quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Sócrates e o segredo de justiça

Concorde-se ou não com José Sócrates, enquanto político - em termos judiciais ninguém é culpado até que seja julgado, condenado e a sentença transite em julgado - é evidente que o ex-primeiro-ministro tem sido vítima de uma vergonha "caça às bruxas" assente numa fuga ao segredo de justiça que se transformou numa libertinagem indigna. Estou à vontade porque fui dos que provavelmente nos textos de opinião produzidos - e existem arquivos que podem ser consultados pelos mais indecisos - mais criticou Sócrates. Se por um lado reconheço a sua posição aquando dos temporais de Fevereiro e da Lei de Meios, por outro não esqueço tudo o que se passou com a Lei de Finanças Regionais. Mas nada disso importa agora, neste momento.
Tenho o dever de estabelecer a distinção entre as coisas, não confundindo a política ou as minhas opiniões políticas, com questões pessoais e que são do foro da dignidade de um cidadão, seja ele quem for.
Na política não tenho inimigos. tenho adversários, porque pensam de forma diferente da minha e militam em partidos diferentes do meu, pelo simples facto de terem feito opções diferentes da minha. Mas tudo isso tem que se desenvolver num quadro de respeito pessoal e de tolerância democrática.
O que se passa com Sócrates, no que à fuga do segredo de justiça diz respeito, é vergonhoso, já que não estou habilitado a comentar de forma sustentada e concreta, as decisões que a justiça tem tomado sobre este processo e este recluso em concreto, nesta fase processual e das investigações judiciais. Também não aceito, porque é difícil aceitar, qualquer cenário mais radicalizado de ajuste de contas corporativista com Sócrates como tem sido insinuado.Seria demasiado grave para ser verdade. Se assim fosse, mal andaria a nossa justiça. Eu acredito nela, apesar de tudo (fotos: imprensa nacional com a devida vénia)