quinta-feira, outubro 03, 2019

Nota: Álvaro Cunhal, sempre actual...

Quando comento questões em concreto da vida política a última coisa que me importo é com nomes. Sou amigo de muitas pessoas, algumas há muitos anos, não tenho motivos nenhuns para estar contra elas, independentemente de concordar ou não com elas e de entender que há procedimentos que surpreendentemente demonstram que uma determinada estatura que julgamos existir, afinal era (é) ilusória. Talvez até perceba, talvez até encontre "justificações" mas sobre isso não direi rigorosamente nada. Que isto fique claro, não confundindo amizade com política, nem valorizo a questão pessoal numa análise política que faça. Limito-me a fazê-lo numa perspectiva daquilo que lógica política, se quiserem da ética política, da racionalidade na política, da confrontação entre as ambições pessoais dos protagonistas e aquilo que o bom senso e o respeito pela vontade expressa pelas pessoas recomenda. Eu sei que nestes quadros políticos recentes, em que a política se faz pela negociação, as pessoas se interrogam sobre se o principal desses processos é a lógica de uma governação - em nome de um projecto novo que aglutine ideias e propostas de dois ou mais partidos (em Canárias a coligação criada pelo Pacto das Flores envolve são 4 partidos) - ou apenas e só a preservação do poder ou a chegada ao poder. É natural. Mas o que eu sei é que estes processos políticos negociados deixam sempre marcas e que o futuro se encarrega sempre se clarificar as coisas, derrubando na caminhada do tempo os que se portaram mal e aqueles que trocaram a tal lógica por um prato de lentilhas, pela dependência do mediatismo que garante - curiosamente, só em sociedades de merda como a nossa - estatutos sociais inimagináveis, a par da vaidade pessoal e da ânsia do dinheiro. O dinheiro que tantas vezes cega as pessoas. Aliás não é por acaso que, alegadamente, se andam a tentar a saber salários de cargos quando nem sequer as pessoas estão eleitas - outras nomeadas depois disso - num processo que sendo secreto, não deixa de apelar a dignidade e à coerência de quem nele participa.
Desconfio que Álvaro Cunhal, mais do que nunca, tem razão. Recordo - ressalvando a diferença dos actos eleitorais em questão - que ele, que nunca foi com a cara de Mário Soares, com quem mantinha uma inimizade pública indesmentível, numa eleição presidencial, pediu aos comunistas que na segunda volta - Freitas do Amaral versus Mário Soares - votassem no antigo líder do PS nem que tivessem que tapar a cara de Soares no boletim de voto e no momento da votação (LFM)

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