Ainda do jornal "Publico", e da autoria da jornalista Ana Rita Faria, recomendo a leitura de um texto que retrata bem o drama porque passam os portugueses - que começam a ser aos milhares - que deixaram, de poder pagar as prestações bancárias relativas aos empréstimos da sua habitação: "Na era do dinheiro fácil, cada vez mais pessoas contraem empréstimos na ânsia de viver melhor. Muitas acabam por ficar apenas com a vida presa às dívidas. Quando Maria Helena (nome fictício) teve de entregar a casa ao banco, por não conseguir pagar o empréstimo, pensou que o seu pesadelo tivesse acabado. Mas nem sempre perder a casa é o pior que pode acontecer a uma pessoa endividada. Durante os dois anos seguintes viu multiplicarem-se as dívidas e agonizou por quase deixar faltar comida às filhas. O banco pressionava-a sem parar, até ameaças houve. Só que, quando o dinheiro não entra na carteira, também não há como pagar o que se deve. O caso de Maria Helena é apenas um exemplo dos milhares de pedidos de apoio que todos os anos chegam ao Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco (ver caixa). Face à recusa de muitos em falar sobre as suas histórias de endividamento, a Deco forneceu ao PÚBLICO três casos reais que chegaram ao seu gabinete. Ao de Maria Helena junta-se o de Margarida Silva e Miguel Oliveira (nomes fictícios). Ela era subgerente de um banco, ele sócio-gerente de uma empresa. Juntos, são a prova de que o fenómeno do sobreendividamento não atinge só os mais fracos.Voltando a Maria Helena, a saga começou em 2005. A impossibilidade de pagar o empréstimo levou-a a entregar a casa ao banco, mas teve de ficar a pagar o remanescente, que rondava os 37 mil euros, em pagamentos mensais de 510 euros durante sete anos. Fazendo contas, o acordo dava mais cinco mil euros ao banco".
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