quarta-feira, novembro 17, 2021

Quase metade dos recuperados da Covid-19 têm sintomas a longo prazo

Cerca de metade dos pacientes que recuperam da Covid-19 enfrentam sintomas a longo-prazo, durante pelo menos seis meses. Sintomas podem incluir problemas respiratórios, gastrointestinais, febre, fadiga e dores. Um novo estudo revela que cerca de 50% dos pacientes que recuperaram da Covid-19 sofrem de sintomas a longo prazo relacionados com a doença, por seis meses ou até mais tempo. O estudo, publicado online em outubro, consistiu numa análise de inúmeros estudos anteriores, que resultaram num universo estudado de 250.351 pacientes recuperados da Covid-19. A idade média dos pacientes era de 54 anos, 56% eram homens e 79% foram hospitalizados em sequência da infeção.

As descobertas revelaram que cerca de metade dos pacientes sofreu de condições relacionadas com a saúde mental, saúde pulmonar e neurológica, que se prolongaram em alguns casos durante seis meses ou mais após a infeção. Os sintomas, que variam de pessoa para pessoa, incluem ainda perda de peso, fatiga, febre ou dores. Em concreto, 54% dos pacientes experienciou pelo menos um sintoma em consequência da Covid-19, durante um mês após a infeção (estes sintomas são classificados como de curto-prazo). 55% sofreram sintomas durante dois a cinco meses (médio-prazo) e 54% sentiram sintomas durante seis meses ou mais (longo-prazo).

Problemas cardiovasculares, como dores no peito ou palpitações, ou problemas gastrointestinais foram dos mais comuns. Além disso, cerca de 20% sofreram de mobilidade reduzida, 23% sentiram dificuldades na concentração, 30% desenvolveram distúrbios de ansiedade, 25% tiveram problemas respiratórios, 20% experienciaram perda de cabelo ou alergias cutâneas e 37% sofreram fatiga ou fraqueza muscular.

O estudo revela ainda que sintomas persistentes (que durem mais de seis meses) foram também observados em 19% dos pacientes com o esquema de vacinação completo. Apesar de a maioria dos pacientes estudados terem necessitado de internamento hospitalar, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) garante que os sintomas a longo-prazo se podem estender a quem teve infeção ligeira ou mesmo assintomática. O organismo cita uma lista de sintomas que podem incluir alterações no paladar e olfato, e também nos ciclos menstruais, problemas a nível do sono, perda de equilíbrio ou alterações no humor.

Os cientistas envolvidos na pesquisa defendem que as sequelas persistentes, tanto a curto como a longo prazo, da Covid-19 não têm recebido a devida atenção da comunidade científica. Reforçam ainda que as descobertas do estudo evidenciam a necessidade de incorporar o cuidado destes sintomas nos sistemas de saúde, especialmente em países de baixo e médio rendimento – onde o aumento de certas condições associadas à Covid-19 pode afetar a resposta dos serviços de saúde (Visão)

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