sábado, novembro 13, 2021

Turismo longe da recuperação



Emprego em máximos e desemprego em mínimos. É este o quadro que os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) traçam sobre o mercado de trabalho português no terceiro trimestre. A crise pandémica parece ter ficado para trás. Contudo, há sectores onde a realidade é bem diferente e contam com forte perda de emprego na comparação com 2019. O turismo é um caso emblemático. É o valor mais baixo desde o terceiro trimestre de 2003, excluindo o valor anómalo registado no segundo trimestre de 2020, quando o confinamento severo no país distorceu os dados. Entre julho e setembro deste ano, a taxa de desemprego em Portugal ficou pelos 6,1%, o que compara com 8% no mesmo período de 2020 e com 6,3% no trimestre homólogo de 2019, antes da crise pandémica. Também o número de desempregados — eram 318,7 mil pessoas no terceiro trimestre, segundo o INE — está em queda e ficou já abaixo do período pré-pandemia.

A descida do desemprego foi acompanhada pela subida do emprego. A população empregada em Portugal no terceiro trimestre atingiu os 4,8781 milhões de pessoas. É uma subida de 4,7% face ao mesmo trimestre de 2020, superando em 1,5% (mais 71,5 mil pessoas) o número de empregados em Portugal no terceiro trimestre de 2019. É também um máximo da década.

Esta recuperação não abrange transversalmente todos os sectores. Nalguns o emprego sinaliza que a crise endémica não ficou para trás, longe disso. É o caso do turismo. No terceiro trimestre, o sector do Alojamento, Restauração e Similares empregava 248,8 mil pessoas. São menos 84,7 mil postos de trabalho do que no mesmo período de 2019. Mais ainda, este número traduz um agravamento da perda de emprego no sector face ao pré-crise, por comparação com o que acontecia no segundo trimestre deste ano. É que, nessa altura o sector contava menos 72,9 mil postos de trabalho do que no segundo trimestre de 2019.

TELETRABALHO EM QUEDA

Com o país a desconfinar, a incidência do teletrabalho em Portugal tem vindo a recuar sucessivamente. No primeiro trimestre deste ano, altura em que o país enfrentou um segundo confinamento geral, um em cada cinco (20,7%) profissionais estavam em teletrabalho. No segundo trimestre, a percentagem baixou para 14,9% e voltou a recuar no verão para 12,7%.

Igualmente em queda está a taxa de subutilização do trabalho. Este indicador, que traduz o desemprego em sentido lato, é considerado muito importante pelos especialistas. Isto porque, além das pessoas classificadas oficialmente como desempregadas, abrange os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente emprego, os inativos que procuraram emprego mas não estavam disponíveis no imediato para aceitar uma vaga e os trabalhadores a tempo parcial que gostariam de trabalhar mais horas. Ora, este indicador caiu no terceiro trimestre para 11,9%, ficando já abaixo dos 12,4% do período homólogo de 2019, antes da pandemia (Expresso, texto da jornalista CÁTIA MATEUS e SÓNIA M. LOURENÇO)

Sem comentários: