sábado, setembro 10, 2022

Goldman Sachs: Fatura média de energia das famílias europeias deve atingir 500 euros por mês no início de 2023


O banco Goldman Sachs calcula que as famílias europeias entrarão em 2023 a pagar em média 500 euros por mês em eletricidade e gás. E sugere não só limites de preços mas também a criação de défices tarifários. Os analistas do banco de investimento Goldman Sachs estimam que no início do próximo ano a fatura média de energia das famílias europeias deverá atingir os 500 euros por mês, com um aumento de cerca de 200% face a 2021. Esse disparo pode ser ainda maior, para os 600 euros mensais (na soma das faturas de eletricidade e gás natural) num cenário de corte total do fornecimento de gás russo à Europa. Recorde-se que em Portugal vários comercializadores já anunciaram que em outubro aumentarão as suas tarifas de gás natural (como a EDP, Galp e Goldenergy). No caso da EDP Comercial, os aumentos são de três dígitos (só a tarifa de energia do primeiro escalão de consumo de gás irá subir 233%), o que levou o Governo português a anunciar que irá legislar para permitir o regresso dos clientes domésticos e pequenos negócios às tarifas reguladas (que terão em outubro um aumento médio de 3,9%).

A projeção dos aumentos das faturas das famílias europeias surge numa nota de análise difundida no domingo à noite pelo Goldman Sachs, que calcula que o aumento dos gastos com energia na Europa ascenda a 2 biliões de euros, cerca de 15% do produto interno bruto (PIB) europeu.

“Acreditamos que a crise energética, em particular no que respeita aos custos, atingiu um ponto crítico, requerendo provavelmente uma intervenção política significativa”, escrevem os analistas do Goldman Sachs na nota a que o Expresso teve acesso.

“Na nossa perspetiva, o mercado continua a subestimar a profundidade e as repercussões estruturais da crise”, acrescentam os analistas, notando que estes impactos “serão ainda mais profundos do que os da crise petrolífera dos anos 1970”.

Segundo os especialistas do Goldman Sachs, há várias medidas de curto prazo que podem ajudar a Europa a enfrentar esta crise energética, entre as quais se incluem os limites de preços e a criação de défice tarifário.

Os limites de preços poderiam permitir poupar 650 mil milhões de euros por ano à Europa, mas tal significaria que mesmo assim os agravamentos das faturas energéticas de famílias e empresas ainda seriam de 1,3 biliões de euros (perto de 10% do PIB europeu).

E é por isso que o Goldman Sachs admite que pode ser necessário recorrer a medidas que criem défice tarifário, a recuperar ao longo de 10 a 20 anos.

Adicionalmente, na sua análise o Goldman Sachs sublinha que há soluções estruturais que podem ajudar a Europa no médio prazo, como um novo desenho de mercado no negócio da produção de eletricidade (desacoplando os preços grossistas dos custos do gás) e uma aceleração da eletrificação da economia, focada nas energias renováveis.

Nesse sentido, há várias empresas cujas ações o banco destaca, pela sua exposição a carteiras de projetos de energia renovável, nomeadamente a RWE, a Orsted e a portuguesa EDP (Expresso, texto do jornalista Miguel Prado)

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