sábado, maio 02, 2020

10% cortaram salários, 31% congelaram, 16% suspenderam promoções. Como as empresas reagiram à pandemia

Empresas em Portugal já estão a congelar salários e suspender planos de progressão dos trabalhadores. E entre março e abril, o número de organizações a avançar com este tipo de medidas aumento, conclui um estudo da multinacional de recrutamento Korn Ferry. A convicção é geral: a esmagadora maioria das empresas em Portugal (83%) antecipa uma quebra nos resultados de faturação em 2020, seja ela moderada ou acentuada. Para minimizar o impacto no negócio estas empresas estão a colocar em marcha um conjunto de medidas que para os trabalhadores fazem antecipar um cenário de estagnação salarial e cortes nos benefícios. 31% das empresas em Portugal já avançaram para o congelamento de salários. O retrato é traçado pela multinacional de recrutamento Korn Ferry, num estudo onde é analisado o impacto da pandemia covid-19 nos modelos de gestão das empresas. Entre Março e Abril, a proporção de organizações que avançaram para cortes salariais "cresceu de 2% para 10%", explica Miguel Albuquerque, diretor da consultora em território nacional. No mesmo período, a percentagem de empresas que congelaram aumentos mais do que duplicou, passando de 14% apurados em março para 31%, em abril.
Os resultados do estudo dão ainda conta de que 10% das empresas ajustaram os aumentos inicialmente previstos à nova realidade, revendo-os em baixa, 16% suspenderam já promoções e 19% das empresas ponderam ainda fazê-lo e que 3% reduziram também já outros benefícios em vigor na empresa. Números que, admite, deverão continuar a aumentar nos próximos meses.

Os incentivos de longo prazo são aqueles que, até ao momento, têm sofrido menos alterações. Só 6% das empresas realizaram já ajustes nesta área. Mas numa análise global, considerando incentivos de curto e longo prazo, 21% das empresas admitem já terem revisto os planos. A percentagem de empresas que reviu as comissões sobre vendas também aumento entre março e abril. No mês passado 9% das organizações já tinham realizado ajustes nesta área.
LÍDERES SENTIRÃO MAIOR IMPACTO
Segundo a consultora, os cortes salariais serão mais sentidos pelos cargos de topo. As empresas estão começar a ajustar salários pelo topo da pirâmide, com o congelamento de salários a destacar-se entre as opções das empresas para os diferentes grupos funcionais, com exceção dos executivos onde se destaca a opção de redução de salário. Em abril, 73% dos executivos inquiridos no estudo já tinham sofrido um corte salarial. Nos demais grupos funcionais - diretores, quadros intermédios, funções administrativas, manufactura, operações ou funções de apoio - a opção passa pelo congelamento de salários.
Apesar destas opções, as empresas têm vindo a criar estruturas de apoio para os trabalhadores. 22% das empresas estão a assegurar a retribuição a 100% aos trabalhadores que estão impedidos de trabalhar, 13% estão a fornecer subsídios para apoiar os custos de wifi e outros dos trabalhadores em teletrabalho ou a fornecer programas de apoio (35%) que variam consoante as necessidades dos trabalhadores. 17% das empresas lançaram também programas de apoio financeiro para ajudar os funcionários a aliviar o impacto de dívidas que possam ter e 18% ponderam vir fazê-lo. No que respeita aos processos de recrutamento, a tendência é clara: 70% das organizações adiaram os processos de recrutamento, 14% diminuíram o recurso a serviços de outsorcing e 6% já realizaram uma reestrutação da sua força de trabalho (Expresso, texto da jornalista Catia Mateus)

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