terça-feira, julho 22, 2008

Notícias da crise...

"O crédito malparado voltou a bater um novo recorde, atingindo os 2,59 mil milhões de euros nos 131 mil milhões de euros em empréstimos contraídos à Banca. O Boletim Estatístico de Julho do Bando de Portugal mostra que entre Abril e Maio a cobrança duvidosa subiu 27 milhões nos empréstimos à habitação – quase um milhão por dia. Mas é no crédito ao consumo que se regista a maior dificuldade no pagamento das prestações. Em Maio, os empréstimos contraídos pelas famílias portuguesas em créditos ao consumo totalizavam 14,94 mil milhões de euros, dos quais 633 milhões eram relativos a empréstimos de cobrança duvidosa. Em relação ao mês homólogo, o malparado aumentou para o dobro. Somada a totalidade dos créditos concedidos a particulares, o não cumprimento no pagamento das prestações é mais acentuado. Entre os meses de Abril e Maio deste ano o malparado aumentou 71 milhões de euros, um valor que representa um acréscimo de mais de dois milhões de euros por dia. Ao nível das empresas, as contas não são mais favoráveis. O crédito concedido ao sector privado ultrapassa os 106 mil milhões de euros – dois mil milhões de euros são relativos a créditos de cobrança duvidosa. Feitas as contas, se se adicionar o valor em incumprimento pelas famílias às falhas de pagamento das empresas em Portugal constata-se que os valores do crédito malparado chegam aos 4,6 mil milhões de euros" (texto da jonalista Diana Ramos);
"O abrandamento da economia portuguesa, que forçou o Governo e o Banco de Portugal a reverem as suas estimativas de crescimento, já está também a afectar o ritmo de cobrança de impostos, colocando em causa os objectivos definidos no Orçamento do Estado (OE) para 2008.De acordo com o boletim de execução orçamental publicado ontem pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO), a receita fiscal cresceu 2,4 por cento durante a primeira metade deste ano, um valor que fica abaixo dos 3,8 por cento previstos no OE.Em especial, nota-se um ritmo de cobrança bastante lento ao nível dos impostos sobre o consumo, aqueles que sofrem de forma imediata com o abrandamento da economia. Até Junho, o IVA cresceu 5,5 por cento face a igual período do ano anterior, tornando muito difícil de alcançar o objectivo de aumento da receita de 8 por cento traçado inicialmente pelo Governo. Até porque, como refere o próprio boletim da DGO, a receita do IVA "deverá desacelerar no segundo semestre" devido à redução da taxa máxima de 21 para 20 por cento a partir de Julho.Deste modo, optando pelo optimismo e assumindo que o IVA mantém um crescimento de 5,5 por cento no final do ano, já se pode estar perante uma perda de receita face ao previsto próxima de 320 milhões de euros, ou seja, cerca de 0,2 por cento do PIB" (texto do jornalista Sergio Aníbal);
"Um em quatro beneficiários do rendimento social de inserção encontra emprego no prazo de um ano, mas o modelo português apresenta inúmeras falhas, é "repressivo" e está longe da eficácia do sistema finlandês, que chega a colocar 35% dos beneficiários no mercado de trabalho, de acordo com um estudo a apresentar hoje em Lisboa por Amílcar Moreira, investigador na Universidade de Dublin, Irlanda.O que está a falhar no rendimento social português, inspirado no modelo francês? "O modelo pode estar a limitar as possibilidades de inserção dos beneficiários" no mercado de trabalho, afirma Amílcar Moreira, que usa dados de 1998 para comparar a eficácia entre os vários modelos na Europa, admitindo que os números sejam nos últimos anos "mais positivos". Mas, ainda assim, os actuais modelos diferem e são múltiplas as razões que explicam a menor eficácia do RSI português, já que há "problemas de interligação entre vários serviços", nomeadamente com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, IEFP, e "não estabelece normas precisas".Acresce que o modelo português é visto como "repressivo". As pessoas "com maior dificuldade para encontrar trabalho são deixadas num limbo", refere o investigador. As sanções de carácter repressivo, "como as usadas no RSI, não são necessariamente as mais eficazes" (texto do jornalista Rudolfo Rebelo);
"O crédito malparado nos particulares aumentou 17% até Maio, para 2,6 mil milhões de euros. Este valor ainda é pequeno face ao crédito concedido, mas a subida é contínua desde o início do ano. A crise também já afecta as empresas.Desde o início do ano que o peso do crédito malparado não pára de aumentar face ao total de empréstimos bancários concedidos às famílias portuguesas. No universo das empresas, o fenómeno é idêntico, mostram as bases de dados actualizadas do Banco de Portugal (BdP).Em Maio, o incumprimento das famílias valia perto de 2,6 mil milhões de euros (ou 2% do total de crédito), um valor 17% superior ao do período homólogo de 2007. Os especialistas e o próprio BdP insistem que rácios desta magnitude ainda são baixos, portanto não devem ser encarados como sendo de extrema gravidade. Contudo, a tendência recente nos valores em cobrança duvidosa preocupa até porque os pedidos de ajuda não param de crescer, confirmam os gabinetes de apoio ao endividamento da Associação de Defesa do Consumidor (DECO) e do ISEG (GOEC).Nas famílias, a subida homóloga do malparado – 15% na habitação e 50% no consumo (onde estão cartões de crédito e o crédito por telefone, por exemplo) – foi a maior desde meados de 2003, ano de recessão. Mas nessa altura os juros do BCE estavam em mínimos históricos. Hoje a taxa directora vale mais do dobro, o ‘stock’ de endividamento é maior (129% do rendimento disponível), a economia deve crescer pouco mais de 1% e os salários reais menos de 1%" (texto do jornalista Luís Reis Ribeiro);
"A crise mundial está a conduzir a uma drenagem sem precedentes por parte dos investidores estrangeiros da riqueza financeira da economia portuguesa em forma de juros e dividendos. Só entre Janeiro e Maio, o exterior, que detém participações significativas em Portugal por via dos investimentos directos estrangeiros (IDE) e das aplicações de carteira (acções e obrigações), repatriou mais de nove mil milhões de euros – o que corresponde a um aumento de 11% face a igual período de 2007, mostra o boletim estatístico do Banco de Portugal, ontem divulgado.Estes valores reflectem o impacto da subida das taxas de juro e da progressiva rarefacção do crédito nos mercados internacionais. E comparam com os 5,5 mil milhões de euros de rendimentos que Portugal conseguiu receber do exterior nos primeiros cinco meses deste ano. Resultado: o défice da balança de rendimentos – que, ‘grosso modo’, mede o desequilíbrio entre créditos em juros e dividendos (cobrados pelos portugueses ao exterior) e débitos cobrados pelos exterior por conta do elevado endividamento da economia – deteriorou-se significativamente até 3,6 mil milhões de euros (mais 25% face ao período homólogo). Depois do défice comercial, o défice dos rendimentos é a maior causa de desequilíbrio do país, que vive acima das suas possibilidades há anos" (texto do jornalista Luís Reis Ribeiro).

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