Porto: gentilezas aeroportuárias (I)

Graças a Deus que o Porto só muito raramente faz parte dos meus roteiros de viagem. Em Lisboa, apesar de tudo, apesar de serem "mouros", tenho a sensação de que somos melhor tratados. Não sou pessoa - e os que me conhecem sabem que isto corresponde rigorosamente à verdade - que utilizar as salas que a TAP disponibiliza para os seus passageiros possuidores da porcaria de um determinado cartãozeco. No Funchal, penso eu, só uma vez entrei para ver como era. Hoje no Porto, com todos os atrasos a que me referi, dirigi-me à Sala do Aeroporto que a TAP utiliza e apelei à benevolência das funcionárias para que fosse permitido o acesso a uma familiar com mais de 70 anos, que por razões óbvias, nem anda a papar milhas para ter cartões prateados ou dourados, nem se atira numa espiral, de consumo descontrolado só para ter um cartão de crédito dourado, os tais que custam quase 20 contos por ano, só para ter acesso à sala nas raríssimas vezes em que viagem por ano. Pois a zelosas funcionárias do "lounge" do aeroporto do Porto (é assim que se chama, esta coisa fina...) recusaram autorizar tal acesso, refugiando-se no gasto "temos ordens para...". Dei comigo a pensar, perante a estupidez de gente tão rasteira, se a "canalha" que por vezes somos obrigados a ter que aturar nestas salas, pulando de um lado para outro, sentando-se horas frente ao computador, devorando sandes ou sumos uns atrás dos outros, serão eles passageiros portadores dos tais cartões de cáca ou se, bem vistas a coisas, terão um estatuto de superioridade face à tal passageira de 70 e tal anos que certamente não passa de uma coitada de uma "pobretanas" que nem a porcaria de um cartão prateado ou dourado ou da cor que quiserem, consegue ter. A coitada da mulher, por causa das poucas milhas que faz todos os anos, ainda conseguiu ter direito a um cartão dos “pobretanas”, mas nem assim consegue cativar a compreensão de funcionárias tontas, mas bem fardadas, pintadas e penteadas, sabe-se lá saídas de onde e como ali chegadas...Fica aqui o registo desta gentileza aeroportuária no Porto, para mim surpreendente, porventura uma situação pessoal, mas que eu entendi que não poderia deixar passar em claro.