quarta-feira, junho 19, 2013

Opinião: “O CDS de Portas, Deus e o Diabo”

O CDS tem um só líder. E uma só direção. Normal seria, então, que a direção e o líder surgissem apenas representados numa única moção global de estratégia a apresentar ao próximo congresso do partido (6 e 7 de julho, na Póvoa de Varzim). Mas não: multiplicaram-se em três moções. Uma do presidente do partido, Paulo Portas, outra cujo primeiro subscritor será o presidente do Conselho Nacional, António Pires de Lima (sobre incentivos à economia), e outra dos eurodeputados Nuno Melo e Diogo Feio (centrada evidentemente na questão europeia).
Para lá do lado manobrista nesta gestão das moções - retirar espaço de discussão à única moção da oposição interna, liderada por Filipe Anacoreta Correia -, temos aqui a metáfora perfeita do que tem sido o comportamento do partido desde as eleições de 2011, que o levaram de regresso ao poder, novamente (e como quase sempre) de braço dado com o PSD. É que já se antecipa o sentido geral das moções da direção. Na de Portas, teremos a moção estadista, focada apenas num discurso pela positiva sobre a suprema obediência do CDS ao interesse nacional; mas como um partido não vive só de estadismo, na moção de Pires de Lima os alvos serão Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira; e na dos eurodeputados, a mira estará apontada à troika e, em geral, à União Europeia.

Dito de outra forma: o próximo congresso do CDS está a ser conduzido de forma a, mais uma vez, permitir ao partido continuar com um pé dentro do Governo e o outro fora. Permitindo, pelo meio, um piscarzinho de olhos ao PS, já a pensar no pós-legislativas. Saber se esta postura será ou não sancionada nas eleições é o que falta saber” (editorial do DN de Lisboa, com a devida venia)