sábado, setembro 17, 2016

Opinião: subsídio de mobilidade e a ladrada do costume

Parece que o processo de revisão do chamado subsídio de mobilidade, está aberto - ou deveria ter sido aberto, mas não foi ainda - para que algumas questões menos apropriadas sejam resolvidas. Só assim se pode caminhar para um modelo que vá cada vez mais ao encontro das pessoas.
Mas há uma coisa que não entendo. Nos últimos tempos, semanas talvez, a oposição regional e o próprio Governo Regional, têm falado até à exaustão no chamado subsídio de mobilidade, numa lógica de confronto ideológico, político-partidário, e não com base numa lógica de discussão séria e resolução dos problemas que eles dizem existir.
Depois é triste a correria demagógica entre partidos, para ver quem fala primeiro, quem diz o quê primeiro que o outro - para depois reclamar benefícios eleitorais que não terá - quem mais conferências de imprensa suscita, quem mais fala no assunto, como se os madeirenses fossem burros e não percebessem o que é que os partidos querem. Há dias um anormal qualquer perorou sobre o assunto revelando uma impreparação confrangedora e um desconhecimento total do tema. Meteram-lhe um papel debaixo dos queixos para ler e ele fê-lo com a berraria do costume, mas completamente vazio. Banalidades que outros antes dele já tinham dito. E o próprio Governo Regional deixa-se arrastar para este ambiente. Não se ganha a batalha de comunicação política nem a credibilidade indo acelerados atrás do que os outros dizem, banalizando-nos. Deixá-los ladrar! Eles é que precisam de correr atrás do prejuízo e, enquanto oposição, precisam é de resolver os problemas com o PS que os tenta abafar e reduzir a uma certa insignificância.


O que me surpreende é que ninguém percebeu bem o que é que cada um dos partidos quer, em concreto, que propostas plausíveis colocam em cima da mesa, como as fundamentam, que suporte financeiro existe (caso seja necessário), etc.
O que os cidadãos sabem é que existe uma "guerra" entre partidos da oposição, obrigados cada vez mais a posicionar-se em função e a reboque das notícias, à medida em que elas são suscitadas e desenvolvidas nos média, tudpo isto devido a uma incapacidade partidária de tomada da iniciativa própria.
Repito, o modelo vigente, tem muitos erros. Tem, diria imprecisões rectificáveis em vez de erros. Mas é melhor, de longe, para quem viaja, do que o anterior, já que antes, apesar da existência de tarifas a preços inferiores durante alguns meses, a verdade é que o passageiro apenas recebia 60 euros de devolução por percurso.
Sei que o governo de Passos e do CDS de Portas (já retirado para outros negócios mais chorudos) tinha encomendado às Finanças um estudo sobre o assunto, no qual esse valor de 30 euros baixaria para valores inferiores,  da ordem dos 24 a 23 euros por percurso.
Quanto a terifas empoladas e dificuldades de obtenção de lugfares em detereminadas épocas do ano de "ponta" já com o modelo anterior isso se vertificava. Os estudantes universitários  e muitos passageiros em geral tinham que comrar viagens com meses de antecedência ficando na altura com o dinheiro empatado e sem receberem ao menos a devolução dos 60 euros, até que viajassem.
Ressalvado o aspecto positivo deste modelo, há contudo questões que devem ser postas em cima da mesa, na medida em que falamos de ligações entre o continente e as ilhas e não de ligações no quadro da ponte aérea, entre Lisboa e Porto. A confusão, para Lisboa, continua a ser esta.
O limite dos 400 euros é um erro porque as companhias obviamente que sobem os preços dos bilhetes para valores próximos desse tecto. E nem sei mesmo se existerá algum acordo entre a TAP e a Easyjet para determinados procedimentos.
A diferenciaçºão entre pagamento com cartão multibanco e cartão de crédito é patética, absurda, idiota e discricionária, constituindo até um insulto à inteligência dos cidadãos. O problema do cartão de crédito é algo que diz respeito a cada utente e não ao governo ou a um secretário qualquer que resolve perorar sobre o tema imiscuindo-se em assuntos que não lhe competem. Acabar com esta palhaçada da diferenciação do pagamento é essencial.
Finalmente a questão das tarifas. Continuo a pensar que excluindo as tarifas de topo, mais caras, todas as restantes tarifas deveriam ser abrangidas pelo subsídio de mobilidade. O problema está na anulação - ou na procura de um outro modelo que trave a ganância das companhias - do tal tecto de 400 euros, ou sua redução.
Quem é que acredita que estabelecido um limite máximo de venda de qualquer coisa o vendedor não vai obviamente praticar preços muito próximos desse valor máximo? Tanto mais quando, de uma forma ou de outra recebe a totalidade do valor do percurso (parte paga pelo passageiros, 86 euros, e o restante pago pelo estado no quadro do subsídio de mobilidade). 
Admito e temo que se não existir um tecto máximo os mamões das companhias comecem a praticar preços ainda maiores, esgotando rapidamente, diria em escassos meses, o fundo financeiro que existe para garantia do pagamento do subsídio de mobilidade.
O essencial de tudo isto, a principal medida, prende-se com a necessidade do Funchal forçar o governo de Lisboa para uma iniciativa (da responsabilidade do Ministério das Finanças, dado que o subsídio de mobilidade passa por este departamento) que me parece decisiva, a da aplicação de um sistema informático eficaz que registe todas as viagens compradas nas ilhas e que permita que os madeirenses e açorianos, depois de efectuada a reserva da viagem e solicitado o pagamento, sejam apenas obrigados a pagar os 86 euros (no caso dos madeirenses)  pelo percurso completo, deixando para o estado e as companhias aéreas a abordagem das outras questões relacionadas com reembolsos ou com a fiscalização sobre a especulação comercial que em determinadas épocas do ano é vergonhosa na linha Madeira-Continente.
Finalmente uma dúvida que me tem intrigado: porque razão (e nem falo no dossier Everjets, condenado ao fracasso mesmo antes de ter começado, por incapacidade e inexperiência, e não quero desenvolver o tema), e exigem-se explicações plausíveis, a Ryanair não consegue operar na Madeira. Não quer ou não querem? Pelos vistos parece que a Ryanair já opera nos Açores, com eficácia e uma estratégia comercial que tem contribuído para o turismo nos Açores.
Fiz uma simulação depois de ter escrito teste texto.
- TAP: viagem  Funchal-Lisboa-Funchal, 19 a 26 de Setembro - valores entre 241,39 e os 286,39 euros, tarifa "economy" (F-L) e valores entre os 131,92 e os 152,92 euros em "economy" (L-F) num total de 393,31 euros. Com a particularidade de serem os "últimos lugares".
Fiz outra simulação para uma viagem entre 29 de Novembro e 5 de Dezembro, Funchal-Lisboa-Funchal, e os valores são altamente convidativos. Obviamente se comprados já (ver imagens) (LFM)

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