Três milhões de pessoas, segundo a ONU, já
deixaram a Venezuela por culpa da crise e Andrea Fonseca vai juntar-se a eles.
Esta jovem decidiu deixar o trabalho de empregada de mesa e emigrar para a
Argentina. A gota que fez transbordar o copo foi quando se viu obrigada a pedir
dinheiro emprestado para comprar medicamentos para a mãe: "Estou muito
triste. Não é fácil ir para um país para onde não queremos ir. Deixar a
família, a mãe, os amigos, o namorado. Não é fácil", conta a jovem. A
migração faz com que, em certos setores, haja uma escassez de mão-de-obra. É o
que acontece, por exemplo, com a educação. Um quinto dos professores deixou o
país e os que ficaram são obrigados a trabalhar em vários sítios ao mesmo
tempo. José Javier Salas é diretor da Escola de Educação da Universidade
Católica Andrés Bello e explica: "Há professores que trabalham em três ou
quatro sítios, sempre a correr e a saltar de uns para os outros, com um horário
que não lhes deixa tempo suficiente para ouvir os alunos, que estão ali e
querem ser ouvidos com tempo, com dedicação, com carinho, com esforço".
Nelly Pompa, agora, só fala com o filho por videochamada, Miguel foi para a
Argentina há três anos. As remessas mandadas por emigrantes como ele são o
sustento de milhões de famílias. A saudade é o preço a pagar: "Quando
havia encontros de família, era sempre ele o mais alegre, porque é o mais novo.
Sinto muito a falta dele. Quando falo disso, começo a chorar. É muito doloroso",
conta-nos. Nicolás Maduro já disse que os migrantes fazem parte da campanha
para impor uma crise humanitária que justifique uma intervenção estrangeira.
"A Colômbia é o principal país de acolhimento para os emigrantes da
Venezuela. Há cerca de um milhão a viver no país vizinho. O Equador, o Peru, o
Chile, o Brasil e a Argentina receberam dezenas de milhares de Venezuelanos.
Muitos atravessaram o Atlântico. A Espanha é o país europeu que acolhe mais
venezuelanos, mais de 270 mil", explica Héctor Estepa, enviado especial da
Euronews à Venezuela.
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