Segundo o Público, num texto do jornalista Sergio Aníbal, “o abrandamento brusco das exportações forçou o Banco de Portugal a rever outra vez as suas previsões para o PIB em 2013. O impacto no défice pode ser uma derrapagem de 0,4 pontos percentuais. Mais um relatório com previsões para a economia portuguesa e mais uma revisão em baixa das projecções de crescimento, com novos sinais de que o país pode estar em risco de entrar na espiral recessiva de que fala o Presidente da República. Desta vez foi o Banco de Portugal a apresentar novas projecções. Estima agora para o ano de 2013 uma variação negativa do PIB de 1,9%, um resultado pior do que os 1,6% com que tinha avançado no passado mês de Novembro. Desde que, há precisamente um ano, apresentou a sua primeira previsão para a evolução da economia em 2013, a entidade liderada por Carlos Costa já se viu forçada a rever a sua aposta três vezes. Começou com uma projecção de crescimento de 0,3%, que passou para zero em Março. Em Novembro, já previa uma recessão, de 1,6% (depois de conhecidas as medidas de austeridade do OE), e agora são 1,9%. Mas mais importante do que as revisões das suas próprias previsões é o facto de o Banco de Portugal estar agora a antecipar uma evolução da economia bastante mais negativa do que aquela que foi apresentada pelo Governo e pela troika e que serve de base ao Orçamento do Estado para 2013. A contracção de 1,9% compara com uma quebra de "apenas" 1% presente no OE. Uma diferença de quase um ponto percentual que pode ter vários impactos noutros indicadores, nomeadamente na própria estimativa do défice. De acordo com os cálculos apresentados pelo Governo no relatório do OE 2013, se a variação do PIB for inferior em um ponto percentual ao previsto, o défice público pode, caso não se introduzam novas medidas, ficar 0,4 pontos percentuais mais alto. Isto quer dizer que, se se vier a confirmar que a previsão agora apresentada pelo Banco de Portugal está certa (e não a do Governo no OE), o défice pode derrapar para um valor próximo dos 4,9%, em vez dos 4,5% que o Governo quer e a troika exige. Os efeitos são conhecidos: com menos crescimento, as receitas fiscais são menores, o desemprego cresce (o Banco de Portugal está a prever a perda de mais cerca de 90 mil empregos no decorrer deste ano), as despesas sociais ficam mais pressionadas e as contas públicas ressentem-se.
Efeito de espiral
O Governo já fez saber que está preparado, se a economia apresentar um desempenho mais fraco do que o previsto, para implementar medidas de contingência orçamental. Novos cortes nos rendimentos dos funcionários públicos (como horas extraordinárias ou mexidas na tabela salarial) são hipóteses em cima da mesa. Mas qual será o efeito então na economia dessas medidas? Nessa altura, o Banco de Portugal poderá ver-se forçado a ter de rever mais uma vez as suas projecções para a economia. É este o efeito de espiral (ou de círculo vicioso) que Cavaco Silva teme e para o qual alertou na sua mensagem de Ano Novo. Desta vez, contudo há um factor que é diferente do sucedido em 2012. A revisão feita pelo Banco de Portugal para 2013 é provocada por uma alteração bastante radical da conjuntura externa prevista. O banco previa um crescimento de 5% para as exportações e agora passou a apontar para apenas 2%. O consumo privado, que é o que mais sofre por via das medidas de austeridade não é revisto.
Retoma adiada?
A nova previsão de contracção do Banco de Portugal revela também que uma das metas mais vezes referida pelos membros do Governo está sob ameaça. Passos Coelho e Vítor Gaspar têm dito que o regresso ao crescimento está marcado para este ano. Quando dizem isto, não estão a afirmar que a variação do PIB na totalidade do ano vai ser positiva. Referem-se antes à possibilidade de, em algum trimestre de 2013, se verificar já uma taxa de crescimento homóloga positiva. De acordo com os dados publicados pela Comissão Europeia, o Governo e a troika estão a apostar num crescimento de 0,7% no quarto trimestre deste ano, depois de três trimestres negativos. Isto contudo, é num cenário de contracção para o total do ano de 1%. Com uma variação negativa de 1,9% em 2013, como prevê o banco de Portugal, o mais certo é que o regresso ao crescimento seja mesmo adiado para 2014. Para esse ano, o Banco de Portugal aponta para um crescimento do PIB de 1,3%, mas esta projecção é feita assumindo que não haja medidas adicionais de consolidação orçamental para 2014, para além do prolongamento das previstas no Orçamento do Estado para 2013, que levarão a uma diminuição do rendimento disponível e da procura interna. É por isso que o banco central diz que "a projecção para 2014 deve ser interpretada com particular prudência". É que tanto para 2013 como para 2014, estes números não têm em consideração eventuais medidas que se incluam no corte de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado prometido pelo Governo à troika”
Segundo o Público, “o abrandamento brusco das exportações forçou o Banco de Portugal a rever outra vez as suas previsões para o PIB em 2013. O impacto no défice pode ser uma derrapagem de 0,4 pontos percentuais. Mais um relatório com previsões para a economia portuguesa e mais uma revisão em baixa das projecções de crescimento, com novos sinais de que o país pode estar em risco de entrar na espiral recessiva de que fala o Presidente da República. Desta vez foi o Banco de Portugal a apresentar novas projecções. Estima agora para o ano de 2013 uma variação negativa do PIB de 1,9%, um resultado pior do que os 1,6% com que tinha avançado no passado mês de Novembro. Desde que, há precisamente um ano, apresentou a sua primeira previsão para a evolução da economia em 2013, a entidade liderada por Carlos Costa já se viu forçada a rever a sua aposta três vezes. Começou com uma projecção de crescimento de 0,3%, que passou para zero em Março. Em Novembro, já previa uma recessão, de 1,6% (depois de conhecidas as medidas de austeridade do OE), e agora são 1,9%. Mas mais importante do que as revisões das suas próprias previsões é o facto de o Banco de Portugal estar agora a antecipar uma evolução da economia bastante mais negativa do que aquela que foi apresentada pelo Governo e pela troika e que serve de base ao Orçamento do Estado para 2013. A contracção de 1,9% compara com uma quebra de "apenas" 1% presente no OE. Uma diferença de quase um ponto percentual que pode ter vários impactos noutros indicadores, nomeadamente na própria estimativa do défice. De acordo com os cálculos apresentados pelo Governo no relatório do OE 2013, se a variação do PIB for inferior em um ponto percentual ao previsto, o défice público pode, caso não se introduzam novas medidas, ficar 0,4 pontos percentuais mais alto. Isto quer dizer que, se se vier a confirmar que a previsão agora apresentada pelo Banco de Portugal está certa (e não a do Governo no OE), o défice pode derrapar para um valor próximo dos 4,9%, em vez dos 4,5% que o Governo quer e a troika exige. Os efeitos são conhecidos: com menos crescimento, as receitas fiscais são menores, o desemprego cresce (o Banco de Portugal está a prever a perda de mais cerca de 90 mil empregos no decorrer deste ano), as despesas sociais ficam mais pressionadas e as contas públicas ressentem-se.
Efeito de espiral
O Governo já fez saber que está preparado, se a economia apresentar um desempenho mais fraco do que o previsto, para implementar medidas de contingência orçamental. Novos cortes nos rendimentos dos funcionários públicos (como horas extraordinárias ou mexidas na tabela salarial) são hipóteses em cima da mesa. Mas qual será o efeito então na economia dessas medidas? Nessa altura, o Banco de Portugal poderá ver-se forçado a ter de rever mais uma vez as suas projecções para a economia. É este o efeito de espiral (ou de círculo vicioso) que Cavaco Silva teme e para o qual alertou na sua mensagem de Ano Novo. Desta vez, contudo há um factor que é diferente do sucedido em 2012. A revisão feita pelo Banco de Portugal para 2013 é provocada por uma alteração bastante radical da conjuntura externa prevista. O banco previa um crescimento de 5% para as exportações e agora passou a apontar para apenas 2%. O consumo privado, que é o que mais sofre por via das medidas de austeridade não é revisto.
Retoma adiada?
A nova previsão de contracção do Banco de Portugal revela também que uma das metas mais vezes referida pelos membros do Governo está sob ameaça. Passos Coelho e Vítor Gaspar têm dito que o regresso ao crescimento está marcado para este ano. Quando dizem isto, não estão a afirmar que a variação do PIB na totalidade do ano vai ser positiva. Referem-se antes à possibilidade de, em algum trimestre de 2013, se verificar já uma taxa de crescimento homóloga positiva. De acordo com os dados publicados pela Comissão Europeia, o Governo e a troika estão a apostar num crescimento de 0,7% no quarto trimestre deste ano, depois de três trimestres negativos. Isto contudo, é num cenário de contracção para o total do ano de 1%. Com uma variação negativa de 1,9% em 2013, como prevê o banco de Portugal, o mais certo é que o regresso ao crescimento seja mesmo adiado para 2014. Para esse ano, o Banco de Portugal aponta para um crescimento do PIB de 1,3%, mas esta projecção é feita assumindo que não haja medidas adicionais de consolidação orçamental para 2014, para além do prolongamento das previstas no Orçamento do Estado para 2013, que levarão a uma diminuição do rendimento disponível e da procura interna. É por isso que o banco central diz que "a projecção para 2014 deve ser interpretada com particular prudência". É que tanto para 2013 como para 2014, estes números não têm em consideração eventuais medidas que se incluam no corte de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado prometido pelo Governo à troika”