sábado, abril 23, 2022

Sondagem: Costa parte com saldo positivo. Marcelo continua imbatível na popularidade

Primeiro-ministro recupera fôlego na avaliação dos portugueses, neste arranque de legislatura, mas ainda está longe do apoio que conseguia há um ano. Presidente da República beneficia de admiração suplementar entre as mulheres para se manter no topo. Depois da tempestade política do ano velho, a bonança que chega a par da maioria absoluta do ano novo: o primeiro-ministro volta a ter saldo positivo (26 pontos) na avaliação dos portugueses, segundo o barómetro da Aximage para o JN, DN e TSF. O que não muda é a popularidade do presidente da República (mantém um saldo positivo de 46 pontos). Outra coisa que se manterá sem oscilações, aposta a maioria (47%), é o relacionamento de Marcelo e Costa. Os restantes dividem-se entre a previsão de que o ambiente entre os dois vai melhorar (23%) ou piorar (23%). Caso para atirar uma moeda ao ar.

As contas de António Costa voltaram ao verde, mesmo que esteja ainda longe da bonomia com que era tratado há precisamente um ano: nessa altura tinha 40 pontos de saldo positivo (a diferença entre avaliações positivas e negativas), agora são 26. Mas ainda está a 20 pontos de Marcelo Rebelo de Sousa, que mantém o mesmo saldo que registava em dezembro passado (46 pontos), quando já estava dado o tiro de partida para as legislativas.

Mas há um outro dado que mostra alguma capacidade de recuperação da estima por Costa, mesmo quando confrontado diretamente com esse fenómeno de popularidade que é Marcelo. Quando se pergunta aos portugueses em qual dos dois têm mais confiança, o primeiro-ministro fica praticamente na mesma (14%); mas o presidente da República cai nove pontos para os 43%. Não porque os inquiridos o tenham em menor consideração, mas porque há muitos que manifestam igual confiança nos dois políticos (32%).

Marcelo no feminino

Para além de estarem em patamares diferentes, é quando se analisa os diferentes segmentos (geografia, género, idade, classe social e voto partidário) que melhor se percebe que a popularidade de um e de outro assenta em pilares diferentes. No género, por exemplo, Costa deixou de ter o "voto" preferencial das mulheres, enquanto os homens são quem mais contribui para as suas avaliações negativas (mais dez pontos que elas). Ao contrário, Marcelo assenta como nunca nas avaliações positivas da amostra feminina (mais 13 pontos que eles).

Quando o ângulo se foca nos quatro escalões sociais em que se divide o barómetro, o primeiro-ministro mostra ter uma popularidade acima da média nos dois escalões intermédios (a classe média) e maior rejeição nos dois extremos, em particular nos mais ricos (classe média alta e alta). O presidente é mais homogéneo, mas partilha fragilidades no topo da escala, onde fica bastante abaixo da média.

Mais velhos com Costa

Quando o que está em questão é a idade ou a região onde vivem os inquiridos, a transversalidade de Marcelo Rebelo de Sousa torna-se mais evidente. Mesmo que esteja um pouco abaixo da média na Área Metropolitana do Porto, não depende de nenhum segmento em particular para sustentar os seus bons resultados.

O mesmo não pode dizer António Costa. Ainda que o saldo seja positivo em todas as regiões e escalões etários, salta à vista a importância das regiões Sul e de Lisboa (neste último caso mantém-se o padrão habitual), bem como o sólido pilar entre o eleitorado mais velho, que nunca o abandona nestes barómetros: entre os que têm 65 ou mais anos o saldo é de 41 pontos positivos (a média, recorde-se, são 26).

Socialistas com ambos

Quando se cruzam as escolhas partidárias dos portugueses com a avaliação que fazem aos dois principais políticos do país, destaca-se um notável ponto em comum (que dura desde julho de 2020, quando se deu início a esta série de barómetros da Aximage): o apoio massivo dos socialistas, ainda que, neste caso, Costa (saldo positivo de 82 pontos) leve uma expectável vantagem sobre Marcelo (58 pontos).

Daí para a Esquerda ou para a Direita, as diferenças voltam a acentuar-se. Nem tanto à Esquerda, onde Marcelo até tem maior saldo positivo do que Costa (a exceção são os eleitores da CDU, que lhe dão nota negativa), mas sobretudo à Direita: o primeiro-ministro sobrevive por uma unha negra (um ponto) à avaliação dos que votam no PSD (o presidente tem um saldo de 46 pontos entre os sociais-democratas), mas é severamente castigado por todos os que preferem a Iniciativa Liberal, o CDS e o Chega, ao contrário de Marcelo (com a exceção do eleitorado do Chega).

Outros números

67% Dois terços dos inquiridos pedem a Marcelo que seja mais exigente com o Governo. Uma percentagem semelhante ao habitual, embora agora uns pontos mais abaixo do que nos últimos dois barómetros do ano passado.

47% Há apenas um segmento em que vence a ideia de que o presidente não deve ser mais exigente com Costa: entre os socialistas (47%). Na verdade também entre os eleitores do Livre, mas estes têm um peso muito pequeno na amostra.

32% Os portugueses mais otimistas quanto a uma evolução positiva da relação política entre Marcelo e Costa são os mais jovens (18/34 anos).

58% Os que mais apostam na degradação do diálogo entre o presidente e o primeiro-ministro são os inquiridos que votam no Chega (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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