quinta-feira, outubro 03, 2019

Nota: Terceiro desaire? E depois?

Embora se refugie na teoria de que para o JPP as autárquicas de Santa Cruz são o objectivo principal - o que já se percebeu que deixou de ser quando se transformaram em partido - é mais do que evidente que um eventual 3º desaire eleitoral, nas legislativas nacionais de 6 de Outubro, depois da ausência das europeias (opção tomada por clara cautela defensiva, mas que não deixa por isso de constituir um desaire revelador de alguma impotência política), mas sobretudo nas regionais de Setembro, poderá questionar as própria liderança do partido.
A aparente unidade interna não é real porque há pessoas no JPP - cuja ideologia política é desconhecida - que defendem que depois das regionais o partido deve reposicionar-se no espectro político regional, sem ficar dependente seja de quem for, sem servir de muleta seja de quem for, mas sem manter uma posição "insonsa", procurando aos olhos dos eleitores justificar a sua utilidade fora da dimensão local - freguesia de Gaula - ou municipal - Santa Cruz. Porque é disso que falamos. Um partido que perdeu mais de 5 mil votos e 2 deputados  - e não foi apenas por ter sido alegadamente vítima de uma bipolarização que todos sabiam ser inevitável - que foi copiosamente derrotado em Santa Cruz e que se tornou insignificante eleitoralmente nos demais concelhos da RAM, tem muito que pensar e discutir, sem pressão, mas com pragmatismo.
É neste quadro que uma derrota nas legislativas de domingo pode questionar se existe ou não desgaste numa liderança partidária que não difere em nada das outras e que talvez por isso fez com que as pessoas tivessem votado em quem tinha realmente força política. Penso que o JPP já percebeu o que lhe aconteceu nas regionais mesmo que não tenha agradecido ainda aos deuses que o desaire eleitoral não tenha sido ainda maior.
O JPP por via da aplicação do método de Hondt acabou por eleger os 15º, 31º e 46º mandatos - o quadro publicado ajuda a perceber a realidade eleitoral do JPP nas regionais. Verificamos que o Caniço, apesar de ter sido a pior percentagem do JPP em Santa Cruz foi a freguesia com maior peso na votação do partido no concelho e que Santa Cruz representou mais de 67% da votação global regional do partido. Dá que pensar...
Ou seja garantir  seu espaço, repensar o discurso, abandonar um dispensável fundamentalismo que o tempo tornou lixo - que de ideológico nada tem porque desconhecemos a matriz ideológica do JPP que apenas reclama ser um  partido de esquerda, o que é muito vago - perceber as reais prioridades das pessoas em vez de ir por arrasto em função das notícias nos média e ter o pragmatismo que a política dos nossos e novos tempos exige dos protagonistas, sob pena dos partidos de definharem, seriam na minha opinião prioridades essenciais e mais urgentes.

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