segunda-feira, outubro 28, 2019

Nota: a AMRAM e o PSD-M

Muito sinceramente eu acho, depois de ler tudo o que foi escrito sobre a disputa pela liderança da AMRAM, que o que se passou, na lógica do PSD-M e de Pedro Coelho foi a confirmação de que os social-democratas precisam de uma estrutura interna que coordene politicamente não apenas os autarcas mas eventualmente mais do que isso, que os aconselhem, os acompanhem, partilhem e discutam ideias e propostas com eles, etc. Em situações normais, depois do PS-M ter tomado a iniciativa, por Miguel Gouveia, de propor Ricardo Nascimento (Ribeira Brava) para substituir Teófilo Cunha na liderança da Associação dos Municípios, era mais do que evidente que os socialistas apostaram na antecipação para neutralizarem o PSD-M.
Vamos a factos: 
a) sendo mais do que evidente que Funchal, Machico, Porto Moniz e Ponta do Sol, autarquias lideradas pelo PS, estariam ao lado do "independente" Ricardo Nascimento, da Ribeira Brava, e que dificilmente Filipe Sousa votaria num candidato do PSD- M - a "doença" mantém-se.... - mas que nada o impedia de votar no "independente" autarca da Ribeira Brava, se necessário fosse, tínhamos logo aqui um universo de 5 ou 6 protagonistas, deixando do outro lado os 3 autarcas do PSD-M - Câmara de Lobos, Calheta e Porto Santo - mais o novo autarca de Santana, do CDS, e o "independente" de São Vicente que entretanto se refiliou no PSD-M de onde saiu em 2013 para ser candidato autárquico contra as opções derrotadas do PSD-M liderado por João Jardim.
b) Ou seja, mesmo que estes 5 protagonistas votassem todos da mesma maneira, dificilmente Pedro Coelho seria eleito. Por isso das duas uma: ou havia um entendimento prévio entre a candidatura do PSD-M com o autarca de Santana, e o autarca de Santa Cruz, para que uma aposta social-democrata fosse ganhadora ou, não sendo isso possível, o PSD-M nunca deveria ter avançado com uma candidatura condenada ao fracasso.
O pior, neste processo, é que Pedro Coelho - que é membro da Comissão Política do PSD-M, que foi um  dos ganhadores indiscutíveis da noite eleitoral de 22 de Setembro, e que lidera a ARASD, estrutura dos autarcas social-democratas - em declarações na comunicação social deixou a dúvida sobre alguma deslealdade no universo do PSD-M, admitindo mesmo que tenha obtido o voto de apenas um autarca do PSD (Carlos Teles) e provavelmente o voto do novo autarca do CDS em Santana.
A verdade é que Pedro Coelho - resta saber se o PSD-M teve culpa directa neste desfecho eleitoral na AMRAM e que instruções foram realmente dadas - acaba por sair derrotado e claramente fragilizado deste processo atípico, não me espantando nada que devido a esta situação possa abandonar a liderança das ARASD por razões políticas que este "caso" indiscutivelmente abriram.
Não sei como é que o assunto se vai resolver mas de certeza que depois de tudo o que se passou e das acusações feitas por Pedro Coelho, o PSD-M remeter-se ao silêncio suscita de imediato muitas interrogações. E estupefações. Apesar de, repito, se me pedissem uma opinião prévia neste processo eu teria desaconselhado, convictamente, a candidatura de Pedro Coelho ou de outro autarca social-democrata (LFM)

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