terça-feira, fevereiro 03, 2015

Regionais Madeira-2015: JPP na corrida vai criar problemas a quem?

Comecemos os recordar alguns resultados eleitorais em Santa Cruz, porque é deste concelho em concreto que falamos:
Nas regionais de Maio de 2007, os resultados dos principais partidos em Santa Cruz, foram os seguintes:
Abstenção: 35,8%
PSD - 12.068, 61,8%
CDS - 1.024, 5,2%
PS - 3.337, 17,1%
Bloco - 620, 3,2%
PND - 480, 2,5%
PCP - 1.033, 5,3%
PTP - Não existia ainda na Região
PAN - idem
MPT - 444, 2,3%
Brancos e Nulos: 519, 2,7%
Nas legislativas de 2009, para os deputados à Assembleia da República, os resultados dos principais partidos em Santa Cruz, foram os seguintes:
Abstenção: 40,4%
PSD - 8.763, 43,2%%
CDS - 2.454, 12,1%
PS - 4.007, 19,7%
Bloco - 1.623, 8%
PND - 933, 4,6%
PCP - 810, 4%
PTP - Não existia na RAM
PAN - Não existia na RAM
MPT - 441, 2,2%
Brancos e Nulos: 694, 3,4%
Nas eleições autárquicas de 2009, foram estes os resultados em Santa Cruz (para a Câmara Municipal):
Abstenção: 41,1%
PSD: 8.434 votos, 41,9%
Grupo de Cidadãos: 6.449, 32% (apoiado pelo CDS, Bloco de Esquerda, PND)
PS - 2.625, 13%
PCP: 1.014, 5%
MPT: 950 votos, 4,7%
Brancos e Nulos: 694, 3,4%
Nas legislativas de 2011, em Junho, para a eleição dos deputados à Assembleia da República, os resultados dos principais partidos em Santa Cruz, foram os seguintes:
Abstenção: 41,1%
PSD - 9.533 votos, 45,1%
CDS - 3.194, 15,1%
PS - 3.068, 14,5%
Bloco - 1.071, 5,1%
PND - 703, 3,3%
PCP - 685, 3,2%
PTP - 600, 2,8%
PAN - 494, 2,3%
MPT - 419, 2%
Brancos e Nulos: 776, 3,7%
Nas regionais de Outubro de 2011, os resultados dos principais partidos em Santa Cruz, foram os seguintes:
Abstenção: 38,1%
PSD - 9.875, 44,1%
CDS - 4.565, 20,4%
PS - 2.194, 9,8%
Bloco - 447, 2%
PND - 843, 3,8%
PCP - 727, 3,3%
PTP - 2.176, 9,7%
PAN - 585, 2,6%
MPT - 420, 1,9%
Brancos e Nulos: 567, 2,5%
Nas eleições autárquicas de 2013, foram estes os resultados em Santa Cruz (também para a Câmara Municipal):
Abstenção: 42,5%
PSD: 4.979 votos, 23,1%
JPP (II): 13.886 votos, 64,4% (apoiada pelo CDS, PS, PTP, Bloco de Esquerda, MPT e PND que depois se afastou)
PCP: 999, 4,6%
PAN: 806 votos, 3,7%
Brancos e Nulos: 884, 4,1%
Ou seja, o problema parece que muda de figura claramente. Desconfio que o movimento JPP seja capaz de obter, em eleições regionais, o mesmo consenso e apoio que logrou nas autárquicas de 2013, por sinal impondo ao PSD uma surpreendente "malha" eleitoral que faz com que este concelho deva ser colocado entre as prioridades politicas social-democratas nesta campanha eleitoral. Foram ali cometidos erros e proferidas declarações dispensáveis e desajustadas que irritaram o eleitorado, comprovadamente, e originaram uma reacção que nas urnas teve esta dimensão absolutamente inequívoca.
A questão, neste caso concreto, é que CDS, PS, Bloco, MPT, PTP e PND, que apoiaram nas autárquicas de 2013 o movimento JPP e apelaram ao voto neste, jogam nas regionais deste ano objectivos políticos e eleitorais diferentes e que porventura não se compadecem com a mudança da JPP de movimento para partido. Estamos a falar de um concelho (e de votos) que podem ser importantes, no caso de alguns partidos, para a sua sobrevivência e/ou para a amplitude da representação parlamentar a conquistar. Este é, não apenas o grande "mistério" colocado pela JPP em cima da mesa - se ponderou ou não previamente tudo isto ou se a decisão tomada foi de apenas um grupo restrito de pessoas sem vínculo partidário - mas um puzzle de difícil percepção, relativamente ao qual apenas os resultados finais de 29 de Março dirão alguma coisa de concreto.
Cruzando as regionais de 2011 com as autárquicas de 2013 significa isto que estamos a falar, no caso da JPP, de 10.645 votos que os apoiantes da JPP obtiveram nas regionais de 2011, o que corresponde a 76,7% dos votos que a JPP alcançou nas autárquicas de 2013. Se, apenas como mero exemplo e projecção, admitíssemos que a JPP tem como "seus" os restantes 3.241 votos, numa eleição bipolarizada entre um PSD que certamente vai recuperar das perdas de 2011, um CDS que freneticamente quer pelo menos manter o 2º lugar e com uma coligação liderada pelo PS que dificilmente logrará os seus objectivos mas que pode ser a 2ª força mais votada, aqueles 3.241 votos podem nem ser sequer suficientes para eleger um deputado ou, se o permitirem, será "pelas peles". Mas tudo isto vale o que vale, convida apenas à reflexão e não passa de uma análise especulativa, dado que tem por base resultados de eleições anteriores quando é sabido que cada eleição é uma eleição e que as conjunturas sociais, políticas e económicas nem sempre são as mesmas em cada eleição que ocorre.
Admito contudo que a JPP, se for capaz de manter pelo menos metade do seu eleitorado de 2013 - que admito não seja um eleitorado "natural" já que vários factores contribuíram para esse resultado - não só criará problemas nas "contabilidades" dos principais partidos, com destaque para a coligação liderada pelo PS e o CDS, como poderá garantir um grupo parlamentar na Assembleia regional (bastam dois deputados) que admito seja o objectivo alimentado pelos principais líderes da JPP.