quarta-feira, outubro 09, 2019

PS-M faz escolhas parlamentares e alimenta a dúvida sobre Cafofo

O PS-Madeira cumpriu hoje as disposições político-parlamentares a que estava obrigado antes do início da actividade da nova Assembleia Legislativa: escolher o líder parlamentar que será eleito pelos 19 deputados socialistas e indicar o candidato do PS à vice-presidência que será proposto em plenário, 2 dias antes da reunião marcada para 15 de Outubro - como as demais candidaturas à Mesa - e que deve ser eleito por maioria absoluta dos deputados.
A primeira surpresa teve a ver com a escolha de Miguel Iglésias para a liderança do grupo parlamentar, apesar de não ter nenhuma experiência como deputado - presumo que terá alguma na Assembleia Municipal do Funchal mas, com o devido respeito, não se compara à ALRAM. Não foi revelada a restante equipa de Iglésias, que poderá ter 2 ou 3 vice-líderes parlamentares, mas admito que venha a haver um equilíbrio que pelo menos atenue a primeira conclusão que se pode retirar deste processo: Paulo Cafôfo pode ter negociado ou feito questão de "controlar" o grupo parlamentar e mesmo não surgindo em lugares de destaque - será que vai avançar como candidato a Presidente da Assembleia, sujeitando-se a uma nova derrota, ou o PS desistiu dessa possibilidade? - garante uma presença efectiva entre os seus pares.
Por outro lado, julgo que a escolha de Iglésias, considerado o braço-direito de Paulo Cafôfo (desde a CMF onde foi chefe de gabinete do ex-Presidente), indicia ter sido feita a opção para a liderança do grupo parlamentar de alguém conotado com a ala mais radical, politicamente falando, e que provavelmente o PS-Madeira, mais do que recusar qualquer entendimento com o PSD e o CDS, poderá ter dificuldades também em negociar com a oposição de esquerda, JPP e PCP, matéria que deverá ficar reservada, sempre que necessário, ao próprio Cafôfo.
Vítor Freitas meia-surpresa
A segunda decisão - para mim uma meia surpresa, dado que julguei que o ex-líder do PS, Jacinto Serrão, com uma longa experiência política e parlamentar, poderia ser o escolhido - privilegiou também a ala política socialista mais radical, para além de premiar o envolvimento nos bastidores de Iglésias e Vítor na campanha de Cafôfo. Resta saber com que votos vai Vítor Freitas contar na sua eleição
E Cafôfo? Um intervalo em Lisboa?
Sem ser ainda - parece que vai aderir até final deste ano - militante do PS-Madeira, sem ser líder parlamentar - confesso que não o vejo com perfil para essa função - e não sendo vice-presidente da Assembleia (admito que num outro cenário tanto Serrão como Cafôfo poderiam avançar...), estas escolhas confirmam informações que me foram dadas esta semana, repito e insisto embora sem confirmação, sobre o futuro de Cafôfo.
Segundo a minha fonte, próxima do PS-M, bem próxima do PS-M - acreditem ou não, é-me indiferente - há a possibilidade de Paulo Cafôfo ser promovido a um  lugar de destaque no futuro governo de Costa - que se empenhou na candidatura falhada de Cafôfo e que garantiu ao PS-M significativos recursos financeiros e uma experiente equipa de marketing e assessoria de comunicação - eventualmente uma secretaria de estado ou um lugar político num gabinete ministerial, para "adquirir tarimba", para preservar a sua imagem, "retirando-o do desgaste causo por um previsível combate partidário mais radicalizado e agreste" nestes primeiros meses da Legislatura, evitando assim um  perigoso desgaste pessoal e político, no fundo fazendo um percurso muito idêntico ao de Carlos César quando saiu dos Açores, esteve em Lisboa vários anos, e terá sido enviado por Mário Soares de volta aos Açores para destronar o PSD do poder, o que veio a acontecer quando Mota Amaral abandonou a liderança social-democrata. Enfim cenários plausíveis, interessantes e curiosos, mas que ainda não se confirmam.
O mistério de Carlos Jardim...
Curiosa a declaração colocada hoje na sua pagina do Facebook por Carlos Jardim, antigo responsável pela Frente Mar - e que chegou a ser considerado próximo de Cafôfo - declaração que dispensa mais comentários: "Defendi, hoje, na Comissão Política do PS Madeira, que o PS não pode pactuar com a indigitação de um deputado do CDS PP para Presidente da ALM. O PS deve apresentar um candidato à Presidência da Assembleia Legislativa da Madeira. Que os deputados decidam e que o PPD justifique como pode ceder a presidência da ALM à terceira força política. Eu não percebo e, estou certo, poucos percebem". Registei igualmente o comentário de Rita Pestana, antiga dirigente socialista e ex-Vice-Presidente da Assembleia: "Defendo mais, Carlos Jorge... Defendo que o PS deveria subscrever a candidatura de um deputado do partido mais votado. E aí veríamos!" (LFM, fotos DN-M com a devida vénia)

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