“O CDS tem um só
líder. E uma só direção. Normal seria, então, que a direção e o líder surgissem
apenas representados numa única moção global de estratégia a apresentar ao
próximo congresso do partido (6 e 7 de julho, na Póvoa de Varzim). Mas não: multiplicaram-se
em três moções. Uma do presidente do partido, Paulo Portas, outra cujo primeiro
subscritor será o presidente do Conselho Nacional, António Pires de Lima (sobre
incentivos à economia), e outra dos eurodeputados Nuno Melo e Diogo Feio
(centrada evidentemente na questão europeia).
Para
lá do lado manobrista nesta gestão das moções - retirar espaço de discussão à
única moção da oposição interna, liderada por Filipe Anacoreta Correia -, temos
aqui a metáfora perfeita do que tem sido o comportamento do partido desde as
eleições de 2011, que o levaram de regresso ao poder, novamente (e como quase
sempre) de braço dado com o PSD. É que já se antecipa o sentido geral das
moções da direção. Na de Portas, teremos a moção estadista, focada apenas num
discurso pela positiva sobre a suprema obediência do CDS ao interesse nacional;
mas como um partido não vive só de estadismo, na moção de Pires de Lima os
alvos serão Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira; e na dos eurodeputados, a
mira estará apontada à troika e, em geral, à União Europeia.
Dito
de outra forma: o próximo congresso do CDS está a ser conduzido de forma a,
mais uma vez, permitir ao partido continuar com um pé dentro do Governo e o
outro fora. Permitindo, pelo meio, um piscarzinho de olhos ao PS, já a pensar
no pós-legislativas. Saber se esta postura será ou não sancionada nas eleições
é o que falta saber” (editorial do DN de Lisboa, com a devida venia)