As exportações de gás russo estão a chegar à Europa através da china, denunciou a publicação alemã ‘Deutsche Welle’. “O mercado global de gás natural liquefeito (GNL) está cada vez mais bem integrado e as mudanças na procura regional podem ajudar a equilibrar os mercados que, de outra forma, seriam apertados. Esse redirecionamento de fluxos atende aos interesses de todas as partes envolvidas”, reconheceu Nicholas Kumleben, diretor de pesquisa de energia da consultoria macroeconémica da ‘Greenmantle’. Antes do inverno, o armazenamento de gás da Europa está quase a 80%, em parte graças às exportações de GNL da China, relata o Nikkei, depois de a Rússia ter reduzido drasticamente o fornecimento de gás para a Europa desde a invasão da Ucrânia. Por outro lado, as empresas chinesas de GNL aumentaram a oferta para os mercados estrangeiros em resposta à crescente procura.
Até ao momento, em 2022, as empresas chinesas venderam 4 milhões de toneladas de GNL nos mercados internacionais, o que representa cerca de 7% do consumo de gás da Europa no primeiro semestre do ano, segundo dados do JOVO Group da China. Também a maior refinaria de petróleo da China, Sinopec Group, frisou que está a canalizar o excesso de GNL para o mercado internacional. “Se a Europa está a comprar GNL da China, sim, potencialmente parte dele pode ser russo, se for misto em particular”, disse Anna Mikulska, do Centro de Estudos de Energia do Instituto Baker de Políticas Públicas da Universidade Rice, nos Estados Unidos. “Não acredito que existam regras de origem de conteúdo – no final, ainda é uma questão de deslocamento de volumes realmente.” Esta ‘dança’ de gás parece contornar as sanções à Rússia, embora a UE não tenha sancionado o gás russo. “Não há nada que a UE possa fazer além de não comprar da China, mas assim expõe-se a uma escassez potencialmente grave de gás no inverno”, acrescentou Mikulska. “Dessa forma, é a China e não a Rússia que captura os potenciais lucros adicionais da revenda desse gás.”
As vendas de gás de gasoduto da Rússia para a China cresceram quase 65% nos primeiros seis meses do ano em comparação com 2021. O que coloca uma questão: Mikulsksa, por sua vez, acredita que a situação expõe a UE, bem como os EUA e a NATO. “À medida que gravitam em direção à cooperação, a Rússia e a China podem trabalhar juntas para manipular ou influenciar os mercados globais de energia a um nível muito maior do que se agissem independentemente um do outro”, alertou. “Isso não será resolvido até que a Europa descubra as questões de oferta alternativa. Não será fácil e não acontecerá neste inverno”, disse (Multinews, texto do jornalista Francisco Laranjeira)
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