Sempre que são publicadas sondagens - e
recuso alinhar com a hipocrisia idiota de quem desvaloriza as sondagens quando
lhes são desfavoráveis ou quem não mantém os pés bem assentes no chão quando se
tratam de sondagens favoráveis ou que abrem boas expectativas – o PS-Madeira enche os
peitos e começa a sonhar com um paraíso cor-de-rosa.
Vamos a factos.
Será que o PS-Madeira acredita – mesmo que convoque
a sua máquina de propaganda comunicacional contratada para o efeito em 2013
para vender essa ideia - que vai vencer as eleições regionais por causa de Cafofo,
sem ideias, sem propostas, sem discussão com as pessoas, apostado apenas no sorriso
pepsodente? Só porque as sondagens indiciam o que
indiciam?
O PS-Madeira sabe por acaso qual foi a
eleição regional e europeia – ao contrário de autárquicas em vários concelhos da
RAM e muito antes do aparecimento de Cafofo em 2013 - que ganhou sozinho? Ou o
PS tenta esconder quem sozinho, nunca ganhou coisa nenhuma? Afinal quem ganhou
em 2013 e 2017 no Funchal?
O PS-Madeira sabe, ou já esqueceu, que não
ganha eleição nenhuma com os seus votos, ou Paulo Cafofo e graças a coligações
pré-eleitorais que negociou previamente com vários partidos? E sabe ou não o PS-Madeira
que nenhuma dessas coligações se concretizará nas regionais, antes da
realização do acto eleitoral, o que significa que Paulo Cafofo e o PS vão ter
que mostrar sozinhos o que valem eleitoralmente?
Aliás vai ser interessante acompanhar essa
disputa entre Paulo Cafofo e os seus próprios parceiros da coligação na CMF -
de onde é tempo de Cafofo começar a pensar em sair para não sair politicamente chamuscado.
Basicamente Cafofo sabe que devido à realidade eleitoral que o PS-Madeira
desesperadamente esconde, a sua candidatura precisa dos votos de partidos da
esquerda, seus parceiros ou não, na coligação funchalense, e de votos da
abstenção. Cafofo sabe que caso Bloco, PCP, JPP e mesmo CDS mantenham os seus
eleitores e, portanto, consigam manter a representação parlamentar em que
apostam (o estatuto de grupo parlamentar e não de deputado único), os seus
propósitos eleitorais desfazem-se ou ficam muito complicados. Ao invés disso,
se Cafofo apelar aos eleitores dos seus parceiros na CMF para que votem útil
nele e no PS, isso vai criar um problema complicado no relacionamento com os
outros partidos, com consequências que só o tempo o dirá. A LPM que pense
nisso, que faça estudos, que faça projeções e que comece a pensar a sério no que
realmente é importante.
Vamos ver se as pessoas percebem o que
quero dizer:
- Nas regionais de 2004, com 137.693 votantes, o PS somou 37.898 votos (27,9%) contra 4.897 do Bloco, 7.593 do PCP e 9.675 votos do CDS (73.904 do PSD). Em 2007, eleições antecipadas e marcadas pela polémica com a lei de finanças regionais e o governo de Sócrates e Teixeira dos Santos, o PS aguentou-se nos 21.699 votos mas sofreu uma das maiores derrotas de sempre. O CDS teve 7.512 votos contra 4.186 do Bloco, 7.659 do PCP que conseguiu um excelente resultado, 3.173 do MPT e 2.928 votos do PND (90.339 votos do PSD). Votaram 140.721 pessoas.
- Quatro anos depois, em 2011, com 147.344 votantes, o PS somou 16.945 votos contra 2.512 do Bloco, 5.546 do PCP, 25.974 do CDS que foi a maior surpresa eleitoral nos últimos anos (71.556 votos do PSD), 2.839 do MPT, 4.825 do PND, 3.135 do PAN e 10.112 do PTP, outra surpresa eleitoral.
- Já em 2015, eleições de novo antecipadas, com 127.545 votantes, o PS teve 14.574 votos, coligado com PTP, PAN e MPT contra 17.489 do CDS, 13.114 da JPP, 4.850 do Bloco, 7.060 do PCP, 2.635 do PND, entretanto extinto, e mais cerca de 6 mil votos divididos por PCTP, MAS, PNR e PPM-PDA.
- Se considerarmos as autárquicas,verifica-se que em 2009 o PS somou 24.5123 votos contra 71.188 do PSD, 11.588 do CDS, 6.369 do PCP, 5.638 do PND, 4.856 do PTP e 3.596 votos do Bloco. Votaram 139.010 eleitores.
- Já em 2013 o PS coligado com Bloco, PTP, PAN, MPT, PND somou 21.102 no Funchal contra 47.207 do PSD, 17.679 do CDS, 11.636 do PS (sozinho), 7.243 fo PCP, 2.198 do MPT, 1.657 do PAN, 941 do PTP, 516 do Bloco (sozinho) e 2.157 da coligação PS-PTP-PND-Bloco em Câmara de Lobos. Votaram 135.622 eleitores.
- Finalmente nas autárquicas de 2017, com 138.428 votantes, o PS somou 23.577 votos no Funchal coligado com Bloco, JPP, PDR e NC, a que se juntaram 16.714 do PS (sozinho), 14.080 da JPP, 12.493 do CDS, 3.325 do PCP, 2.392 do PTP, 2.258 do MPT em coligação, 986 do Bloco (sozinho), 882 do MPT (sozinho) e 436 do PDR (sozinho) e 7.627 votos de listas de cidadãos. O PSD somou 46.536 votos.
Por acaso o PS-Madeira acredita mesmo que o
PSD-Madeira não se vai mobilizar, não vai jogar os seus trunfos todos, não vai
recuperar a confiança das pessoas, candidatar pessoas credíveis e respeitadas e
apresentar as melhores propostas para 4 anos de mandato? Duvido que acredite
nisso.
O PS-Madeira acredita que o PSD-Madeira vai
para as eleições regionais deste ano dividido como estava em 2015, na ressaca
das directas de 2014 que causaram fortes convulsões internas, dividiram muito
as pessoas, entretanto reunidas de novo em torno de projectos e de um objectivo
eleitoral? O PS-Madeira acha que o chamado "jardinismo" alegadamente
existente no seio do PSD-Madeira - só por isso lhe causa um pesadelo eleitoral
- estará em 2019 tão distante e desmobilizado como esteve em 2015, devido ao
ambiente criado quando AJJ perdeu indirectamente as directas (por via do
candidato que apoiou e que foi derrotado)? O PS-Madeira, que sabe que muita
água vai correr ainda debaixo das pontes... – vai insistir em vender a teoria patética da agência de
comunicação com a qual trabalha (LPM) que o autarca do Funchal é uma espécie de
salvação do PS local ou um ridículo portador das chaves do “paraíso” milagroso
da geringonça que nada resolveu até hoje, em tudo o que diz respeito à Madeira?
O PS local acha que os eleitores são estúpidos e não percebem o que se passa?
O PS acha que os madeirenses serão hipócritas
ao ponto de serem enganados com a teoria idiota do PS-M (e de Cafofo?) de que a
governação da geringonça é uma mais-valia para a RAM?
O PS julga que os eleitores não percebem
que não é por acaso que a geringonça manteve o esquema fiscal do Passos e do Portas
- e que a geringonça tanto atacou e criticou - por razões que têm a ver com o mamanço
garantido junto da classe média e com o facto desse modelo fiscal, com ajustes ligeiros para enganar as pessoas (os escalões continuam os mesmos) propiciar ao
Centeno o “brilharete” na gestão da dívida do país, tudo à custa de mais impostos
e de cativações que deixaram a educação e a saúde à beira do caos, senão mesmo
no caos (LFM)
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