terça-feira, novembro 16, 2021

Covid-19. Especialistas vigiam nova variante encontrada em França

A nova variante terá tido origem em África, continente onde apenas seis por cento da população está vacinada. Uma nova variante até agora designada de B.1.X ou B.1.649 foi identificada em França, onde 24 pessoas tiveram esta estirpe. Apesar de o último caso ter sido registado a 26 de outubro, a nova variante chamou a atenção dos especialistas: a proteína que permite ao vírus agarrar-se à célula, e assim iniciar o processo de infeção, apresenta alterações inéditas. Também foram registados casos, mas em menor quantidade, no Reino Unido, Suíça, Escócia e Itália.

No mês passado, 24 pessoas de uma escola da região francesa da Bretanha ficaram contaminadas com coronavírus. Metade das turmas foram mandadas para casa. Quando a nova variante foi identificada, os alunos voltaram à escola. Contudo, os profissionais de saúde verificaram mutações sem precedentes na proteína da B.1.640. Os especialistas ainda não determinaram se a nova variante de SARS-CoV-2 é mais ou menos contagiosa do que a Delta, responsável por quase todos os novos casos de coronavírus a nível mundial.

A variante B.1.X ou B.1.640 deverá ter tido origem no continente africano, um cenário temido pelos especialistas por expor a necessidade de igualdade na distribuição de vacinas. “Esta variante é um exemplo de que se deixarmos uma parte da população mundial sem acesso a vacinas, então o vírus vai continuar a propagar-se e irá levar a mais variantes”, considera o professor Cyrille Cohen, citado pelo The Jerusalem Post. Não enviar vacinas para os países africanos, pode a longo prazo dar origem a “novas variantes problemáticas que se desenvolvem em países não vacinados”, acrescenta o investigador.

“Existem apenas alguns casos de B.1.640 agora e pode muito bem ser que dentro de um mês todos possamos esquecer essa variante. Mas é um exemplo do que poderá acontecer se não houver acesso às vacinas para todos”, concluiu. As autoridades de saúde francesas continuam em alerta para esta nova variante.

Vacinação atrasada em África

Em finais de outubro, apenas seis por cento da população africana estava vacinada contra a Covid-19. “O motivo de tão baixa taxa de vacinação é bem conhecido: apesar das melhorias recentes, a produção global continua aquém da procura, com os países em desenvolvimento a enfrentarem longa espera pelas vacinas”, refere um relatório da Economist Intelligence Unit.

Segundo o mesmo documento, o programa COVAX da Organização Mundial de Saúde (OMS) só conseguiu enviar cerca de 400 milhões de doses e as doações de países mais ricos têm sido escassas. No entanto, mesmo que as vacinas fossem entregues, os países africanos teriam ainda o desafio de implementar o esquema vacinal e por em prática a logística necessária. A Covid-19 provocou pelo menos 5.098.386 mortes em todo o mundo, entre 253,17 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse. Atualmente, a variante Delta é responsável por 99,5 por cento das transmissões. A predominância desta estirpe não se verifica apenas na América Latina, onde as variantes Gama, Lambda e Mu ainda são responsáveis por um número significativo de infeções. Os epidemiologistas acompanham a evolução da Delta, à procura de novos sinais de mutações (RTP)

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