domingo, outubro 06, 2019

Nota: a hipocrisia socialista na Madeira

Não sou hipócrita, obviamente. Ando há muitos anos a "virar frangos"  na política, suficientes para saber o que está em cima da mesa e que chão piso.
Quando se questiona um determinado "establishment" que agrada a alguns se concretize - mesmo que contestado na surdina - há logo uns bandalhos que saltam da pocilga insultando as pessoas, em vez de trocarem ideias que no fundo sabemos que não têm. São uns merdas que nem sequer são capazes de discutir, refugiando-se no insulto fácil escondido (até ver...) num anonimato muito alargado, em termos de protagonistas, reunindo na mesma retrete agentes políticos do "contra", comentadores de jornais e alegadamente outros profissionais da comunicação social (?) - desconheço se no activo ou se retirados das redações - o que a confirmar-se, neste último caso, seria uma das minhas maiores desilusões. E é por isso que me delicio com a hipocrisia dos socialistas locais e seus tapetes que usam as redes sociais e os meios de comunicação social em geral para darem expressão de crítica ou de  "solidariedade" com o CDS, criticando-o por não se ter virado para eles ou incentivando-se a exigir sempre e mais na esperança de uma crise na potencial coligação.
Delicio-me também com a hipocrisia idiota da orquestra socialista contra a maioria absoluta na Madeira mas que passou a campanha eleitoral para as legislativas de 6 de Outubro a reclamar timidamente uma maioria absoluta e que esquece que governa nos Açores com outra maioria absoluta que tanta urticaria lhes causava na Madeira.
No fundo - e bastaria ver a dialéctica, por vezes dura, que marca nestes anos em Lisboa o confronto entre PS e CDS para percebermos isso - mais do que a questão ideológica o que os socialistas pretendem, com esse "aliciamento" ao CDS é sobretudo a vã esperança que este lhes faça o frete de subverter na Madeira o que eles fizeram em Lisboa em 2015 e que penalizou o CDS. Lembram-se? Eu recordo.
Quando em 2015, em Lisboa, PS,Bloco e PCP, que perderam as eleições, chegaram a acordo e pariram a geringonça, que garantiu o apoio parlamentar necessário a uma Legislatura sem tremideiras, o que estava em cima da mesa era apenas e só o assalto e a conquista do poder, subvertendo os resultados eleitorais, mas com a legitimação que lhes é propiciada por um regime parlamentar como o nosso.
A coligação PSD-CDS - que muita porcaria fez durante 4 anos de troika - apesar de tudo, e estranhamente, ganhou as eleições com quase 40% dos votos - 2.074.975, 38,4% - e que tinha conquistado apenas 107 dos 116 mandatos que lhe garantiriam a maioria absoluta. Nesse contexto os partidos que somaram 50,5% dos votos e 2.744.557 votos - aproveitaram o facto de terem juntos 122 mandatos, maioria absoluta garantida, para celebrarem, um acordo que colocou apenas o PS no governo mas que lhe garantiu em São Bento uma almofada parlamentar que apesar de ter incomodado - será mesmo que incomodou ou foi tudo palhaçada? - PCP e Bloco, garantiu o cumprimento da Legislatura sem grandes problemas. Aliás, depois das autárquicas de 2017 e das europeias de 2019, a dúvida para o 6 de Outubro é saber até que ponto o PS voltará a "esmagar" os seus parceiros, particularmente o PCP que só demasiado tarde percebeu (?) que morreu com os seus próprios tiros-nos-pés, algo que o Bloco também só mais tarde, já nesta campanha eleitoral para as legislativas, percebeu que lhe poderia suceder. Ou se não se trata de "esmagamento" eleitoral trata-se de dissipar dúvidas e saber quem recolhe as mais-valias da geringonça.
Salvaguardando as dificuldades - porque nas autárquicas houve coligações e listas que não se candidataram a todos os órgãos autárquicos no país - vejamos o seguinte:
Legislativas de 2015
Abstenção - 44,1%
PS - 1.747.685, 32,3% (1.568.168 votos, 28,1% em 2011)
Bloco - 550.892, 10,2% (288.973 e 5,2%)
PCP - 445.980, 8,3% (441.852 votos e 7,9% em 2011)
Autárquicas de 2017
Abstenção - 45,0%
PS - 1.956.618, 37,8% (1.812.029 votos e 36,3% em 2013)
Bloco - 170.039, 3,3% (120.982, 2,4%)
PCP - 489.089, 9,5% (552.690 votos, 11,1% em 2013)
Europeias de 2019
Abstenção - 69,3%
PS - 1.106.345, 33,4% (1.033.158  votos, 31,5% em 2014)
Bloco - 325.534, 9,8% (149.628, 4,6%)
PCP - 228.157, 6,9% (416.446 votos, 12,7% em 2014)
Regionais de 2019 (Madeira)
Abstenção - 44,9% (50,3% em 2015)
PS - 51.207 votos, 35,8% (14.575 votos, 11,4% em 2015, coligado com PTP, PAN e MPT)
Bloco - 2.489 votos, 1,7% (4.850, 3,8%)
PCP - 2.577 votos, 1,8% (7.060, 5,5% em 2015)

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