Tenho poucas dúvidas que Paulo Cafôfo ao anunciar hoje no DN-Madeira a sua esperada disponibilidade (diria natural depois do que aconteceu até 22 de Setembro) para liderar o PS-M - algo que poderá acontecer já no congresso de 2020 - terá aberto uma frente interna politicamente perigosa.
Desde logo porque se fica sem saber se essa liderança terá sido negociada com Emanuel Câmara que sairia do terreno, deixando espaço livre ao candidato derrotado em 22 de Setembro. Depois porque não sabemos se os sectores do PS-M que sempre olharam para esta solução Câmara-Cafôfo com desconfiança aceitam, essa ideia de uma nova liderança tipo "salvadora", sem marcar o seu espaço próprio.
Desde logo porque se fica sem saber se essa liderança terá sido negociada com Emanuel Câmara que sairia do terreno, deixando espaço livre ao candidato derrotado em 22 de Setembro. Depois porque não sabemos se os sectores do PS-M que sempre olharam para esta solução Câmara-Cafôfo com desconfiança aceitam, essa ideia de uma nova liderança tipo "salvadora", sem marcar o seu espaço próprio.
Relação bizarra e algo circense
Acho uma candidatura natural depois dos episódios bizarros, politicamente caricatos e algo circenses que caracterizaram a relação de Cafôfo e o PS-M, uma liderança (?) duplicada em, que ambos os protagonistas, mais ou menos discretamente. Se no início se percebeu que Cafôfo chegou ao PS-M pela mão e por arrasto de Emanuel Câmara - que teve que derrotar Carlos Pereira, graças a movimentações de alguns homens da máquina socialista que se colocaram ao lado de Câmara - e que andaram meses a se marcar um ao outro, hoje tudo parece ter mudado.
Mudado como? Eu arriscaria dizer que Cafôfo percebeu que não podia alimentar mais a cena caricata no PS-M, que tem que se definir de uma vez por todas aos olhos das pessoas, que ou se filia e disputa a liderança ou afasta-se e poderá ficar condenado a uma espécie de travessia do deserto de 4 anos, tempo demasiado longo, caso a coligação PSD-CDS se mantenha firme. Isto salvo se Lisboa lhe deitar a mão, hipótese que, repito, está em cima da mesa.
Trindade importante e Costa quer Cafofo
E dou mais uma informação que me foi dada como certa por uma fonte socialista da minha confiança: Costa não aposta em Câmara e pretende que Cafôfo, mais cedo ou mais tarde, seja o líder dos socialistas. Neste contesto, garantem-se que Bernardo Trindade poderá ser uma peça fundamental nesta estratégia de Costa para o PS-Madeira que deixaria de fora - os dois candidatos à liderança do PS-M, Emanuel Câmara e Carlos Pereira, numa disputa que politicamente nunca ficou resolvida como aliás recentemente o constatamos.
Independentemente deste poder ser (?) o primeiro grande erro politico de Cafôfo - o de considerar que os 51 mil votos obtidos pelo PS-M em 22 de Setembro são ganhos adquiridos - é evidente que o primeiro sinal de que Cafôfo estaria a preparar-se para disputar a liderança dos socialistas madeirenses foi dado com os nomes para o parlamento. Tanto Iglésias como Vítor Freitas são dois nomes próximos de Cafôfo e que garantem a adequada "cobertura" política no PS regional caso se confirme o avanço do antigo autarca funchalense o que em certa medida explica a surpreendente escolha dos dois políticos para posições de destaque no quadro da actividade parlamentar socialista.
Cafôfo não pode esquecer-se de uma questão essencial: eleitoralmente o PS na Madeira não chega aos 30 mil votos e episódios eleitorais esporádicos em determinadas eleições não alteram em nada essa realidade que a história dos números o demonstra.
O segundo aspecto é que Cafôfo sabe - se não sabe pior ainda - que muitos dos 51 mil votos que o PS conseguiu nas regionais deste ano, tiveram a ver com a expectativa de uma mudança que saiu gorada, pelo que a sua candidatura será para todos os efeitos uma candidatura falhada e derrotada, salvo se algum volte-face escandaloso vier a ocorrer, algo que, confesso, nunca direi que não possa suceder. Não há volta a dar quanto a isso.
Contestação hipócrita
Acresce que se Cafôfo e o PS-M contestam com alguma irritação o CDS - vá lá saber-se os motivos... - devido ao envolvimento deste na viabilização da coligação com o PSD -ideologicamente a mnais natural, aliás na linha do que aconteceu a nível nacional entre 2011 e 2015, já não se percebe porque razão, para conseguir o poder - o poder pelo poder - o PS-M tenha tentado aproximar-se e aliciado o mesmo CDS-M que tanto critica (e sei que o fez antes das eleições de 22 de Setembro e podem negar 1000 veses porque 1000 direi que é verdade e que houve até reuniões entre elementos dos dois partidos).
Aliás o que é que se passsou com a geriongonça em 2015 em Lisboa? Não é umna coligação - assente num acordo parlamentar - perfeitamente natural entre partidos da esquerda? Como é que um entendimento parlamentar entre PSD e CDS na Madeira é tão criticado pelos socialistas locais? Com que autoridade reclamam como seus os votos de quem não votou no PSD, como que a distorcem de forma manipulada os resultados de 22 de Setembro e como se alguém que não votou no PS - e foram muitos milhares, tivesse passado de repente um mandato a Paulo Cafôfo e à sua corte, para perorarem asneiras como o têm feito, frustrados pela derrota e por terem sido afastados do poder.
Com uma diferença essencial. A geringonça envolveu três partidos derrotados nas urnas - considerados individualmente - mas que lograram, por via do método de Hondt, a maioria absoluta parlamentar que serviu de sustento a esta geringonça, agora com futuro imprevisível.
A coligação na Madeira, entre PSD e CDS, envolve o partido mais votado e aquele que elegeu mais deputados, porque presumo ter sido essa a vontade dos eleitores. Ou não foi?
PS-M culpado do falhanço de Cafôfo
Pergunto: não terá sido o próprio Cafôfo e o PS-M os culpados da derrota e de terem ficados apeados do poder, falhando a candidatura do ex-autarca do Funchal? Até que ponto a fragilização do PCP, do Bloco e da JPP - que perderam milhares de votos e deputados - não impediu os desejos do PS-M que terá em meu entender desvalorizado o facto de que para obter esta votação, tinha inevitavelmente de invadir o terreno eleitoral da restante esquerda.
Bem vistas as coisas o PSD-M perdeu apenas cerca de 130 votos enquanto que o crescimento do PS se ficou a dever ao aumento dos eleitores votantes (cerca de 15 mil) - que reconhecidamente não votaram no PSD-M - e às perdas eleitorais da esquerda (cerca de 13.600 votos incluindo mais de 1.500 votos do pouco falado PCTP) e parte do eleitorado do CDS - perdeu mais de 9 mil votos. Falamos de 38 mil votos em "movimento", incluindo novos eleitores, quando o PS aumentou mais 36.600 votos comparativamente à coligação de 2015 que foi um dos piores resultados de sempre do PS para regionais.
O que pretendo dizer é que ninguém sabe, a confirmar-se o assalto de Cafôfo à liderança do PS-M qual o futuro dos socialistas em actos eleitorais seguintes. Uma coisa é eleitores votarem no "independente" (mesmo que falsificado como todos sabiam) Cafôfo, outra coisa é votarem no mesmo Cafôfo já efectivamente líder do PS regional, despido das vestes de "independente" que eleitoralmente o ajudaram na caça ao voto na CMF mas que ficaram aquém do pretendido nas regionais de 22 de Setembro. Isto promete (LFM)
O segundo aspecto é que Cafôfo sabe - se não sabe pior ainda - que muitos dos 51 mil votos que o PS conseguiu nas regionais deste ano, tiveram a ver com a expectativa de uma mudança que saiu gorada, pelo que a sua candidatura será para todos os efeitos uma candidatura falhada e derrotada, salvo se algum volte-face escandaloso vier a ocorrer, algo que, confesso, nunca direi que não possa suceder. Não há volta a dar quanto a isso.
Contestação hipócrita
Acresce que se Cafôfo e o PS-M contestam com alguma irritação o CDS - vá lá saber-se os motivos... - devido ao envolvimento deste na viabilização da coligação com o PSD -ideologicamente a mnais natural, aliás na linha do que aconteceu a nível nacional entre 2011 e 2015, já não se percebe porque razão, para conseguir o poder - o poder pelo poder - o PS-M tenha tentado aproximar-se e aliciado o mesmo CDS-M que tanto critica (e sei que o fez antes das eleições de 22 de Setembro e podem negar 1000 veses porque 1000 direi que é verdade e que houve até reuniões entre elementos dos dois partidos).
Aliás o que é que se passsou com a geriongonça em 2015 em Lisboa? Não é umna coligação - assente num acordo parlamentar - perfeitamente natural entre partidos da esquerda? Como é que um entendimento parlamentar entre PSD e CDS na Madeira é tão criticado pelos socialistas locais? Com que autoridade reclamam como seus os votos de quem não votou no PSD, como que a distorcem de forma manipulada os resultados de 22 de Setembro e como se alguém que não votou no PS - e foram muitos milhares, tivesse passado de repente um mandato a Paulo Cafôfo e à sua corte, para perorarem asneiras como o têm feito, frustrados pela derrota e por terem sido afastados do poder.
Com uma diferença essencial. A geringonça envolveu três partidos derrotados nas urnas - considerados individualmente - mas que lograram, por via do método de Hondt, a maioria absoluta parlamentar que serviu de sustento a esta geringonça, agora com futuro imprevisível.
A coligação na Madeira, entre PSD e CDS, envolve o partido mais votado e aquele que elegeu mais deputados, porque presumo ter sido essa a vontade dos eleitores. Ou não foi?
PS-M culpado do falhanço de Cafôfo
Pergunto: não terá sido o próprio Cafôfo e o PS-M os culpados da derrota e de terem ficados apeados do poder, falhando a candidatura do ex-autarca do Funchal? Até que ponto a fragilização do PCP, do Bloco e da JPP - que perderam milhares de votos e deputados - não impediu os desejos do PS-M que terá em meu entender desvalorizado o facto de que para obter esta votação, tinha inevitavelmente de invadir o terreno eleitoral da restante esquerda.
Bem vistas as coisas o PSD-M perdeu apenas cerca de 130 votos enquanto que o crescimento do PS se ficou a dever ao aumento dos eleitores votantes (cerca de 15 mil) - que reconhecidamente não votaram no PSD-M - e às perdas eleitorais da esquerda (cerca de 13.600 votos incluindo mais de 1.500 votos do pouco falado PCTP) e parte do eleitorado do CDS - perdeu mais de 9 mil votos. Falamos de 38 mil votos em "movimento", incluindo novos eleitores, quando o PS aumentou mais 36.600 votos comparativamente à coligação de 2015 que foi um dos piores resultados de sempre do PS para regionais.
O que pretendo dizer é que ninguém sabe, a confirmar-se o assalto de Cafôfo à liderança do PS-M qual o futuro dos socialistas em actos eleitorais seguintes. Uma coisa é eleitores votarem no "independente" (mesmo que falsificado como todos sabiam) Cafôfo, outra coisa é votarem no mesmo Cafôfo já efectivamente líder do PS regional, despido das vestes de "independente" que eleitoralmente o ajudaram na caça ao voto na CMF mas que ficaram aquém do pretendido nas regionais de 22 de Setembro. Isto promete (LFM)
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