sábado, outubro 19, 2019

Vai ser ressuscitada a Frente Centrista da Madeira?

Um grupo de cidadãos madeirenses estará alegadamente a ponderar a possibilidade de retomar o movimento político Frente Centrista da Madeira - criada nos anos setenta e que viria a ser a génese do PSD-Madeira, depois de negociações havidas em 1974 com Sá Carneiro. Segundo me confidenciaram, em mensagem, o projecto estará a ser "amadurecido", de forma "discreta", desde Janeiro deste ano, e poderá ter ganho uma outra velocidade graças à imposição de uma sucessão de acontecimentos políticos que aquele grupo de pessoas, com ligações a vários partidos, muitos sem filiação partidária, mas predominantemente próximos do PSD, entende dever ser olhado com preocupação.
O facto do PSD nacional poder ser tomado de assalto em Lisboa pela chamada ala "passista" - Montenegro será o rosto desse retrocesso - poderá constituir um primeiro rastilho para grandes abandonos da militância social-democrata regional. A essa realidade potencial juntar-se-á a alegada ameaça de outras dissidências resultantes de uma "enorme insatisfação, ainda que habilmente contida", perceptível entre as bases social-democratas regionais e dirigentes locais depois dos últimos acontecimentos.
A minha fonte, em ligações dirigentes a partidos políticos - já teve - garante fazer parte desse grupo apostado na eventual dinamização da FC, mas classifica de "primeira reflexão" o processo em causa, assegura que não existe ainda nenhuma decisão desenhada. Reconhecem também a existência de alguma tolerância para com Miguel Albuquerque cuja validade qual dependerá em muito do comportamento da coligação nomeadamente do CDS, e do papel do PSD-Madeira que dizem estar potencialmente ameaçado de "descaracterização" e submissão. 
"O reaparecimento da Frente Centrista com uma liderança entregue a uma nova vaga de políticos, de vários escalões etários", muitos deles próximos e/ou do PSD-M mas desligados de estruturas dirigentes locais e regionais do partido, a que se juntará uma "assinalável captação em sectores do eleitorado natural do CDS e uma importante aposta no eleitorado do PS-M que não subscreve entendimentos à esquerda", poderá ser o rastilho para um novo projecto político que os seus mentores dizem só valer a pena se for mobilizador, diferente, inovador, confiável, consequente e consistente, com "pés para andar e ganhar", que ocupe um "espaço ideológico próprio e claramente delimitado" e que seja "capaz de recolocar a politica regional ao centro evitando extremismos para a esquerda ou para a direita". 
Uma das ideias já abordadas "superficialmente" tem a ver com a indefinição quanto a uma Frente Centrista transformada imediatamente em partido político com base operacional na Madeira, que poderá crescer, depois e também, nos Açores - onde o PSD e o CDS locais revelam "gritantes incapacidades" e precisam de novas perspectivas e de novas pessoas  que "sustenham o perigoso avanço da abstenção". Há ainda a ideia de que não existirão no movimento estruturas estanques, nomeadamente para jovens, quando "é sabido que os eleitores são essencialmente a classe média e os escalões etários mais velhos". "Nessa ordem de ideias teríamos de ter estruturas para os eleitores idosos activos, para a classe média e para as mulheres que são as grandes vítimas do machismo prevalecente na política quando provavelmente reside entre elas os maiores níveis de saber e competência"... Curioso!
Na óptica dos alegados mentores da FC a política de juventude é uma das componentes de um projecto global que não pode privilegiar um dos seus tentáculos fundamentais em detrimento de outros igualmente importantes. Ou seja, parece haver uma recusa em institucionalizar com recurso a contrapartidas políticas organizações internas que depois "condicionam ou retiram eficácia, influência social e coerência política às políticas direccionadas para a juventude, porque tratar-se-ão de organizações "claramente contaminadas pelos defeitos e pelos males dos respectivos partidos".
Segundo a minha fonte de informação, o grupo que chamou a si este projecto - relativamente ao qual não há nenhuma decisão tomada - ascenderá a 40 pessoas, a maioria com experiência partidária diferenciada, divididas em três grupos de reflexão, que mantêm discretos encontros desde Janeiro deste ano, nos quais abordam a realidade política em função de todos os acontecimentos que a influenciam, directa ou indirectamente. Haverá, segundo também apurei, um pequeno grupo de madeirenses residentes em Lisboa que numa primeira fase serão envolvidos neste debate e discussão.
Confesso que pessoalmente tenho algumas dúvidas da eficácia desta aposta, até serem conhecidos mais pormenores, mas reconheço que quando os partidos tradicionais extremam posições, oscilando para a direita ou para a esquerda, aparece logo um espaço por ocupar, entre eles. Desconheço se este projecto tem já alguma base de partida potencial, ou se se trata apenas de uma ideia ainda em construção, agora acelerada pela realidade política e eleitoral do PSD e do CDS-Madeira, em clara queda em termos de influência quer social, quer eleitoral, quer política. Pedi mais esclarecimentos que me foram prometidos no final do ano!
Desconheço também se legalmente é possível ressuscitar - julgo que sim - uma organização que foi dissolvida em 1974 ou 1975 - não posso precisar, quando surgiu o então PPD-Madeira. Sei que há pessoas que estão atentas a Alberto João Jardim, que fez parte da Frente Centrista e que é desejado para se envolver, caso queira, no movimento, sem ter que desempenhar qualquer função de liderança. Particular atenção foi dada por aquele grupo quer à ameaça que Jardim fez de abandono do PSD nacional em caso do regresso de antigos colaboradores de Passos Coelho à liderança nacional do partido, quer mais recentemente a enigmática declaração de que estava em "reflexão" e que estranhamente até hoje ninguém conseguiu decifrar ou "traduzir"...
Chamo a atenção, sobretudo os mais jovens, para este texto que ajuda a perceber os contornos da Frente Centrista de 1974 e a sua influência na política regional, nomeadamente no nascimento do PSD-Madeira, na altura PPD-Madeira (LFM)

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