A queda abrupta da
venda de jornais prenuncia mudanças profundas nas sociedades mais evoluídas e
na qualidade das suas democracias. Foquemo-nos em Portugal. Enquanto os grupos
produtores de notícias não lograrem substituir as receitas obtidas pelas vendas
dos jornais, as equipas de jornalistas profissionais, que dão corpo aos
principais projetos de comunicação social, têm a sua existência em risco. Sob o
espectro da extinção, as linhas editoriais ficam vulneráveis às pressões dos
poderes financeiro e político. As redações encolhem, perdem massa crítica,
dispensam a memória essencial ao jornalismo de qualidade. É urgente encontrar
criatividade e coragem para incentivar a manutenção das bancas de venda de
jornais, enquanto a legislação, a justiça e o mercado se adaptam às novas
realidades digitais. Sem jornalismo, ninguém conseguirá destrinçar as notícias
dos boatos. Clima perfeito para populistas e ditadores (texto do jornalista doCorreio da Manhã, Octávio Ribeiro)
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