Os habituais erros da adivinhação precoce
Para se falar de resultados eleitorais, com antecedência, é preciso estar na posse de todos os indicadores e saber demonstrar de forma inequívoca o que se diz. Caso contrário, também podemos pensar que subjacente a certas análises há um sentimento pessoal que não pode confundir-se com o resto. Em primeiro lugar o PSD da Madeira não anda a fazer contas, porque não pode, não deve, nem tem indicadores seguros que lhe permitam extrapolar por antecipação seja o que for. Em segundo lugar a actual lei eleitoral foi apenas testada uma vez (2007) em eleições regionais realizadas num determinado contexto que não é o mesmo de 9 de Outubro. O PSD e os demais partidos têm a noção da tradição eleitoral freguesia a freguesia, definem as suas prioridades em função disso, e tudo o resto é relativo. Ninguém consegue adivinhar antecipadamente o que vai acontecer. Os outros partidos (e nem falo naqueles que lhes basta eleger um deputado porque fazem uma festa, quer por causa do mediatismo que conseguem quer sobretudo pelo dinheiro que, até ver (!), lhes será transferido ao abrigo do "jackpot"...) sim - aliás as sondagens que efectuam e escondem são disso sintoma mais do que evidente. Em segundo lugar as maiorias absolutas tanto dependem da votação do partido mais votado como estão condicionadas pelas votações dos partidos mais pequenos. O que é absurdo, para não ir mais longe, é que se avance para um texto que deturpado e deslocado da realidade, partindo do pressuposto errado e sectário de que apenas o PSD perde votos e que todos os outros manterão a sua votação ou a subirão. Este é o primeiro e triste erro de dedução e apreciação. O segundo erro, de omissão, tem a ver com a abstenção que varia de acto eleitoral para acto eleitoral e basta consultar os resultados para o perceber. Em terceiro lugar, terceiro erro, por esquecimento, é sabido que os partidos da oposição apostam essencialmente no Funchal e em Machico porque são estes dois concelhos que lhes propiciam maior número de votos. Salvo o PS, e o CDS aqui ou acolá, todos os demais, pouco ou nada conseguem fora daqueles dois círculos eleitorais. E mesmo assim é o Funchal que tem peso na decisão da representação parlamentar desses partidos. Quem foi que disse que um determinado partido, imaginemos esse cenário, retirando o Funchal e Santa Cruz desta "contabilidade de mercearia" (em cima do joelho) que agora faço, já não garante nos restantes concelhos, mantendo estabilizada a sua votação média, 18 a 20 lugares? Quarto erro, que pode ser o pior porque mexe com muita coisa: nas regionais de 2007 estavam inscritos 235.502 eleitores, votaram 140.721, tendo as abstenções ascendido a 94.781 eleitores (40,3%). Entretanto, nas legislativas de 2011 estavam inscritos 255.938 eleitores, ou sejas mais 230 mil eleitores que em 2007. Tinham-se esquecido disso? Finalmente deixo alguns quadros que ajudam a perceber o peso do Funchal (só) e também dos 4 principais concelhos - Funchal, Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico - no total da votação dos partidos tendo por base os resultados das regionais de 2007. Só me parece importante que nunca se fique sem saber, afinal, quem anda mais nervoso do que quem, com o quê e porquê.
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