Na segunda-feira, o aeroporto de Bruxelas foi obrigado a cancelar todos os 232 voos programados de partida por causa de uma greve da equipa de triagem. A paralisação fez parte de uma greve geral na Bélgica que também afetou partes da rede de transporte urbano da capital. A situação em Bruxelas, que tem o maior aeroporto da Bélgica, é apenas um retrato do que está a acontecer em toda a Europa. O aeroporto de Schiphol, em Amsterdão, impôs um limite para os voos que operará devido à falta de funcionários. Trabalhadores da Ryanair e da Brussels Airlines anunciaram greves para esta semana, enquanto a Lufthansa já cancelou mil voos de julho, devido à escassez de funcionários no aeroporto de Frankfurt, o maior da Alemanha.
Enquanto isso, a companhia aérea easyJet disse que foi obrigada a cortar milhares de voos planeados para este verão. Na segunda-feira, o aeroporto de Heathrow pediu às companhias aéreas que cancelassem 10% dos voos devido à falta de pessoal que deixou os passageiros horas à espera para recuperar a bagagem. O Reino Unido começou hoje uma greve ferroviária de três dias, com a participação de cerca de 40 mil trabalhadores e apenas um quinto dos serviços normalmente programados em execução. Os sindicatos querem um aumento salarial de 7%, que o governo recusa.
Em Varsóvia, Polónia, as tensões estão a aumentar entre os controladores de tráfego aéreo e a Agência de Serviços de Navegação Aérea do país. Os dois lados fecharam um acordo temporário em abril, impedindo uma paralisação sobre salários e condições de trabalho pós-COVID que prejudicariam os serviços aéreos para o maior aeroporto do país. Agora, os sindicatos queixam-se que a agência não cumpriu a sua parte do acordo e ameaçam demitir-se. Em Portugal, junho também tem sido um mês marcados por greves nos transportes, com várias perturbações no metro de Lisboa e na CP, reivindicando sobretudo aumentos salariais.
Os passageiros estão por isso a ficar cada vez mais impacientes à medida que as férias de verão se aproximam e os políticos preocupam-se em manter os orçamentos sob controlo e limitar a raiva do público. Por outro lado, as companhias aéreas estão revoltadas porque dizem que apresentaram os seus horários de verão no final de março, dando aos aeroportos tempo suficiente para contratar funcionários. Os responsáveis dos aeroportos argumentam que demoram até 16 semanas para obter autorização de segurança para os trabalhadores, dificultando o aumento rápido da força de trabalho. Já do lado da indústria, os responsáveis dizem que grande parte do problema é que os funcionários dispensados ou demitidos durante a pandemia decidiram não regressar a um setor que oferece salários mínimos e condições de trabalho difíceis.
“Todo o setor sofreu muito”, disse ao ‘Politico’ Nathalie Pierard, porta-voz do Aeroporto de Bruxelas. “Houve demissões e agora, pouco a pouco, estamos novamente à procura de funcionários, porque a recuperação está em curso, acrescentou.” (Multinews, texto da jornalista Simone Silva)
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