáveis como sucede nos países ricos, para passarem entre irmãos, primos e amigos". Paulo Gonçalves, da Porto Editora, garante que essa é uma falsa questão, uma vez que a lei já proíbe que os livros tenham "espaços livres para a realização de actividades e exercícios", com excepção dos manuais dos 1º e 2º anos, bem como os de Língua Portuguesa. Os preços dos livros do Ensino Básico subiram 1,5 por cento e os do Secundário 0,4%, aumentos que a Confap considera "irrisórios". Noutros anos houve falta de livros, mas desta vez não haverá, garantem Porto Editora e Grupo Leya".
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