Todos já perceberam que a campanha eleitoral para as eleições legislativas de domingo na Madeira, praticamente "desapareceu".
A explicação tem, em meu entender, duas componentes distintas: por um lado as eleições regionais de 22 de Setembro foram altamente disputadas, radicalizadas por uma bipolarização que deixou marcas, praticamente pulverizou os pequenos partidos, e foi tremendamente desgastante em termos de mobilização das máquinas partidárias, isto no caso dos principais e maiores partidos.
Enquanto para as eleições regionais, sem dúvida a dizerem muito mais ao eleitorado madeirense que as legislativas nacionais, foi evidente, repito e insisto, que os partidos mobilizaram tudo o que podiam, em meios e recursos humanos no terreno, gastaram dinheiro, quiçá nalguns casos até mais do que tinham, pelo que ficaram sem condições para duas semanas depois manterem o mesmo ritmo, a mesma dinâmica.
Os cartazes foram diminutos, a presença no terreno foi mais reduzida e mais discreta, os comícios não aconteceram, os tempos de antena são nacionais, etc.
As candidaturas bem se esforçaram mas foi mais do que evidente que a campanha assentou em visitas a instituições que levavam a reboque os meios de comunicação social para os quais as candidaturas peroravam o que lhes apetecia e interessava, sobretudo abordando matérias enquadradas nas relações entre o Estado e a Região e particularmente as responsabilidades que o Estado tem para com a Madeira e que está longe de as cumprir.
O segundo ponto tem a ver com os recursos financeiros escassos. A Assembleia da República - tal como o fez para a campanha eleitoral para as regionais - atribuiu aos partidos determinadas verbas (depois cabe à Entidade de Contas dos Partidos controlar as despesas feitas e as contas finais da campanha e denunciar eventuais desvios). No caso das eleições regionais - a Madeira foi a única região do país a ter dois actos eleitorais separados por duas semanas - foi público que das 17 candidaturas às regionais da Madeira, 16 previam gastar um total de 1,3 milhões de euros nas campanhas, com o PS a encabeçar a lista das despesas, já que apenas o MPT alegava que não gastava dinheiro dos contribuinte, talvez consciente da sua insignificância eleitoral.
Globalmente a Assembleia da República orçamentou para 2019 11 milhões de euros para
financiar as campanhas eleitorais de 2019.
Lembro que no caso da campanha eleitoral para as legislativas e tendo o PS, de novo, a ser o mais gastador com 2.5 milhões de euros, seguido do PSD, com um orçamento de 2 milhões de euros. Mas os partidos com assento parlamentar estimaram gastar 7,4 milhões de euros na campanha.
Eu só espero que os resultados na Madeira não sejam traiçoeiros para os partidos - e há partidos que precisam de evitar qualquer cenário de desaire eleitoral, e o mesmo se aplica a alguns políticos que precisam ter a legitimação que qualquer processo eleitoral determina e não saírem deles politicamente fragilizados, porque isso acarreta problemas e questionamentos vários.
Espero também que a abstenção não seja elevada na Madeira pelos motivos atrás referidos (LFM)
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