Segundo o Observador, “supressão de
investigações jornalísticas em benefício de anunciantes, despedimentos
injustificados de jornalistas, trabalhar para o clique abordando temas
sensacionalistas e dar cabo da secção de cobertura de temas internacionais, são
apenas algumas das acusações que Peter Oborne, colunista, faz ao Telegraph (que
no seu portal online informação do Daily Telegraph e do Sunday Telegraph),
jornal para o qual trabalhou nos últimos cinco anos. Oborne acusa mesmo o
jornal de “fraude” para com os seus leitores. Peter Oborne era o principal
colunista político do jornal britânico Telegraph e depois de ter saído do
jornal em janeiro, acusa-o agora de ter impedido várias investigações ao banco
britânico HSBC – que esteve nas noticias durante a semana assada devido à
ocultação de conta na Suíça, no caso Swiss Leaks. Num artigo publicado no site
OpenDemocracy, o colunista diz que estas investigações nunca aconteceram porque
a administração do jornal temia que o HSBC retirasse a publicidade.
“A conta
do HSBC, segundo me foi dito por uma pessoa extremamente bem colocada na
administração do jornal era muito valiosa. Segundo um executivo me disse, o
HSBC ‘era um anunciante que não se podia ofender'”, escreveu Peter Oborne. Oborne
conta mesmo que a equipa de investigação do jornal recebeu informação sobre
contas do HSBC na ilha de Jersey mas que passados três meses e apenas com seis
artigos publicados, foram ordenados a destruir todo o material relacionado com
a investigação. O HSBC suspendeu a publicidade no jornal, voltando a anunciar
nesta publicação passados 12 meses. Depois deste episódio, o colunista diz que
o próprio administrador do Telegraph Media Group, Murdoch MacLennan, passou a
analisar todos os artigos ligados a este banco e qualquer referência ligada a
lavagem de dinheiro no HSBC foi “completamente banida”. Outra evidência desta
conivência com o banco, segundo Oborne, é a atual cobertura do escândalo
SwissLeaks. “Era preciso um microscópio para encontrar a cobertura do
Telegraph: nada na segunda-feira, seis parágrafos na terça-feira […] O
Telegraph só prestou atenção quando o escândalo começou a envolver
personalidades do Partido Trabalhista”, escreveu o antigo colaborador. O tema
no Reino Unido contagiou o debate político já que muitos dos contribuidores
para a campanha dos Conservadores tinham contas na Suíça, fugindo aos impostos
no Reino Unido. Oborne, que diz ter ficado entusiasmado ao ser convidado para
escrever neste jornal há cinco anos por ser um jornal conservador de
referência, refere ainda vários despedimentos, nomeadamente do editor Tony
Gallagher e de vários jornalistas que cobriam a situação internacional – o
colunista diz mesmo que esta secção do jornal foi “dizimada” – como exemplos de
queda de qualidade do jornal. No ano passado, com a chegada do novo editor
Jason Seiken – que se tornou também gestor de conteúdos – iniciou-se a cultura
do clique em que as “histórias pareciam já não importar, assim como a sua
precisão e interesse para o jornal”, dando como exemplo o relato de uma mulher
com três mamas. Segundo Oborne, um administrador admitiu que já sabia que a
notícia era falsa antes de ser publicada e diz ter a certeza que foi publicada para
criar tráfego para o site. “Eu não digo
que o tráfego online não é importante, mas a longo prazo, estes episódios
acabam por fazer um dano incalculável à reputação do jornal”, afirma Oborne. O
colunista diz ainda que questionou oficialmente o Telegraph sobre estas
questões, mas que a resposta oficial não coincidiu com a prática: “Nós queremos
dar aos nossos parceiros comerciais um variedade de soluções de publicidade,
mas a distinção entre publicidade e os nossos artigos que ganham prémios é
fundamental para o nosso negócio. Nós refutamos qualquer alegação em contrário.
A investigação sobre o SwissLeaks, levada a cabo por jornais como o Guardian e
outros meios de comunicação em todo o mundo, fizeram com que o HSBC suspendesse
a publicidade no jornal britânico”