Eu
não sei o que é que anima Passos para estar presente no lançamento de
um polémico livro que ainda por cima, dizem, coloca em causa a classe
política. Como se Passos não fosse sempre um funcionário medíocre da
política, que arranjou tachos à conta da política (Ângelo Correia
deu-lhe o tacho porque razão? Esperou que o Passos terminasse a
licenciatura aos 40 anos, e sabe-se lá como, para contratar um "einstein
das contas"?) e que chegou ao poder quando determinada máfia do
dinheiro e da política entendeu que era preciso tomar o poder de assalto
por via do PSD, ele próprio tomado de assalto e hoje ainda refém de uma
corja de bandalhos e malandros.
Mas também não sou dado a perder
tempo com escroques nem a discutir questões de ética, de valores e de
moral quando estamos perante políticos de merda.
Segundo
li e ouvi, este livro do Saraiva trata-se de uma aberração. Mas a
presença idiota de um idiota na apresentação de um livro idiota parido
por um idiota não deixa de constituir a confirmação do bandalho e do
escroque que nos governou e que se arrasta penosamente pelo país
preocupado com os capitalistas, com o dinheiro dos mais ricos, com o
acesso às contas bancárias daqueles que declararam ao IRS rendimentos
anuais de 30 mil euros e têm no banco milhões, sem que se saiba como,
etc. Ontem li no DN-Lisboa:
"O apoio do presidente do PSD ao
polémico livro transformou-se num caso político, com o PS e até
centristas a criticar. Pedro Passos Coelho não vai voltar com a sua
palavra atrás e vai mesmo apresentar o livro de José António Saraiva, o
ex-diretor do Expresso e do Sol, que fala sobre a vida íntima de
políticos, jornalistas e outras figuras públicas. "O arquiteto José
António Saraiva convidou-me para me associar ao livro que ia fazer e
respondi que sim, mesmo antes de conhecer a obra e aceitei fazê-lo. Não
sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito.
Estarei a fazer a apresentação dessa obra", afirmou aos jornalistas
durante uma visita a Proença-a-Nova, na aldeia de xisto de Figueira. O
apoio de Passos Coelho a Saraiva, cujo livro tem provocado reações
críticas de diversos setores, suscitou este sábado também alguns
comentários, igualmente reprovadores, de políticos do PS e do próprio
CDS, ex-parceiro de coligação do PSD. Com alguma ironia, o presidente do
PS, Carlos César, trouxe o caso ao palco na rentrée do partido: "Bem
sei, também, que esta realização [do PS] não tem a notoriedade da
apresentação de um livro sobre mexericos da vida sexual de políticos
(esse sim afanosamente apadrinhado pelo líder do PSD), mas sim estudar
soluções para diminuir as desigualdades, o que pode não ser tão
excitante", disse".
Como convenceu Saraiva o bandalho do Passos?
Perante os factos, pergunto: o que é que liga
afinal este patético Passos a este livro? Como é que o Saraiva
arquitecto que nunca exerceu porque esteve sempre ligado ao jornalismo
(Expresso e Sol) - e que claramente me parece ter algum problema
pessoal grave ao editar semelhante nojentice que entra pela vida privada
das pessoas - convenceu o idiota Passos a estar presente num acto que
todos parecem condenar?
Será que Saraiva tinha histórias estranhas
sobre Passos e não as divulgou em troca de alguma coisa, por exemplo
esta presença? Um partido sério questionava este líder de merda e exigia
explicações. Mas um partido de merda como está transformado este PSD
refém de uma corja de bandalhos mafiosos e maçons, não faz isso, tolera estas nojentices, é cúmplice deste bandalho, perdeu o norte,deixou de ter dignidade, valores e princípios, ofende todos os dias Sá Carneiro,o seu legado e a sua memória.
Se eu fosse
político visado pelo livro garanto que ia ao acto de apresentação e
atirava-me ao focinho quer do Saraiva, quer do Passos, levavam ambos um
arraial de porrada à paulada que durante meses nem conseguiam mijar.
O
nojo de tudo isto é que o anormal Saraiva - dizem que tem um problema
psiquíco - usa personalidades que já morreram, e portanto não se podem
defender nem responder e, mais grave do que isso, usa supostos
desabafos de Miguel Portas sobre o seu irmão Paulo Portas, quando todos
os que os conheciam dizem a pés juntos que é uma enorme mentira. E o
bandalho do Passos vai a isto. Diz este bandalho:
"Questionado sobre
esta declaração, Passos afirmou que "o mais importante é que tudo o que
se passa no plano editorial e jornalístico se faça dentro de certos
limites, mas respeitando a liberdade das pessoas e aquilo que são as
suas opiniões e visão". O ex-primeiro-ministro disse que não vai
defender o livro nem as suas perspetivas" mas espera que "o que quer que
as pessoas venham a achar do livro, qualquer que seja a polémica que
ele venha a ter, que não seja transformada numa questão de natureza
partidária".
Dou razão a Fernanda Câncio no texto que escreveu no DN-Lisboa:
"Entendamo-nos:
há muita gente que está a afetar muito escândalo e choque com o crime
de Saraiva e da Gradiva mas vai salivar a ler. É da natureza humana,
como quando há desastres e gente atropelada por comboios e se formam
filas de curiosos; é como as encostas repletas de mirones à espera dos
afogados depois da queda da ponte de Entre-os-Rios. Desde que sejam de
outros a dor, os mortos e as vísceras até dá para tirar fotos e
partilhar no Facebook. É com isso que Saraiva e a Gradiva - a Gradiva,
editora que acreditava séria, tendo feito nome a publicar ensaios e
livros técnicos - contam: com o impulso voyeurista e necrófilo. E,
claro, com a ideia de que "os políticos" e "as figuras públicas" têm de
se submeter a todas as devassas. Com a ideia de que "merecem", "se
puseram a jeito"; com a ideia "que mal tem?" ou "já toda a gente sabia."
As
pessoas foram-se habituando a pensar assim: é isso a cultura tabloide, a
cultura do boato e da insinuação, das revistas ditas "cor-de-rosa", a
cultura que faz crer que toda a gente tem "o direito" de saber da vida
privada e íntima dos "poderosos", comentá-la, ter opinião sobre ela,
numa espécie de vingança, de compensação, de ajuste de contas. O terreno
estava preparado. Tão preparado que um ex primeiro-ministro aceitou - e
reiterou a aceitação, mesmo depois de confrontado pelo DN com algumas
das passagens mais repelentes - apresentar o crime. Dar a cara por ele.
Ser cúmplice, coadjuvante, membro da quadrilha. Como combater isto? Como
reagir? O mais terrível é que para denunciar o crime é preciso dizer,
nem que seja de raspão, porque é que é crime. O que lá está. Porque é
que é nojo, pestilência, asco. E isso penaliza aqueles - ou a sua
memória, no caso dos mortos, e portanto os seus próximos sobrevivos - de
cuja vida íntima se fala, cujas alegadas confidências se revelam. Até
ao proceder nos tribunais contra este atentado será preciso invocar o
que sobre si ou sobre o familiar morto se diz - estão a ver a
perversidade? É que é esta a natureza deste crime: não há forma de
combatê-lo que não passe por difundi-lo, por repeti-lo, e assim
reiterá-lo e permitir-lhe o triunfo. Como se quem denuncia o roubo da
sua casa fosse obrigado a abri-la a toda a gente e a dessa forma
permitir que lhe tirem o que os primeiros ladrões não levaram. Como se
alguém que foi violado fosse forçado, para fazer queixa, a novas e
sucessivas violações. Todos os que até agora denunciaram, com as
melhores da intenções e imbuídos da mais justa indignação, o crime de
Saraiva e da Gradiva tiveram de dar elementos para que quem lê possa ter
uma ideia da gravidade do crime. Para convencer, sensibilizar, alertar.
Posso escrever este texto sem detalhes nem exemplos porque houve quem o
fizesse. Mas sei que, mesmo sem eles, poderá ainda assim ser
publicidade. Serve para quê, então, escrever isto? Não era melhor o
silêncio? Não era melhor a indiferença? A dúvida é legítima. Só posso
dizer o que me leva a escrever: quero estar do lado certo da batalha.
Quero frisar, anunciar, bradar que isto que Saraiva e a sua editora
fizeram é crime. E que é, apesar de tanto do género já ter sido
publicado, o passar de uma fronteira. Nunca antes, à exceção de um
episódio com imagens vídeo de sexo dadas à estampa numa revista de
número único, há uns 30 anos, se foi tão longe na deliberação da devassa
gratuita da intimidade, sem qualquer outro objetivo que não o de
devassar, ferir e lucrar com isso. Escrevo para dizer isto: não se
enganem, ou estão contra eles ou estão com eles. Esta é uma daquelas
situações em que há mal e bem, claramente definidos, e é preciso
escolher. Cada livro comprado é uma vitória do mal; como cada história
partilhada, cada sorrizinho com as 'revelações', cada piadola sobre o
que ali vem. Tentem imaginar que é com vocês; que é a vossa mãe cujas
alegadas revelações íntimas ali foram vertidas, que foram inconfidências
de um amigo, de um irmão, que ali foram parar. Há naquele livro
revelações sórdidas sobre pessoas que desprezo, que desconsidero, que
acho até execráveis. Mas nisto, aqui, quero estar, estou, do lado delas.
Neste combate, estarei sempre do lado de quem é exposto na sua
intimidade, enxovalhado, de quem vê palavras suas em alegadas conversas
privadas reproduzidas para lucro - não esquecer, estes calhordas querem
ganhar dinheiro -, de quem é ferido pela venalidade amoral das
'revelações'. Esta publicação pôs-nos no limiar de uma nova era. É
connosco se damos o passo em frente ou defendemos, até ao último, a
muralha. Para que as trevas não vençam"
Corja de bandalhos! (LFM)
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