segunda-feira, julho 30, 2007

TAP com prejuízo de 30 milhões... (II)

Sobre o assunto em epígrafe, recomedamos o seguinte artigo de opinião de André Macedo (Diário Económico):
A TAP e o futuro

O copo está meio vazio ou meio cheio? Comparando com o mesmo período do ano passado, Fernando Pinto conseguiu uma melhoria de 41% nos resultados. Até Junho de 2006, a transportadora aérea registara um prejuízo de 52 milhões de euros. Ou seja, este ano os primeiros seis meses correram claramente melhor. Ainda assim, não é certo que o Verão e os últimos meses de 2007 – épocas altas – permitam à TAP levantar voo e atingir os 37,9 milhões de lucro definidos como meta pelo ministro Mário Lino.Acontece que definir objectivos não deve ser o único papel do Governo como accionista da companhia aérea. É evidente que pedir bons resultados é essencial. Melhor: é fundamental. Numa empresa que navegou no vermelho até 2002 e que, há apenas sete anos, estava à beira do colapso (prejuízo de 122 milhões), a necessidade de manter os cintos apertados é uma questão política de simples bom senso. Acresce que a aviação mundial, depois de um ciclo negro a seguir ao 11 de Setembro, voltou aos resultados positivos em 2006. Dito de outra maneira: apesar de pressionada pela escalada do petróleo, a economia mundial está a crescer 5,2% ao ano e esse sopro favorável ajudou a impulsionar um negócio onde é fácil perder milhões. As falências sonoras (Delta, Northwest, SwissAir) e a turbulência na Alitalia são a prova de que é preciso ter estômago de ferro para aguentar o embate. Quem não se adaptar – crescendo por fora e cortando por dentro – tem o epitáfio escrito: foi-se.A gestão de Fernando Pinto tem sido essencial para dar músculo à TAP. Bem sustentada por uma capacidade exemplar de conseguir resultados imediatos e, também, por uma eficiente máquina de relações públicas, Pinto move-se como um radar bem afinado. Não há memória de uma administração com tão vasta capacidade de manobra política – dentro e fora da empresa. Dentro, a paz social é evidente: a capacidade de arregimentar os pilotos, o coração da companhia, tem sido fundamental. Fora, o bom entendimento silencioso com o Governo tem sido a blindagem necessária para manter a TAP ao largo da partidarização que, no passado, corroeu a empresa.O mérito é quase todo de Fernando Pinto. No entanto, chegado aqui, o Governo deveria fazer mais. Deveria entender que, se os objectivos de curto prazo da TAP fazem sentido, é fundamental ter a certeza que a gestão de Pinto é mais do que uma corrida de 100 metros. Ou seja, a actual boa gestão deixa lastro para o futuro. A aposta ganha no Brasil, por exemplo, não deveria afastar a companhia de África. Hoje, o Brasil tem 60 voos semanais da TAP. África recebe 28. O potencial de crescimento deste mercado, essencial para a economia portuguesa, é evidente e ajudaria a TAP a ficar menos exposta à natural erosão no Brasil (um dia, as companhias brasileiras acordam e vão querer uma parte do bolo...). No entanto, sem a diplomacia económica do Governo para reabrir as portas de África, nada acontecerá. E um dia, será tarde de mais. Nessa altura, Fernando Pinto pode já nem cá estar".

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