sábado, novembro 06, 2021

Natal em crise: Como chegámos a esta “tempestade perfeita”?



As cadeias de abastecimento ‘entupiram’, gerando uma crise sem precedentes. De repente o Natal parece estar em risco, com os preços dos produtos a subirem e com os prazos de entrega a não serem cumpridos. Afinal o que se passou? Tudo começou há mais de um ano com a pandemia. Mais do que um problema de transporte, é a escassez na oferta que está a prejudicar o mercado mundial, uma “tempestade perfeita”, como definem os especialistas. A crise dos contentores e dos próprios porta-contentores está a levar as grandes marcas a procurar uma alternativa no céu, chegando mesmo a pagar dois milhões de dólares por um único voo.

De acordo com o Air Charter Service dos EUA, alugar um Boeing 777, para realizar um voo de mercadorias, através da rota do pacífico pode custar até dois milhões de dólares, um valor considerável, quando comprado com os 750 mil dólares que teriam de ser pagos pelo mesmo serviço antes da pandemia. Algumas empresas de vestuário e calçado já chegaram mesmo a pagar entre 2,5 milhões de dólares a 3 milhões de dólares, para enviar mercadorias a partir do Vietname, segundo Edward DeMartini, vice-presidente para a logística aérea para a América do Norte da American Shipper, em entrevista ao Journal of Commerce. Segundo a Retail Dive, a Nike é – da elite das grandes marcas- a que mais tem aberto os cordões à bolsa para pagar este tipo de transporte.

Até então, cerca de 90% das mercadorias negociadas em todo o mundo eram transportadas por mar, já que é seis vezes mais  barato do que transportar de avião. Tendo em conta que o Natal e a Black Friday estão a chegar, DeMartini teme que “outubro seja dos priores meses para o transporte marítimo e o mês mais movimentado para o congénere aéreo”.

É possível salvar o Natal?

Dificuldades de transporte, engarrafamentos nos portos, escassez de matérias-primas e de contentores. O setor do transporte marítimo está a sofrer com as condicionantes criadas pela pandemia. Depois de uma época de “hibernação” mundial, o disparar da economia levou ao colapso logístico global.

“Este ano, mais do que nunca, será aconselhável ser pró-ativo e antecipar as compras de Natal, pois a situação de colapso excecional que a logística marítima internacional atravessa pode colocar em risco o abastecimento de todo o tipo de produtos, sobretudo em períodos de máximo consumo como as que acontecerão no final do ano ”, avisa Oriol Montanyà, diretor do Departamento de Operações, Tecnologia e Ciência da Escola Superior de Gestão da UPF de Barcelona (UPF-BSM), em declarações ao ‘el Economista’. O aproximar da data do Natal começam a colocar pressão em cima das cadeias de abastecimento. Atrasos nas encomendas e falta de contentores são apenas alguns dos ingredientes que podem levar a este colapso.

“A procura tem superado a oferta. Ou seja, não há navios suficientes para responder a todas as solicitações de transporte, o que está a causar interrupções em várias cadeias de abastecimento, a ponto de encontrar fábricas que foram obrigadas a interromper o abastecimento”, acrescenta Montanyà.

O ‘el Economista’ refere ainda haver uma infinidade de fatores que coincidiram ao longo do tempo, gerando uma situação imprevisível. Esses fatores são o colapso dos portos (onde os contentores ficam mais tempo do que o necessário), a descompensação dos fluxos (fazendo com que haja contentores onde não são necessários e vice-versa) e a procura subiu para 8% (o que supera uma oferta cada vez menor) (Executive Digest, texto do jornalista Fábio Carvalho da Silva)

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